EFEMÉRIDE – Carmen Miranda, nome artístico de Maria do Carmo Miranda da Cunha, cantora e actriz luso-brasileira, nasceu em Marco de Canaveses, Portugal, no dia 9 de Fevereiro de 1909. Faleceu em Beverly Hills, em 5 de Agosto de 1955.
A sua carreira artística decorreu no Brasil e nos Estados Unidos, entre as décadas de 1930 e 1950. Trabalhou na rádio, no teatro de revista, no cinema e na televisão. Chegou a receber o maior salário pago até então a uma mulher nos Estados Unidos. O seu estilo eclético fez com que seja considerada precursora do tropicalismo, movimento cultural brasileiro surgido no final da década de 1960.
Adoptou o nome de Carmen no Brasil, graças ao gosto que o pai tinha pela ópera. Pouco tempo depois do seu nascimento, a família emigrara para o Brasil, onde se instalou no Rio de Janeiro. Carmen nunca mais voltou à sua terra natal, o que não impediu que a Câmara de Marco de Canaveses desse o seu nome ao Museu Municipal.
Carmen estudou na Escola de Freiras Santa Teresa. Teve o seu primeiro emprego aos 14 anos numa loja de gravatas e depois numa chapelaria.
Em 1926, Carmen, que tentava ser artista, apareceu incógnita numa fotografia publicada na secção de cinema da revista Selecta. Em 1929, foi apresentada ao compositor Josué de Barros que, encantado com o seu talento, passou a promovê-la em editoras e teatros. No mesmo ano gravou, na editora alemã Brunswick, os seus primeiros discos, com o samba “Não Vá Sim'bora” e o choro “Se O Samba é Moda”.
O grande sucesso veio a partir de 1930, quando gravou a marcha “Pra Você Gostar de Mim”. Antes do fim do ano, já era apontada pelo jornal “O País” como “a maior cantora do Brasil”. Em 1933 assinou um contrato de dois anos com a rádio Mayrink Veiga. Foi a primeira cantora de rádio a fazer um contrato, quando o hábito era o cachet por participação. Fez depois a sua primeira tournée internacional, apresentando-se em Buenos Aires. Voltou à Argentina no ano seguinte, para uma temporada de um mês na Rádio Belgrano.
Em 1936, Carmen deixou a Mayrink e assinou um contrato com a Tupi. No começo desse ano estreou-se no filme “Alô, Alô Carnaval” em que, juntamente com a irmã Aurora Miranda, cantaram “Cantoras da Rádio”. Ainda em 1936, as duas irmãs passaram a integrar o elenco do Casino da Urca. A partir de então dividiram-se entre o palco do Casino e tournées frequentes pelo Brasil e pela Argentina.
Depois de uma apresentação para o astro de Hollywood Tyrone Power em 1938, aventou-se a possibilidade de uma carreira nos Estados Unidos. Carmen recebia porém um salário tão fabuloso no Casino da Urca, que não se interessou pela ideia. Mais tarde, após um espectáculo no transatlântico “Normandie”, Carmen assinou contrato com o empresário norte-americano Lee Shubert. A execução do contrato não foi imediata, pois a cantora fazia questão de levar o grupo musical “Bando da Lua” para a acompanhar, mas o empresário estava apenas interessado em Carmen. Depois de voltar para os Estados Unidos, Shubert aceitou a vinda do “Bando da Lua”. Carmen partiu no navio “Uruguai”, nas vésperas da Segunda Guerra Mundial.
Em 29 de Maio de 1939, Carmen estreou-se no espectáculo musical “Streets of Paris”, em Boston, com grande sucesso junto do público e da crítica. As suas participações teatrais tornaram-se cada vez mais famosas. Em 1940, fez uma apresentação perante o presidente Franklin D. Roosevelt durante um banquete na Casa Branca.
Em 10 de Julho de 1940 voltou ao Brasil, onde foi acolhida com entusiasmo pelo povo carioca. Gravou os seus últimos discos no Brasil, onde respondeu com humor às acusações de ter esquecido o Brasil e de se ter "americanizado". Voltou aos Estados Unidos e gravou a marca dos seus sapatos e das suas mãos na Calçada da Fama do Teatro Chinês de Los Angeles.
Entre 1940 e 1953 actuou em cerca de 15 filmes em Hollywood e nos mais importantes programas de rádio, televisão, casas nocturnas, casinos e teatros norte-americanos. Em 1946 Carmen era a artista mais bem paga de Hollywood e a mulher que mais impostos pagava nos EUA. Em 1947 casou-se com o americano David Sebastian. O casamento é apontado por todos os biógrafos e estudiosos de Carmen Miranda como o começo da sua decadência. O marido, antes um simples empregado de uma produtora de cinema, tornou-se “empresário” de Carmen e conduziu mal os seus negócios e contratos. Também era alcoólatra e pode ter estimulado Carmen Miranda a consumir bebidas alcoólicas, das quais ela se veio a tornar dependente. O casamento entrou em crise logo nos primeiros meses, mas Carmen Miranda não aceitava o divórcio pois era uma católica convicta.
