No seu palmarés, conta ainda com
o título por equipas de Campeã Europeia de Crta-mato, em Dublin 2009, e
uma medalha de bronze nos Mundiais da mesma modalidade. Individualmente,
ganhou a medalha de bronze e a medalha de prata nos Europeus de Corta-mato,
em 2010 e 2011. Recordista nacional da meia-maratona, representa actualmente o SL
Benfica.
Ana Dulce Félix começou a treinar
atletismo com 12 anos de idade, num clube da sua terra, o ACR Conde. Só
começou a levar a sério a actividade, com a transferência para o FC Vizela,
em 1999. Tinha de conciliar a prática do desporto com o seu trabalho, o que
acabou por prejudicar os seus desempenhos desportivos. Na altura em que se
transferiu para o SC Braga, em 2007, tinha um emprego na fábrica de
confecções J. F. Almeida, em São Martinho do Conde, o que a obrigava a
acordar de madrugada para treinar, trabalhar 8 horas de pé e, depois, voltar
aos treinos ao final da tarde.
A falta de resultados e o cansaço
acumulado com o conciliar dos treinos levou a jovem de 24 anos a decidir-se
pela prática do desporto em exclusivo. Esta profissionalização logo daria
frutos nos anos que se seguiriam. O primeiro sinal desta mudança deu-se, ainda
no ano de 2007, com a conquista do Campeonato Nacional, na disciplina de
10000 metros. No entanto, foi no ano seguinte que apareceram os primeiros
resultados a nível internacional, para a atleta do SC Braga. Estreou-se
nos Europeus de Corta-mato, em Bruxelas, com o 17º lugar. Seguiram-se os
Mundiais de Corta-mato, em Edimburgo, mas desta feita com um resultado
bem mais modesto, o 72º lugar.
Um ano mais tarde, estreou-se em
grandes competições de pista, nos Campeonatos do Mundo de Berlim. Classificou-se
no 13º lugar e bateu o seu recorde pessoal. Ainda em 2009, conquistou duas
medalhas por equipas, prata nos Mundiais de Corta-mato de Amman e ouro
nos Europeus de Corta-mato de Dublin. Na capital irlandesa,
classificou-se em 6º lugar, a nível individual, resultado que se revelou
decisivo para o triunfo colectivo de Portugal. Destaque também para as suas
vitórias na São Silvestre da Amadora e de Lisboa e para o 2º
lugar na Meia-Maratona de Lisboa, à frente da portuguesa Marisa Barros,
que ficou no 3º lugar do pódio. Em 2012, triunfou novamente no Crosse de
Amora. Nos Campeonatos Mundiais (ar livre), ficou no 13º lugar na
prova de 10000 metros.
Ao serviço do SC Braga,
conquista os títulos nacionais de corta-mato e dos 5000 metros, em 2010. Nesse
ano, em Albufeira, obteve a sua primeira medalha internacional como individual,
nos Campeonatos da Europa de Corta-mato. Garantiu a medalha de bronze,
com o tempo de 26,59 minutos, numa prova que foi vencida por Jéssica Augusto.
Ainda assim, ficou um sabor amargo para a atleta de Guimarães, que se deixou
ultrapassar perto da meta, pela turca Binnaz Uslu. A participação no Europeu
de Barcelona não correu tão bem, com o 9º lugar conseguido na final dos
10000 metros (que passou a 8º lugar três anos mais tarde, com a
desclassificação da vencedora da prova).
O ano de 2011 trouxe consigo nova
medalha nos Europeus de Corta-mato e o 8º lugar nos 10000 metros dos Mundiais
de Daegu. Na cidade sul-coreana, melhorou em 5 lugares a prestação dos Mundiais
de Berlim, classificando-se como a melhor europeia em prova. Ficou dois
lugares à frente de Jéssica Augusto, com o tempo de 31.37.03, com cerca de meio
minuto de avanço sobre a sua colega de selecção. Em Velenje, ganho a medalha de
prata no corta-mato, completando a prova em 26 minutos e 2 segundos, ficando a
sete segundos da nova Campeã da Europa de Cross, Fionnuala Britton. Esse
ano marcou ainda a mudança de equipa da fundista, que trocou o SC Braga
pelo Maratona CP, depois de 4 anos a representar a equipa minhota.
Em ano de Jogos Olímpicos,
decidiu correr apenas nos 10000 metros dos Europeus, de Helsínquia,
prescindindo da participação na maratona, para poder preparar com toda a
atenção esta prova. A aposta provou ser proveitosa, com a conquista da medalha
de ouro, na capital finlandesa. A corredora partiu confiante para a final e,
aos 6800 metros, decidiu descolar do pelotão, para fugir à ponta final mais
forte das suas adversárias. A partir daí, controlou completamente o ritmo da
corrida, terminando muito à frente da segunda classificada. À entrada da volta
final, tinha quase 9 segundos de avanço, vantagem que geriu até terminar, 4
segundos mais rápida que a britânica Jo Pavey. Foi a terceira medalha
conquistada por Portugal, nestes Campeonatos Europeus, depois da prata
de Patrícia Mamona (triplo salto) e do bronze de Sara Moreira (5000 metros).
Tornava-se assim na 6ª atleta a vencer a medalha de ouro em Europeus de Pista,
naquele que foi o 11º título europeu para Portugal. Sucedeu, nesta lista
exclusiva de campeões, a Rosa Mota (3 títulos), Manuela Machado (2 títulos),
Fernanda Ribeiro, António Pinto e Francis Obikwelu (3 títulos).
À partida para Londres e
respectiva estreia olímpica, as expectativas da atleta eram substancialmente
diferentes. A sua participação aconteceu apenas na maratona, para ter menos
desgaste acumulado e poder atingir um resultado de nível superior. Os seus
objectivos passavam por um lugar nas 10 primeiras, mas a realidade foi madrasta
para a corredora do Maratona CP, que foi a pior classificada das três
portuguesas presentes e terminou no 21º lugar, bem atrás do lugar pretendido.
Apesar de triste no final da prova, lembrou que ainda tem muitas oportunidades
pela frente, para melhorar o seu registo nas Olimpíadas, deixando
vincada a sua ambição para os desafios futuros.
Em 2015, e depois de vários
resultados de qualidade, voltou a Londres, onde bateu o seu recorde pessoal com
2.25.15 e obteve o 8º lugar.
Em Julho de 2016, foi feita comendadora da Ordem do Mérito.
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