sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012




EFEMÉRIDENatascha Kampusch, uma jovem austríaca que foi sequestrada em 1998 quando tinha dez anos de idade, permanecendo sob custódia do seu raptor durante mais de oito anos, até à sua fuga em Agosto de 2006, nasceu em Viena no dia 17 de Fevereiro de 1988.


O caso foi descrito como um dos mais dramáticos da história criminal da Áustria. Natascha saiu de casa em 2 de Março de 1998 com destino à sua escola, mas não regressou. Inicialmente foi aventada a hipótese do desaparecimento estar relacionado com discussões da criança com a mãe. Algumas testemunhas declararam ter visto Natascha entrar para uma viatura de cor branca e vidros fumados. Intensas buscas foram levadas a cabo pela polícia sem qualquer êxito.


Em 2001, um político acusou a família da menina de cumplicidade no caso. A polícia federal austríaca, porém, não encontrou qualquer prova para tal afirmação.


Em Agosto de 2006, Natascha aproveitou-se de um momento de distracção do seu sequestrador, que se afastara no jardim para melhor escutar o telemóvel, para escapar. Na fuga, pediu ajuda a uma mulher, que avisou as autoridades. A garota foi identificada por uma cicatriz no corpo, bem como pelo seu passaporte, deixado no abrigo subterrâneo que servira de cativeiro, e posteriormente por testes ADN. Pesava na ocasião (18 anos) apenas 38 kg.


Logo que o raptor, de 44 anos de idade, Wolfgang Priklopil, engenheiro civil, soube que a polícia estava à procura dele, suicidou-se, saltando para a linha de um comboio suburbano de Viena.


Após a fuga, Natascha recebeu acompanhamento psicológico, demonstrando paradoxalmente certos sinais de simpatia e afecto pelo sequestrador, o que foi diagnosticado como síndrome de Estocolmo.


Priklopil dava-lhe livros e trazia-lhe jornais, o que contribuiu para, apesar de tudo, ter uma instrução rudimentar. Ela escutava também, na rádio, programas culturais e de formação, chegando a adquirir noções de inglês. Pedia igualmente para Wolfgang lhe passar “trabalhos de casa”.


Adaptando-se a pouco e pouco à vida em liberdade, depois de oito anos em cativeiro, começou em Junho de 2008 uma carreira de entrevistadora na televisão austríaca, com o programa “Natascha Kampusch Conversa...”. O primeiro convidado deste programa mensal foi o campeão mundial de Fórmula 1 Niki Lauda.


Em 2009 Natascha Kampusch perdeu o programa de entrevistas que tinha e a solidariedade da opinião pública austríaca, que passou a criticá-la por ter enriquecido graças à história do seu sequestro. Kampusch afirmou então que «a sua vida mudara radicalmente no dia em que escapou, mas que ainda não se sentia realmente livre». Disse também à Austrian Press Agency que «as expectativas do público em relação a vítimas de crimes são surpreendentes. Se as vítimas se escondem, são criticadas porque as pessoas têm o direito de saber o que aconteceu. Mas se cedem às pressões e contam as suas histórias, são acusadas de buscarem os holofotes e são vistas como figuras públicas com pouco direito a privacidade». Em Setembro do citado ano, as autoridades austríacas reabriram o caso. O novo inquérito incomodou Kampusch, que se viu passar da condição de vítima à de suspeita. A nova investigação aconteceu a pedido de uma comissão parlamentar, que considerou haver demasiadas questões por responder na versão da própria Natascha sobre o sequestro e sobre a fuga de casa do raptor. Entre os pontos obscuros da história estaria, por exemplo, o alegado encerramento numa cave. Testemunhas contrariavam esta versão, afirmando que Natascha passeava com Priklopil e teria chegado a passar férias com ele nos Alpes. Foi levantada a hipótese de que mais de uma pessoa estivesse envolvida ou ciente do sequestro. O Caso Kampusch só foi declarado oficialmente encerrado pela justiça austríaca em Janeiro de 2010, com a conclusão de que Wolfgang Priklopil fora o único autor do sequestro e que não houvera mais cúmplices nem envolvidos.


Hoje, Natascha Kampusch vive em reclusão voluntária no apartamento que comprou no centro de Viena. Raramente sai à rua, para evitar ser reconhecida e, eventualmente, insultada. Passa o tempo a estudar, a escrever, a pintar e a tirar fotografias.


Em Setembro de 2010 lançou o livro “3096 Dias”, descrevendo como viveu durante os oito anos em que esteve cativa. Declarou entretanto que pretende destruir parte da casa de Priklopil – a qual ganhou judicialmente – para evitar que se transforme num museu macabro. Um filme sobre este caso está previsto estrear em 2012.

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