Desde o início de sua carreira americana, Carmen fez uso de barbitúricos para poder dar conta de uma agenda extenuante. Adquiria as drogas com receitas médicas pois, na época, elas eram receitadas pelos médicos, mas sem muitas preocupações com os efeitos colaterais. Nos Estados Unidos, tornou-se dependente de vários outros remédios, tanto estimulantes como calmantes. Por ser também consumidora de tabaco e álcool, o efeito das drogas foi potenciado.
No fim de 1954, Carmen regressou ao Brasil após uma ausência de 14 anos. O seu médico brasileiro constatou a dependência química e tentou desintoxicá-la. Ficou quatro meses internada em tratamento numa suite do Hotel Copacabana Palace. Carmen melhorou, embora não tenha abandonado completamente as drogas, o álcool e o tabaco. Ligeiramente recuperada, voltou para os Estados Unidos em Abril de 1955. Imediatamente recomeçou com as apresentações. Fez uma tournée por Cuba e Las Vegas e voltou a usar barbitúricos.
No início de Agosto, Carmen gravou uma participação especial num programa televisivo. Durante um número de dança, sofreu um ligeiro desmaio, desequilibrou-se e foi amparada por colegas. Recuperou e terminou o espectáculo. Na mesma noite, recebeu amigos na sua residência em Beverly Hills. Por volta das duas da manhã, após beber e cantar algumas canções para os amigos presentes, Carmen subiu para seu quarto para dormir. Acendeu um cigarro, vestiu um robe, retirou a maquilhagem e caminhou para a cama. Um colapso cardíaco fulminante matou-a. Tinha apenas 46 anos.
O seu corpo foi embalsamado e enviado por avião para o Rio de Janeiro. Sessenta mil pessoas compareceram ao seu velório realizado na Câmara Municipal da então capital federal. O cortejo fúnebre até ao Cemitério São João Batista foi acompanhado por cerca de meio milhão de pessoas que cantavam esporadicamente, em surdina, “Taí”, um de seus maiores sucessos.
No ano seguinte, o prefeito do Rio de Janeiro assinou um decreto criando o Museu Carmen Miranda, que só seria inaugurado em 1976 no Aterro do Flamengo.
Apesar de ter morado quase toda a sua vida no Brasil e nos Estados Unidos, Carmen Miranda nunca se naturalizou cidadã de qualquer destes países, mantendo sempre a nacionalidade portuguesa.
A sua carreira artística decorreu no Brasil e nos Estados Unidos, entre as décadas de 1930 e 1950. Trabalhou na rádio, no teatro de revista, no cinema e na televisão. Chegou a receber o maior salário pago até então a uma mulher nos Estados Unidos. O seu estilo eclético fez com que seja considerada precursora do tropicalismo, movimento cultural brasileiro surgido no final da década de 1960.
Adoptou o nome de Carmen no Brasil, graças ao gosto que o pai tinha pela ópera. Pouco tempo depois do seu nascimento, a família emigrara para o Brasil, onde se instalou no Rio de Janeiro. Carmen nunca mais voltou à sua terra natal, o que não impediu que a Câmara de Marco de Canaveses desse o seu nome ao Museu Municipal.
Carmen estudou na Escola de Freiras Santa Teresa. Teve o seu primeiro emprego aos 14 anos numa loja de gravatas e depois numa chapelaria.
Em 1926, Carmen, que tentava ser artista, apareceu incógnita numa fotografia publicada na secção de cinema da revista Selecta. Em 1929, foi apresentada ao compositor Josué de Barros que, encantado com o seu talento, passou a promovê-la em editoras e teatros. No mesmo ano gravou, na editora alemã Brunswick, os seus primeiros discos, com o samba “Não Vá Sim'bora” e o choro “Se O Samba é Moda”.
O grande sucesso veio a partir de 1930, quando gravou a marcha “Pra Você Gostar de Mim”. Antes do fim do ano, já era apontada pelo jornal “O País” como “a maior cantora do Brasil”. Em 1933 assinou um contrato de dois anos com a rádio Mayrink Veiga. Foi a primeira cantora de rádio a fazer um contrato, quando o hábito era o cachet por participação. Fez depois a sua primeira tournée internacional, apresentando-se em Buenos Aires. Voltou à Argentina no ano seguinte, para uma temporada de um mês na Rádio Belgrano.
Em 1936, Carmen deixou a Mayrink e assinou um contrato com a Tupi. No começo desse ano estreou-se no filme “Alô, Alô Carnaval” em que, juntamente com a irmã Aurora Miranda, cantaram “Cantoras da Rádio”. Ainda em 1936, as duas irmãs passaram a integrar o elenco do Casino da Urca. A partir de então dividiram-se entre o palco do Casino e tournées frequentes pelo Brasil e pela Argentina.
