Nascido em Paraí, na Serra
Gaúcha, Canini viveu em Frederico Westphalen até à morte de seu pai, aos dez
anos idade, indo morar com uma avó e uma tia em Garibaldi.
Fã de Elvis Presley e de música
evangélica e italiana, vivia em Pelotas, Rio Grande do Sul, com a esposa Maria
de Lourdes, também desenhadora, que conheceu quando ela desenhava charges para
o “Diário de Notícias”, de Porto Alegre. Em Outubro de 2005, foi
condecorado pela Câmara de vereadores da cidade, com o título de “Cidadão
Pelotense”.
Canini teve o seu primeiro
emprego aos 21 anos, na Secretaria de Educação e Cultura do Estado,
fazendo ilustrações para a revista infantil “Cacique”. Quando a
publicação acabou, Canini ficou a fazer desenhos técnicos de engenharia até
completar dez anos como funcionário público, coisa que o desagradava
profundamente. Para compensar, colaborava com charges para o “Correio do
Povo”, “TV Piratini” e outras publicações alternativas.
Foi o convite de um pastor (rev.
Willian Schisler Filho - Dico), para ilustrar uma revista para crianças (“Bem-Te-Vi”)
da Igreja Metodista, que deu oportunidade a Canini para se mudar para
São Paulo em 1967.
Depois de dois anos a fazer
ilustrações infantis, Canini conseguiu uma oportunidade de trabalhar na Editora
Abril. Ali, começou a desenhar e a escrever, colaborando na a revista “Recreio”,
mas logo assumindo a actividade que talvez mais tenha marcado a sua carreira,
ilustrar as histórias do Zé Carioca.
No início dos anos 1970,
as histórias do Zé Carioca resumiam-se a edições antigas, do início da
existência do personagem, nas décadas de 1940 e 1950, ou
adaptações para o universo do Zé Carioca de histórias de outros personagens
como Mickey ou Pato Donald.
Aproveitando o impulso dado pela
estruturação da Editora Abril, com um estúdio para a criação de
histórias Disney próprias e pelo interesse em manter o título Zé Carioca
nas bancas, Canini - que havia voltado para Porto Alegre - começou a
desenvolver histórias para o personagem, dando-lhe uma continuidade que jamais
teria se não tivesse havido esta iniciativa.
Canini modificou os trajes,
trocando o paletó e a gravata borboleta do personagem por uma camiseta e, ao
lado de outros profissionais da casa, ajudou a trazer a ambientação da história
para um contexto de maior brasilidade, com os morros, o campinho de futebol e a
feijoada. Mas era o traço de Canini, simples, solto, económico e com forte
personalidade, que mais afastava as suas criações do padrão Disney. Para
muitos, porém, esta foi a caracterização mais marcante do personagem Zé Carioca.
Nesta época, a Disney não
creditava os profissionais envolvidos na criação das histórias. Para contornar
isso, Canini usava alguns artifícios, fazendo aparecer um “Sabão Canini” ou uma
“Lotaria Canini”, sempre desenhados subtilmente no fundo de uma BD.
Canini, desenhou Zé Carioca durante
cerca de cinco anos, criando para o personagem, cerca de 135 histórias, algumas
também escritas por ele próprio, até os editores dizerem que o seu desenho
estava a distanciar-se demais do estilo Disney, acancelarem a produção.
Canini também criou um
considerável repertório de personagens próprios. Dr. Fraud era um psiquiatra,
ou psicólogo, que circulou durante cerca de três edições da revista “Patota”,
da Editora Artenova. Em 1991, foi relançado em um álbum pela editora Sagra-DC
Luzatto.
De uma proposta da Editora
Abril para fazer uma revista em banda desenhada totalmente brasileira, a “Revista
Crás!”, surgiu Kaktus Kid, uma paródia aos velhos cowboys do faroeste.
Inspirado no visual de Kirk Douglas, Kaktus Kid era o dono de uma funerária em
busca de clientes. A revista teve apenas uma tiragem de seis edições, entre
1974 e 1975.
Em 1978, Canini criou para o Projecto
Tiras, também da Abril, o indiozinho Tibica.
No início dos anos 1960,
Canini reuniu-se com outros desenhadores na CETPA (Cooperativa
Editora de Trabalho de Porto Alegre), uma ideia do desenhador carioca José
Geraldo Barreto Dias. Canini participava com o personagem Zé Candango, que
chegou a sair no “Jornal do Brasil” e no “Zero Hora”, de Porto
Alegre. A cooperativa durou cerca de dois anos, mas não conseguiu manter-se
diante da turbulência geral causada pela renúncia de Jânio Quadros.
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