segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

7 DE FEVEREIRO - PAUL NIZAN

EFEMÉRIDE - Paul-Yves Nizan, romancista, ensaísta, jornalista, tradutor e filósofo francês, nasceu em Tours no dia 7 de Fevereiro de 1905. Morreu em Audruicq (Pas-de-Calais), em 23 de Maio de 1940.

Filho de um engenheiro ferroviário, Paul Nizan fez os seus estudos secundários em Paris, no reputado Lycée Henri-IV, onde conhece Jean-Paul Sartre em 1917. Aceito na École normale supérieure em 1924, também estabelece ligações de amizade com Raymond Aron.

Em 1925, participou no primeiro partido fascista francês, Le Faisceau, de Georges Valois, de orientação sindicalista e revolucionária. Entre 1926 e 1927, parte para Aden, no Iémen, para trabalhar como preceptor. Pouco depois, adere ao Partido Comunista Francês e casa-se com Henriette Alphen (1907/1993), uma prima de Claude Lévi-Strauss. O casal terá dois filhos: Anne-Marie (1928), (que viria a ser mãe do escritor Emmanuel Todd) e Patrick (1930). Em 1929, Nizan torna-se professor de Filosofia do ensino médio.

Em 1931, publica Aden Arabie”, tornando-se conhecido no meio literário. Em 1932, apresenta-se como candidato do Partido Comunista às eleições legislativas. No mesmo ano, publica “Les Chiens de garde”, uma reflexão sobre o papel e a temporalidade da filosofia. O ensaio toma a forma de um panfleto contra os seus antigos professores, particularmente Henri Bergson e Léon Brunschvicg, e ataca os filósofos idealistas, na figura de Julien Benda, rotulando-os de cães de guarda da burguesia. O texto tem sido lembrado e citado, por autores como Norberto Bobbio e Edgar Morin. O ensaio de Nizan é também lembrado pelo jornalista e escritor Serge Halimi, no título de seu livro “Os novos cães de guarda”, ao referir -se ao «jornalismo de reverência» que, segundo o autor, é praticado na França.

Em 1933, Nizan publica “Antoine Bloyé”, a sua primeira evocação do tema da traição de classe (como um homem escapa da sua condição social e acaba por trair as suas origens). O livro é considerado pela crítica como o primeiro romance francês filiado ao realismo socialista.

Entre 1934 e 1935, Nizan e a sua mulher passam um ano na URSS. Ele participa no primeiro congresso da União dos Escritores Soviéticos e é também encarregado de organizar a estadia de escritores amigos, como André Malraux, Louis Aragon e outros.

As suas publicações sucedem-se nos anos seguintes: Le Cheval de Troie”, “La Conspiration(que recebe o Prix Interallié de 1938). Além de livros, escreve também para vários jornais e revistas de orientação comunista, como “L’Humanité” (entre 1935 e 1937) e o Ce soir(entre 1937 e 1939), escrevendo principalmente artigos sobre política internacional e crítica literária.

Em Agosto de 1939, denuncia a assinatura do pacto germano-soviético, que considera como uma aliança entre nazis e comunistas. Na sequência, Nizan rompe com o PCF.

Paul Nizan foi morto em 23 de Maio de 1940, no início da Segunda Guerra Mundial, durante a ofensiva alemã contra Dunkerque. O seu corpo foi sepultado no cemitério de La Targette, em Neuville-Saint-Vaast.

Após a sua ruptura com o comunismo, Nizan sofreu muitos ataques violentos do partido: em Março de 1940, Maurice Thorez, secretário geral do PCF, assinou, no jornal “Die Welt” (edição alemã do órgão da Terceira Internacional), um artigo intitulado “Les traîtres au pilori” (“Os traidores ao pelourinho”), e qualifica Nizan como agente da polícia. Durante a ocupação alemã, um texto do PCF, então na clandestinidade, fala do «polícia Nizan». Os ataques intensificam-se após a guerra. Louis Aragon participou activamente na marginalização de Nizan, com o seu livro “Les Communistes” (1949), romance no qual Nizan aparece como traidor, retratado como o polícia Orfilat.

A reedição de “Aden, Arabie”, em 1960, prefaciada por Jean-Paul Sartre, pretendeu a reabilitação de Nizan. Em 1966, na reedição de “Les Communistes”, Aragon suprime o personagem Orfilat. No final dos anos 1970, o PCF aceita rever as acusações que havia feito a Paul Nizan.

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