segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

EFEMÉRIDEEm 3 de Janeiro de 1960, ocorreu a chamada “Fuga de Peniche”, episódio importante no contexto da oposição à ditadura salazarista.
Teve como protagonistas Álvaro Cunhal, Carlos Costa, Francisco Martins Rodrigues, Francisco Miguel, Guilherme da Costa Carvalho, Jaime Serra, Joaquim Gomes, José Carlos, Pedro Soares e Rogério de Carvalho
A operação, cuidadosamente planeada, foi organizada internamente por uma comissão integrada por Álvaro Cunhal, Jaime Serra e Joaquim Gomes e, no exterior, por Pires Jorge e Dias Lourenço, com a ajuda de Octávio Pato, Rui Perdigão e Rogério Paulo.
Na data aprazada, no final da tarde, um automóvel parou em frente ao forte, com o porta-bagagens aberto. Era o sinal combinado para que, no interior da prisão, se soubesse que, no exterior, estava tudo a postos para a fuga. O sinal foi transmitido pelo actor, já falecido, Rogério Paulo.
O carcereiro foi então neutralizado com o emprego de clorofórmio e, beneficiando da ajuda de um sentinela aliciado, os prisioneiros atravessaram, sem serem apercebidos pelos demais sentinelas, a parte mais exposta do percurso. Encontrando-se no piso superior, passaram ao piso inferior com o recurso a uma árvore. Correram para a muralha e desceram a mesma com o auxílio de uma “corda” que tinham feito com lençóis. Alcançaram assim o fosso exterior. Tiveram ainda que saltar um muro para chegar à vila, onde já se encontravam à espera os automóveis que os haviam de transportar para as casas clandestinas onde passariam a noite.
Cunhal passou a noite na casa de Pires Jorge, em São João do Estoril, onde ficou a viver clandestinamente durante algum tempo.
O êxito desta evasão, que se tornaria uma das mais conhecidas evasões das prisões fascistas e representou uma humilhante derrota para a PIDE, deveu-se, como o de outras fugas colectivas e individuais de militantes comunistas, à firme disposição de regressar à luta pela liberdade e pela democracia.
A fuga de Peniche representou igualmente uma grande vitória para o PCP que, ao recuperar um importante número de destacados dirigentes, criou melhores condições para dirigir e desenvolver a luta contra a ditadura fascista e as importantes lutas que tiveram lugar em 1961/1962.
Em Novembro de 1962, o destacado dirigente comunista já falecido, Octávio Pato, que do exterior do Forte ajudou a preparar a fuga e que fora entretanto preso, afirmava no seu julgamento: «Serei condenado por amar o meu povo e o meu país e por estar irmanado a todos os patriotas que anseiam libertar Portugal. Tenho, porém, a consciência de que a luta a que me devotei desde a minha juventude e que abrangeu a maior parte dos anos da minha vida não foi em vão».

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