EFEMÉRIDE
– Carlos Scliar, desenhador, gravador, pintor, ilustrador, cenógrafo e
designer gráfico brasileiro, nasceu em Santa Maria no dia 21 de Junho de 1920.
Morreu no Rio de Janeiro em 28 de Abril de 2001.
Participou
em muitas exposições no Brasil e no estrangeiro, alcançando sempre grande
sucesso. Activista social, militou em vários acontecimentos, como o 1º
Congresso da Juventude Democrática, na Checoslováquia, e em manifestações
brasileiras, produzindo sobretudo cartazes ou ilustrando livros e revistas.
Apaixonou-se
pela serigrafia, em cuja técnica desenvolveu várias séries. Aliás, uma das
importantes características de Carlos Scliar era a sua capacidade de inovar,
buscando novos materiais, que lhe servissem de base, e as técnicas mais
variadas, desde a têmpera até ao acrílico, passando pelas artes gráficas.
Pintou quadros, mas também fez murais e até ilustrou vários bilhetes da Lotaria
Federal.
Nascido
numa família judaica, desde cedo revelou tendência para a comunicação, desenho
e pintura. Aos onze anos, começou a publicar os seus primeiros artigos
ilustrados e, aos catorze, teve as primeiras aulas de arte com o pintor
austríaco Gustav Epstein.
Em
1935, já a morar em Porto
Alegre , participou na Exposição do Centenário Farroupilha.
Em 1938, num ambiente de contestação aos cânones do neoclassicismo e à arte
oficial desenvolvida pela Escola de Belas Artes, juntou-se a João
Fahrion e fundaram a Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco
Lisboa, da qual ele foi eleito secretário.
Em
1940, mudou-se para São Paulo, onde – com Rebolo e os artistas do Grupo
Santa Helena – passou a integrar a Família Artística Paulista, que
também era um movimento de contestação aos “académicos”. No mesmo ano,
tornou-se colaborador da “Revista Cultura” e realizou a sua primeira
mostra individual. Animado com o sucesso obtido pela Família Artística
Paulista numa exposição realizada no Rio de Janeiro, Scliar inscreveu-se no
Salão Nacional de Belas Artes, onde conquistou uma medalha de prata.
Em
1943, foi convocado para a Força Expedicionária Brasileira e seguiu para
o Rio de Janeiro. Nessa ocasião, conheceu a pintora portuguesa Maria Helena
Vieira da Silva e o seu marido, o pintor Árpád Szenes, que se encontravam no
Brasil como refugiados de guerra.
Em
1944, seguiu para Itália num agrupamento comandado pelo general Cordeiro de
Farias, só regressando ao Brasil em Julho de 1945. Ao voltar, trouxe consigo
profundas recordações da sua passagem pelos campos de batalha. Observador
atento, desenhou casas e imagens do norte de Itália, que seriam exibidas no Rio
de Janeiro, em São Paulo
e em Porto
Alegre. Também se retratou a si mesmo e a outros companheiros
do exército.
Viajou
para Paris em 1947, onde participou intensamente nos movimentos de defesa da
paz entre os povos. A sua intenção era ficar lá para sempre, quando percebeu
que, apesar de ser filho de imigrantes judeus, a sua arte era genuinamente
brasileira. Além de França, percorreu a Itália, a Checoslováquia, a Polónia,
Portugal e outros países, com a sua atenção voltada então, particularmente,
para a gravura e as artes gráficas.
Voltou
ao Brasil em 1950, fixando-se em Porto Alegre em busca das suas raízes. Além de se
dedicar à pintura e à gravura, iniciou uma nova fase na sua carreira,
participando em actividades na imprensa. Participou também na criação do Clube
de Gravura de Porto Alegre, embrião que se espalhou pelo país e até pelo
estrangeiro. Em Porto
Alegre , integrou a equipa que formulou a feição gráfica da
revista “Horizonte”. No Rio e em São Paulo , colaborou noutros empreendimentos
gráficos, como o lançamento da revista “Senhor”, da qual se tornou
director artístico. Dedicou-se igualmente à execução de ilustrações para
livros, entre os quais alguns romances de Jorge Amado. A peça “Orfeu da
Conceição” de Vinicius de
Moraes foi lançada em
edição comemorativa de luxo em 1956, ilustrada por Carlos Scliar. Mais tarde,
alternaria a sua permanência entre Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e
Ouro Preto.
A
partir de 1960, passou a viver exclusivamente da pintura, realizando inúmeras
mostras individuais com trabalhos criados nos seus ateliers de Cabo Frio, onde
tinha passado a morar, e de Ouro Preto. Activista, engajou-se na defesa da
preservação das dunas das praias, da reserva de pau-brasil fluminense e do
casario da cidade histórica mineira. Em 1962, fundou a editora Ediarte,
com Gilberto Chateaubriand, José Paulo Moreira da Fonseca, Michel Loeb e Carlos
Nicolaievski.
Na
década de 1970, produziu painéis para o Museu Manchete no Rio de
Janeiro, para a Prefeitura de Porto Alegre, para o Centro
Administrativo de Salvador e para a Imprensa Oficial do Rio de Janeiro,
em Niterói.
As
obras de Carlos Scliar podem ser vistas em acervos de museus e colecções, tanto
no Brasil como noutros países. Quando morreu, foi cremado e as suas cinzas
lançadas no Canal do Itajuru, em Cabo Frio.
Diante da casa onde viveu em Cabo Frio , foi erigida
uma estátua em sua homenagem.
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