EFEMÉRIDE – Anselmo Duarte Bento, actor, guionista e realizador brasileiro, morreu em São Paulo no dia 7 de Novembro de 2009, devido a complicações decorrentes de um acidente vascular cerebral. Nascera em Salto, em 21 de Abril de 1920.
Começou a trabalhar no cinema como molhador de tela, aos 10 anos de idade. Era um trabalho característico dos tempos do cinema mudo, quando o projector ficava atrás da tela e a aquecia, necessitando de ser molhada a cada dois rolos de filme para evitar incêndios. Com 14 anos, veio para São Paulo fazer um curso comercial que lhe valeu um emprego fixo como dactilógrafo. Em seguida, como dançarino, tentou a sorte no Rio de Janeiro, onde viu um anúncio procurando figurantes para “It’s All True” (1942), documentário que o cineasta Orson Welles estava a rodar no Brasil, mas que nunca foi concluído.
Mais tarde, em 1949, com “Carnaval no Fogo”, tornou-se um dos maiores galãs brasileiros dos meados do século XX. Em 1951, foi contratado pela empresa cinematográfica Vera Cruz, ficando a ganhar o maior salário da companhia. O seu primeiro filme nesta empresa, como actor, foi “Tico-Tico no Fubá” (1952), um grande sucesso. Como protagonista, um dos seus filmes preferidos era “Sinhá Moça” (1953), no qual ele fazia um belo discurso em favor da liberdade. Era uma história do século XIX, sobre uma jovem que se apaixona por um advogado e vive um grande drama de amor, numa época em que as ideias abolicionistas ganhavam força e eram violentamente combatidas. O filme ganhou o Prémio Especial do Júri no Festival de Veneza.
Estreou-se como realizador com “Absolutamente Certo” (1957), vindo a revelar-se um grande director de cinema. Ganhou a Palma de Ouro e o Prémio Especial do Júri no Festival de Cannes em 1962, com “O Pagador de Promessas”, filme que foi nomeado para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e que ganhou vários outros prémios. Dirigiu igualmente outros clássicos do cinema brasileiro, como “Absolutamente Certo” e “Vereda da Salvação”, mas devido a divergências ideológicas com o grupo do Cinema Novo, a sua carreira entrou em declínio. Em 1979, fez uma participação especial na telenovela “Feijão Maravilha”. Dizendo-se cansado do cinema e das críticas, afastou-se das actividades profissionais (não as abandonando porém completamente) e foi viver no interior de São Paulo, onde se dedicou à construção civil na região de Salto do Itu. As suas últimas participações no cinema foram em “Tensão no Rio” (1984) e “Brasa Adormecida” (1986).
Foi membro do júri no Festival de Cannes em 1971. Mais tarde, em 1997, seria convidado especial no 50º aniversário deste festival.
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