sexta-feira, 8 de junho de 2007

EFEMÉRIDE - Robert Desnos, poeta francês, morreu no campo de Theresienstadt, na Checoslováquia, em 8 de Junho de 1945. Nascera em Paris, no dia 4 de Julho de 1900.
Foi sempre mau aluno mas, paradoxalmente, sentiu-se desde muito novo atraído pela literatura. Publicou os seus primeiros poemas no “Trait d’Union”, uma revista vanguardista. Mais tarde, conheceu André Breton e participou nos movimentos Surrealista e Dada. Em 1922, fez experiências de escrita automática, sobretudo sob hipnose. Breton disse a seu propósito: “O surrealismo está na ordem do dia e Desnos é o seu profeta”.
Para tentar aproximar-se de uma cantora quer era bastante cortejada, iniciou-se no consumo de ópio e escreveu-lhe poemas, um dos quais foi condenado por um tribunal de Paris, por obscenidade. Em 1926/1927, começou a afastar-se do movimento surrealista, do qual se separaria completamente em 1929.
Em 1928, ajudou o romancista Alejo Carpentier a fugir de Cuba, onde o tirano Machado o mantinha sob prisão. Com ele, Robert foi depois um dos pioneiros da criação radiofónica em França.
Em 1936, tentou aumentar a sua produção literária, escrevendo um poema por dia durante um ano. Paralelamente, escrevia poemas para sua mulher Youki e outros dedicados aos filhos dos seus amigos, alguns dos quais seriam adoptados por escolas maternais e primárias, e alguns adaptados para canções, uma delas tendo sido mesmo cantada por Juliette Gréco.
Participou em movimentos antifascistas e foi um dos raros intelectuais franceses a ter partido para a guerra por convicção. Em 1940, escreveu a sua mulher «Decidi tirar da guerra toda a felicidade que ela me pode dar: a prova de ter saúde, a de me sentir jovem e a grande satisfação de chatear Hitler».
Durante a ocupação continuou a escrever na imprensa, principalmente no jornal "Aujourd'hui", que adoptaria mais tarde uma atitude “colaboracionista”. Apesar de tudo, Desnos resolveu ficar, para continuar a ter uma tribuna, de onde podia apelar para que os seus concidadãos mantivessem a dignidade e a esperança. Ganhou então muitas inimizades dentro do jornal, havendo alguns que o acusaram mesmo de ser judeu, numa ocasião em que essa denúncia equivalia à deportação para um campo de extermínio.
No dia 22 de Fevereiro de 1944, foi avisado que a Gestapo o vinha buscar. Prenderam-no e, em Abril, foi enviado num grupo de 1700 homens para Auschwitz. Foi transferido mais tarde para Buchenwald. No fim de Abril de 1945, sob pressão dos aliados, os prisioneiros foram evacuados. Robert Desnos fez parte do grupo que foi encaminhado para Theresienstadt, onde morreu dois meses mais tarde.

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