quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

16 DE FEVEREIRO - LUÍSA DUARTE

EFEMÉRIDE - Luísa Duarte, pseudónimo literário   de Maria Luísa Saraiva Pinto dos Santos, escritora portuguesa, nasceu em Vila Real no dia 16 de Fevereiro de 1927. Morreu em Matosinhos, em 15 de Fevereiro de 2015.

Formou-se na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em Ciências Histórico-Filosóficas, curso que começou a frequentar em 1944. No entanto, já na altura se interessava por literatura, tendo assistido a aulas de Vitorino Nemésio (que a considerou «absolutamente espantosas»), Lindley Cintra e Andrée Crabbé Rocha.

Mas as suas «Universidades» foram as mulheres de A Ver-o-Mar, que murcham aos trinta anos, vivem e morrem na resignação de terem filhos e de os perder, na rotina de um trabalho escravo, sem remuneração, espancadas como animais de carga Ele não me bate muito, só o preciso») e que, mesmo afeitas, num treino de gerações, às vezes não aguentam e se suicidam («oh! Senhora das Neves! E tu permites!») depois de um parto, quando o mundo recomeça num vagido de criança! Às mulheres de A-Ver-O-Mar «deve» a língua ao rés do coloquial.

A-Ver-o-Mar é assunto dos livros “A-Ver-o-Mar” (crónicas,1980), “Morrer a Ocidente” (crónicas, 1990) e “A Maresia e o Sargaço dos Dias” (poesia, 2008), além do conto “Nos Jardins do Mar”” (1981) e de várias páginas dos dois diários publicados da autora: “Na Água do Tempo” (1992) e “Um Olhar Naufragado” (2008).

Um outro tema frequente na obra de Luísa Dacosta é o da condição da mulher, abordada de vários pontos de vista, quer no campo da ficção, quer nas páginas de reflexão que encontramos nos diários. Um dos melhores exemplos desta temática é o livro “Corpo Recusado”, que pode ser entendido quer como conto quer como romance.

Foi professora do antigo Ciclo Preparatório (actualmente Segundo Ciclo do Ensino Básico) nas escolas Ramalho Ortigão (1968/1976) e Francisco Torrinha (1976/1997). Participou, a partir de 1972, na experiência de Veiga Simão para o lançamento dos 7º e 8º anos de escolaridade. Não se limitou a influenciar os alunos. Os alunos também a influenciaram, como o prova o facto de ter incorporado nas suas obras neologismos da autoria deles, tal como «renovescer» no lugar «renovar».

Em 1975, cumpriu um mandato no Conselho de Imprensa, em representação da opinião pública, vindo a cumprir um segundo mandato em 1981. Ainda em 1975, esteve em Timor por requisição do governo daquela (então) província ultramarina, para prestar serviço na comissão eventual encarregada de fazer a remodelação dos programas de ensino.

Dedicando grande atenção à orientação gráfica dos seus livros, Luísa Duarte contou com a colaboração de inúmeros artistas portugueses, entre os quais Armando Alves, Jorge Pinheiro, José Rodrigues, Maria Mendes, Margarida Santos, Tiago Manuel, Carlos Botelho e Cristina Valadas.

Luísa Dacosta escreveu ainda vários textos para catálogos de exposições de artes plásticas, estando esses textos editados nos seus diários.

Em 2011, as Correntes d’Escritas, na Póvoa de Varzim incluíram uma homenagem a Luísa Dacosta, acompanhada de uma revista sobre a escritora.

Entre os vários prémios que recebeu, salientam-se:  em 1992 o Prémio Máxima de Literatura, pelo seu livro “Na Água do Tempo – Diário”; em 2002, o prémio Uma vida, uma obra, instituído pela Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, com o apoio da Delegação Regional de Cultura do Norte; e em 2010, o Prémio Vergílio Ferreira, atribuído pela Universidade de Évora.

Faleceu em 2015, um dia antes de completar 88 anos.

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