EFEMÉRIDE
– James Howard Meredith, figura emblemática do Movimento dos
Direitos Civis nos Estados Unidos na década de 1960, nasceu em Kosciusko
no dia 25 de Junho de 1933.
De
ascendência afro-americana, Meredith alistou-se na Força Aérea logo após
terminar os estudos liceais. Ali esteve entre 1951 e 1960, prestando serviço no
Japão durante algum tempo. Ao deixar a vida militar, inscreveu-se por duas
vezes na Universidade do Mississippi, mas viu os seus pedidos recusados,
devido à política racial segregacionista vigente nos estados sulistas, nomeadamente
no Mississippi.
Finalmente,
em Outubro de 1962, Meredith tornou-se o primeiro estudante negro a frequentar
a Universidade do Mississippi, após ter visto o seu ingresso barrado em
20 de Setembro pelo próprio governador do estado e pela Guarda Nacional,
que desafiavam assim a justiça federal, que garantia o seu ingresso na
universidade.
O
desafio do governo estadual do Mississippi à justiça federal levou à ocupação
da universidade por agentes federais enviados por Washington, para garantir o
ingresso de Meredith e zelar pela sua segurança no campus. A medida acabou por
causar uma verdadeira batalha campal entre estudantes e populares brancos
contra os agentes que escoltavam Meredith, apoiados por tropas do Exército
enviadas pelo presidente John F. Kennedy. O conflito saldou-se por dois mortos
e dezenas de feridos, entre estudantes, polícias, soldados e agentes federais. Este
facto foi um dos mais emblemáticos e cruciais momentos da história da luta dos
negros americanos por direitos iguais ao da população branca, movimento este
que durou mais de uma década.
Licenciado
em Direito, Meredith teve uma participação activa no movimento dos
direitos civis, liderando – em 1966 – a “Marcha contra o Medo”, de Jackson, no Mississippi,
até Memphis, no Tennessee. Foi ferido à bala por um atirador racista branco. A
imagem de Meredith, caído após ter sido baleado, ganhou o Prémio Pullitzer
de Fotografia em 1967.
Durante
alguns anos, após estes episódios, tentou sem sucesso ser eleito para o Congresso
e trabalhou como conselheiro jurídico na equipa do senador Jesse Helms, do Partido
Republicano. Muito criticado pela comunidade dos direitos civis por
esse emprego, pelo facto do senador Helms ser um dos maiores expoentes do
ultra-conservadorismo moral e do pensamento de extrema-direita da política
norte-americana, ele respondeu simplesmente que «tinha enviado cartas a
todos os integrantes do Congresso e da Câmara dos Estados Unidos, oferecendo os
seus serviços de advogado, de modo a conseguir acesso aos estudos e aos livros
na Biblioteca do Congresso, e apenas Helms lhe tinha respondido…».
Vive
actualmente em Jackson, com a esposa e filhos, sendo proprietário de um pequeno
negócio de carros usados. Define-se hoje como um simples cidadão, que exigiu e
recebeu os direitos devidos a qualquer norte-americano, e não como um ex-activista
dos direitos civis.
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