quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

EFEMÉRIDE José Joaquim Cesário Verde, poeta português, nasceu em Lisboa no dia 25 de Fevereiro de 1855. Faleceu no Lumiar, em 19 de Julho de 1886.
Filho de um lavrador e comerciante, matriculou-se no Curso Superior de Letras em 1873, mas só o frequentou durante alguns meses. Dividiu depois o seu tempo entre a produção de poesias (publicadas em jornais) e as actividades de comerciante, herdadas do seu pai.
Em 1877 começou a dar sinais de tuberculose, doença que já lhe vitimara o irmão e a irmã. Estas mortes serviram-lhe aliás de inspiração para um de seus principais poemas (“Nós”, 1884).
Tentou curar-se, mas sem sucesso, vindo a falecer em 1886. No ano seguinte, o amigo Silva Pinto organizou uma compilação da sua poesia: “O Livro de Cesário Verde”, publicado em 1901.
De poesia sensível, Cesário empregou técnicas impressionistas, ao retratar a Cidade e o Campo, que são os seus cenários predilectos. Evitou o lirismo tradicional, expressando-se da forma o mais natural possível.
O contacto com o campo, na sua infância, determinou a visão que dele nos dá e a sua preferência. Ao contrário de outros poetas anteriores, o campo não tem um aspecto idílico, paradisíaco, bucólico ou susceptível de devaneio poético, mas é sim um espaço real, concreto, autêntico, que lhe confere liberdade. O campo é um espaço de vitalidade, alegria, beleza e vida saudável. Na cidade, o ambiente é cheio de contrastes, apresentando ruas alcatroadas versus muitas outras esburacadas, casas apalaçadas (habitadas por burgueses e ociosos) versus casas velhas, edifícios cinzentos e sujos. O ambiente humano é caracterizado pelos calceteiros cuja coluna nunca se endireita, pelos padeiros cobertos de farinha, pelas vendedeiras enfezadas e pelas engomadeiras tísicas versus as frívolas burguesinhas citadinas.
A arte de Cesário Verde é reveladora de uma preocupação social e de uma intervenção crítica. Nele, deparamos com dois tipos de mulher, de acordo com os locais em que vive. A cidade surge associada à mulher fatal, frígida, frívola, calculista, madura, destrutiva, dominadora e sem sentimentos. Em contraste com esta mulher predadora, surge um tipo de mulheres, que é o oposto daquelas: frágeis, ternas, ingénuas, despretensiosas, pobres e doentes, mas objecto da sua grande admiração.
Pode verificar-se na obra de Cesário Verde uma aproximação a várias estéticas. Tendo em conta o seu interesse pela captação do real, pelas cenas de exteriores, por quadros da cidade, concretos, plásticos e coloridos, é fácil detectar a afinidade com o Realismo. A ligação aos ideais do Naturalismo verifica-se na medida em que o meio surge como determinante dos comportamentos. Pela objectividade dos temas, baseados na Natureza e no quotidiano, assim como pelas formas exactas e correctas, podemos ver afinidades com o Parnasianismo. Por último, aproxima-se dos Impressionistas, captando a realidade, mas retratando-a filtrada pelas suas próprias percepções.

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