EFEMÉRIDE – Soichiro Honda, engenheiro e industrial japonês, nasceu em Hamamatsu no dia 17 de Novembro de 1906. Morreu em Tóquio, de insuficiência hepática, em 5 de Agosto de 1991.
Filho de um ferreiro e de uma tecelã, era uma criança muito curiosa que, desde muito cedo, ficava a observar os motores, ouvindo os seus ruídos, sentindo os seus cheiros e tentando desvendar os seus segredos. Nunca foi um bom aluno, preferindo a prática à teoria dos livros. Aos oito anos, construiu a sua primeira bicicleta. Aos treze, já tinha uma série de pequenas “invenções” e, aos 16 anos, iniciou a sua trajectória profissional, como aprendiz numa oficina em Tóquio. Poucos anos mais tarde, voltou à terra natal e abriu a sua própria oficina.
Aos 30 anos, decidiu começar a fabricar peças em vez de as consertar. Juntou tudo o que tinha e investiu numa fábrica de anéis para pistões. Fabricar, porém, não era tão fácil como ele imaginara e passou por um período bastante duro. Os seus recursos quase acabaram. Queria propor um contrato à Toyota Corporation e, para isso, trabalhou dia e noite, dormindo mesmo na fábrica. Chegou a empenhar as jóias da mulher para prosseguir o negócio, mas quando finalmente terminou os anéis de pistão e os apresentou à Toyota, disseram-lhe que não correspondiam aos padrões da firma. Depois de muita pesquisa, descobriu (com a ajuda de um antigo professor) o que faltava na liga dos anéis – o silício. Dois anos mais tarde, a Toyota assinaria finalmente o contrato por que ele tanto ansiava. No final dos anos 1930, a Tokai Seiki Heavy Industries começou a fabricar em série anéis de qualidade.
Durante a guerra, a fábrica foi bombardeada duas vezes, com a destruição de grande parte das instalações. Honda porém nunca desistiu. Começou a produzir hélices para a Força Aérea Japonesa. Não teve sorte, pois a região onde estava instalado sofreu muitos bombardeamentos e, em Janeiro de 1945, um terramoto acabou por destruir o que restava.
A rendição do Japão ocorreu quando Honda já empreendia a reconstrução das suas máquinas e instalações. Começou a trabalhar, no final da década de 1940, utilizando motores do excedente do exército. Ao obter mais potência nas motos, com uma aceleração maior do que pensava ser possível, ele iria conquistar o mercado mundial. Daí passou para os carros. Apesar de ser o presidente da Honda, Soichiro trabalhava pessoalmente no sector de pesquisas, nunca visitando a sede em Tóquio nem comparecendo às reuniões da direcção, deixando os assuntos de gestão a cargo de um grupo de executivos jovens e bem preparados.
O Japão pós guerra estava caótico e os transportes eram um dos seus maiores problemas. Com o racionamento do combustível e os comboios superlotados, Honda pensou nas motocicletas… Comprou um lote de motores usados e, com a sua capacidade criativa, adaptou-os a bicicletas. Em breve estava a vender os primeiros ciclomotores. Começou então a projectar o seu próprio motor. Seria um motor de 50 cm3 com potência de 0,5 cavalo. O sucesso de vendas foi tal que, em Setembro de 1948, fundou a Honda Motor Company. Soichiro queria no entanto algo melhor e, após fazer vários protótipos, nasceu a primeira motocicleta Honda, com 98 cm3 e 3 cavalos, que seria chamada muito apropriadamente “Dream” (sonho).
Os primeiros automóveis produzidos pela Honda foram o desportivo S500 de dois lugares e a camioneta T360, seguidos do evoluído coupé S600 e da carrinha L700. Em 1967, o extraordinário e compacto motor do N360, a 4 tempos, dois cilindros e 354 cm3, acelerava até às 8.500 rpm e desenvolvia 31 cavalos. Em 1970, a apresentação do Z360 arrefecido a ar serviu de base para uma gama de veículos utilitários que terá conduzido ao Civic em 1972. Em 1971, a empresa começara a desenvolver o motor CVCC (Combustão Controlada por Vortex Composto) de carga estratificada, que representou mais um marco importante na história da Honda, universalmente reconhecida como estando alguns anos à frente em relação à concorrência.
A indústria automóvel sofreria um grande abalo em 1973, durante a crise mundial do petróleo, que trouxe a inflação e a recessão ao Japão. A Honda aumentou no entanto a produção de automóveis e manteve os seus preços. Simultaneamente lançou-se na expansão de outros produtos, como geradores, corta-relvas, motores fora de bordo e bombas de água.
Soichiro permaneceu na Presidência da Honda até à sua reforma em 1973 e, desde então, passou a ser o seu “conselheiro supremo”.
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