Depois de uma apresentação para o astro de Hollywood Tyrone Power em 1938, aventou-se a possibilidade de uma carreira nos Estados Unidos. Carmen recebia porém um salário tão fabuloso no Casino da Urca, que não se interessou pela ideia. Mais tarde, após um espectáculo no transatlântico “Normandie”, Carmen assinou contrato com o empresário norte-americano Lee Shubert. A execução do contrato não foi imediata, pois a cantora fazia questão de levar o grupo musical “Bando da Lua” para a acompanhar, mas o empresário estava apenas interessado em Carmen. Depois de voltar para os Estados Unidos, Shubert aceitou a vinda do “Bando da Lua”. Carmen partiu no navio “Uruguai”, nas vésperas da Segunda Guerra Mundial.
Em 29 de Maio de 1939, Carmen estreou-se no espectáculo musical “Streets of Paris”, em Boston, com grande sucesso junto do público e da crítica. As suas participações teatrais tornaram-se cada vez mais famosas. Em 1940, fez uma apresentação perante o presidente Franklin D. Roosevelt durante um banquete na Casa Branca.
Em 10 de Julho de 1940 voltou ao Brasil, onde foi acolhida com entusiasmo pelo povo carioca. Gravou os seus últimos discos no Brasil, onde respondeu com humor às acusações de ter esquecido o Brasil e de se ter "americanizado". Voltou aos Estados Unidos e gravou a marca dos seus sapatos e das suas mãos na Calçada da Fama do Teatro Chinês de Los Angeles.
Entre 1940 e 1953 actuou em cerca de 15 filmes em Hollywood e nos mais importantes programas de rádio, televisão, casas nocturnas, casinos e teatros norte-americanos. Em 1946 Carmen era a artista mais bem paga de Hollywood e a mulher que mais impostos pagava nos EUA. Em 1947 casou-se com o americano David Sebastian. O casamento é apontado por todos os biógrafos e estudiosos de Carmen Miranda como o começo da sua decadência. O marido, antes um simples empregado de uma produtora de cinema, tornou-se “empresário” de Carmen e conduziu mal os seus negócios e contratos. Também era alcoólatra e pode ter estimulado Carmen Miranda a consumir bebidas alcoólicas, das quais ela se veio a tornar dependente. O casamento entrou em crise logo nos primeiros meses, mas Carmen Miranda não aceitava o divórcio pois era uma católica convicta.
Desde o início de sua carreira americana, Carmen fez uso de barbitúricos para poder dar conta de uma agenda extenuante. Adquiria as drogas com receitas médicas pois, na época, elas eram receitadas pelos médicos, mas sem muitas preocupações com os efeitos colaterais. Nos Estados Unidos, tornou-se dependente de vários outros remédios, tanto estimulantes como calmantes. Por ser também consumidora de tabaco e álcool, o efeito das drogas foi potenciado.
No fim de 1954, Carmen regressou ao Brasil após uma ausência de 14 anos. O seu médico brasileiro constatou a dependência química e tentou desintoxicá-la. Ficou quatro meses internada em tratamento numa suite do Hotel Copacabana Palace. Carmen melhorou, embora não tenha abandonado completamente as drogas, o álcool e o tabaco. Ligeiramente recuperada, voltou para os Estados Unidos em Abril de 1955. Imediatamente recomeçou com as apresentações. Fez uma tournée por Cuba e Las Vegas e voltou a usar barbitúricos.
No início de Agosto, Carmen gravou uma participação especial num programa televisivo. Durante um número de dança, sofreu um ligeiro desmaio, desequilibrou-se e foi amparada por colegas. Recuperou e terminou o espectáculo. Na mesma noite, recebeu amigos na sua residência em Beverly Hills. Por volta das duas da manhã, após beber e cantar algumas canções para os amigos presentes, Carmen subiu para seu quarto para dormir. Acendeu um cigarro, vestiu um robe, retirou a maquilhagem e caminhou para a cama. Um colapso cardíaco fulminante matou-a. Tinha apenas 46 anos.
O seu corpo foi embalsamado e enviado por avião para o Rio de Janeiro. Sessenta mil pessoas compareceram ao seu velório realizado na Câmara Municipal da então capital federal. O cortejo fúnebre até ao Cemitério São João Batista foi acompanhado por cerca de meio milhão de pessoas que cantavam esporadicamente, em surdina, “Taí”, um de seus maiores sucessos.
No ano seguinte, o prefeito do Rio de Janeiro assinou um decreto criando o Museu Carmen Miranda, que só seria inaugurado em 1976 no Aterro do Flamengo.
Apesar de ter morado quase toda a sua vida no Brasil e nos Estados Unidos, Carmen Miranda nunca se naturalizou cidadã de qualquer destes países, mantendo sempre a nacionalidade portuguesa.
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