sábado, 7 de abril de 2012

EFEMÉRIDE – Robert “Bob” Denard, famoso mercenário francês, nasceu em Grayan-et-l'Hôpital no dia 7 de Abril de 1929. Morreu em Paris, em 13 de Outubro de 2007.
Alistou-se na Marinha aos 16 anos, partindo como voluntário para a Indochina. Seria anos depois, seguramente, o mais influente e conhecido de todos os mercenários que operaram em África após a independência das antigas colónias. Deixou a Armada em 1952 depois de uma altercação num bar e aceitou um emprego de condutor de máquinas e de mecânico em Marrocos. Ingressou mais tarde na polícia deste país, que era ainda um protectorado francês. Em 1954 foi detido e julgado sob a acusação de ter participado num complot para assassinar o Presidente do Conselho francês Mendes France, tendo sido condenado a catorze meses de prisão.
A partir dos anos 1960, teve intervenção preponderante em vários conflitos pós coloniais. Participou em operações militares na Rodésia (actual Zimbabwe) em 1977, no Iémen, no Irão, na Nigéria, no Benim, no Gabão (onde foi instrutor da guarda presidencial), em Angola (1975), em Cabinda (1976), no Zaire e nas Comores, um dos países mais instáveis do planeta.
De 1960 a 1963, foi um dos chefes dos revoltosos no Katanga, apoiando Moïse Tshombé, que acabara de declarar a independência desta antiga província do Congo Belga. Em Janeiro de 1963, quando da queda de Kolwezi e da derrota dos mercenários, estes refugiaram-se em Angola com o acordo do regime português e foram repatriados para França.
Em Agosto de 1963, partiu para o Iémen ao serviço do MI6, com 17 mercenários que foram colocados sob o controlo do coronel britânico David Smiley, antigo oficial do Special Operations Executive durante a Segunda Guerra Mundial.
Voltou ao ex Congo Belga no fim de 1964. Em 1975 interveio em Angola ao lado da UNITA de Jonas Savimbi.
Esteve depois pela primeira vez nas Comores, que tinham proclamado a independência unilateralmente em Julho de 1975. Em Setembro, ajudou a consolidar um golpe de estado de Ali Soilih, prendeu o presidente Ahmed Abdallah e substituiu-o por Soilih.
Em Janeiro de 1977, falhou um golpe destinado a derrubar o regime do Benim. Seguidamente, a sua presença foi assinalada numa tentativa para destabilizar o regime de James Mancham nas Seychelles. Em 1978, voltou às Comores para derrubar o regime revolucionário de Soilih e recolocar Ahmed Abdallah no poder. Bob Denard ocupou-se então da organização de uma guarda presidencial forte, com 600 autóctones enquadrados por um punhado de oficiais europeus. Casou-se e converteu-se ao Islão sob o nome de Saïd Mustapha Mahdjoub, ocupando-se do desenvolvimento do país. A sua autoridade era incontestada. O país tornou-se também o centro de uma rede, que permitia à África do Sul, sob embargo internacional, de se abastecer de armas. As Comores serviram igualmente de base logística da África do Sul, para as suas operações militares contra os países que lhe eram hostis, como Moçambique e Angola.
De volta a França, retirou-se no Médoc, onde sonhava construir um museu da descolonização. Teve no entanto de enfrentar vários procedimentos judiciários, assim como problemas financeiros e de saúde.
Vários jornalistas tentaram encontrar-se com ele, alguns anos antes da sua morte, para obter mais informações sobre o seu passado. Recusou-se a recebê-los, julgando ser ainda capaz de redigir as suas memórias, nas quais prometia muitas revelações. A doença de Alzheimer que o atingira desenvolveu-se porém progressivamente e tornou a sua memória muito confusa. Morreu de paragem cardíaca, levando consigo uma parte dos seus segredos. Viveu os últimos anos com uma pensão de 250 euros, a que tinha direito pelo tempo em que servira na Marinha, durante a Guerra da Indochina.

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