EFEMÉRIDE – Adalgisa Maria Feliciana Noel Cancela Ferreira, conhecida por Adalgisa Nery, poeta e jornalista brasileira, morreu no Rio de Janeiro em 7 de Junho de 1980. Nascera na mesma cidade no dia 29 de Outubro de 1905.
Nasceu pobre e teve uma infância triste. Ficou órfã de mãe, tinha apenas nove anos. Estudou num colégio interno de freiras, mas foi expulsa por ser considerada “subversiva” ao defender órfãs que eram subalternizadas e maltratadas pelas religiosas. Como estudos convencionais, fez apenas a instrução primária, entre os 9 e os 12 anos.
Tinha quinze anos quando se apaixonou por um vizinho, o pintor Ismael Nery, com quem casou um ano depois. O casamento durou até à morte do pintor, doze anos mais tarde. Após o casamento, Adalgisa entrou na vida intelectual, graças a muitas reuniões efectuadas em sua casa e a uma estadia de dois anos na Europa com o marido, adquirindo assim a cultura que não tinha podido assimilar durante a adolescência. Da relação do casal, sempre muito conflituosa, nasceram sete filhos, todos rapazes, mas só o mais velho e o mais novo sobreviveram.
Em 1959 Adalgisa publicou o romance autobiográfico A Imaginária, que foi o seu maior sucesso editorial. Viúva aos 29 anos, sem muitos recursos e com dois filhos para criar, Adalgisa trabalhou primeiro na Caixa Económica e posteriormente no Conselho do Comércio Exterior do Itamaraty.
Em 1937 lançou um primeiro livro de poesia intitulado Poemas. Em 1940 casou-se com o jornalista e advogado Lourival Fontes, que era o director do Departamento de Imprensa e Propaganda, criado por Getúlio Vargas em 1939.
Seguiu o marido, em funções diplomáticas em Nova Iorque de 1943 a 1945 e como embaixador no México em 1945. No México desenvolveu amizade com os pintores Diego Rivera (que a retratou), Frida Kahlo e outros. Em 1952, regressou ao México como embaixadora plenipotenciária, para representar o Brasil na posse do presidente Adolfo Ruiz Cortines.
O casamento com Lourival durou treze anos e o divórcio ocorreu quando ele se apaixonou por outra mulher. Em razão do grande sofrimento que isso lhe causou, apesar do seu valor literário ser reconhecido não só no Brasil como em França, Adalgisa resolveu abandonar a própria fama e renegar a sua obra. A partir daí, tornou-se jornalista, escrevendo apenas para o jornal Última Hora. Dedicou-se mais tarde à política e foi eleita deputada três vezes, primeiro pelo Partido Socialista Brasileiro e depois pelo Movimento Democrático Brasileiro. Em 1969 foram-lhe tirados o mandato e os direitos políticos.
Pobre, sem ter onde morar, passou parte dos anos 1974-1975 numa casa de um amigo em Petrópolis, onde viveu quase como reclusa. Contrariando o seu propósito de nunca mais escrever, publicou ainda dois livros de poesia, dois de contos, um de artigos e um romance.
Em Maio de 1976, sem ter doença alguma, resolveu internar-se numa casa de repouso para idosos, em Jacarepaguá. Um ano mais tarde, foi vítima de um acidente vascular cerebral e ficou afásica e hemiplégica, vindo a falecer em 1980.
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