EFEMÉRIDE – Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa, presidente do Futebol Clube do Porto desde 1982, nasceu no Porto, Cedofeita, em 28 de Dezembro de 1937. Fez a instrução primária no Colégio Almeida Garrett, tendo tido simultaneamente aulas particulares de Inglês e Francês. Aos 10 anos, foi estudar para o Instituto Nun'Álvares, um colégio jesuíta em Santo Tirso. De regresso ao Porto, conseguiu o seu primeiro emprego aos 19 anos, no Banco Português do Atlântico. Mais ou menos por essa época, iniciou a sua ligação ao FC Porto como dirigente, mantendo contudo o seu emprego no banco e trabalhando posteriormente como vendedor de tintas e resinas, até passar a dedicar-se inteiramente ao dirigismo desportivo. Publicou em 2005 a sua autobiografia, “Largos Dias Têm Cem Anos”, com prefácio de Lennart Johansson, presidente da UEFA entre 1990 e 2007.
Por influência de um tio, entusiasta do futebol, que fora presidente do Famalicão, Pinto da Costa começou a interessar-se pela modalidade aos oito anos de idade. Quando não assistia aos jogos, ouvia os relatos pela rádio. Aos 16 anos, a avó materna inscreveu-o como sócio do FC Porto. Quatro anos depois, foi convidado pelo responsável da secção de hóquei em patins para ocupar o lugar de vogal, o que aceitou. Em 1962, passou a responsável principal, cargo que viria a acumular com o de dirigente do hóquei em campo. Em 1967, acumulou ainda com a secção de boxe.
Em 1969, Afonso Pinto de Magalhães convidou-o para integrar a sua lista para as eleições desse ano, como director das modalidades amadoras. Assim, Pinto da Costa assumiu pela primeira vez um cargo eleito, entre 1969 e 1971.
Em 1976, em conversa com um grupo de amigos e apesar de não se encontrar a desempenhar quaisquer funções no FC Porto, foi espicaçado pelo facto do seu clube ter deixado que o futebolista Albertino, praticamente contratado, “fugisse” para o Boavista. Em resposta, Pinto da Costa disse apenas que «largos dias têm cem anos», tendo decidido desde logo (soube-se mais tarde, quando da publicação da sua autobiografia) regressar ao dirigismo desportivo. Conversou com o então presidente Américo de Sá e comprometeu-se a fazer parte da sua equipa nas eleições seguintes, como director do departamento de futebol.
Ainda antes das eleições, acertou com José Maria Pedroto, treinador do Boavista, o seu regresso ao FC Porto, onde já tinha sido jogador e treinador. Em Maio desse mesmo ano, Pinto da Costa voltou assim a ser dirigente do FC Porto. Com Américo de Sá como presidente, Pinto da Costa como director do futebol e Pedroto como treinador, o FC Porto conseguiu quebrar, em 1977/78, um jejum de 19 anos sem vencer um campeonato nacional. Apesar disso, o final da década de 1970 foi um período conturbado para o FC Porto e Pinto da Costa e Pedroto acabaram por deixar o clube em 1980.
Em Dezembro de 1981, as coisas continuavam a correr mal para o FC Porto e foi então que um grupo de sócios se uniu com o objectivo de convencer Pinto da Costa a candidatar-se à presidência do clube. O “sim” demorou a surgir mas, perante a insistência dos sócios, Pinto da Costa acabou por aceitar, convidando Pedroto para voltar a treinar a equipa principal. Venceu as eleições em Abril de 1982, tornando-se o 33º presidente do FC Porto. Em 1984, o FC Porto chegou à sua primeira final europeia de futebol, na Taça das Taças, contra a Juventus, da qual saiu derrotado. Em 1987, venceu a Taça dos Clubes Campeões Europeus, a Taça Intercontinental e a Super Taça Europeia relativa à mesma época. A década de 1990 foi gloriosa para o futebol portista, graças à conquista de oito campeonatos, cinco deles consecutivamente, feito inédito no futebol português. Já no século XXI, o clube azul e branco aumentou o seu palmarés internacional, vencendo a Taça UEFA em 2003, a Liga dos Campeões em 2004 e a Taça Intercontinental do mesmo ano. Em 2009, Pinto da Costa conquistou o segundo tetracampeonato da sua presidência e da história do clube.
Em 2011, de regresso depois da sua condenação num tribunal desportivo, viu o FC Porto reforçar o seu estatuto de grande clube da Europa, ao conquistar a Liga Europa da UEFA de 2010/11.
Em 2004, tinha sido aberta a operação “Apito Dourado”, no âmbito da qual foram investigados possíveis crimes de falsificação de documentos, corrupção e tráfico de influências no futebol português. Entre as dezenas de arguidos figurava o nome de Pinto da Costa. Em 2006, a sua ex-companheira Carolina Salgado lançou um livro intitulado “Eu, Carolina”, no qual acusava Pinto da Costa de vários crimes, sobretudo de corrupção de árbitros. O livro foi a base da reabertura de processos já arquivados no âmbito da operação “Apito Dourado”, que foram também analisados pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional. A decisão da Liga foi retirar 6 pontos ao FC Porto no campeonato da época 2007/08 e suspender Jorge Nuno Pinto da Costa do seu cargo de presidente da direcção por dois anos. A decisão disciplinar e desportiva não teve idêntico desfecho no foro criminal, onde Pinto da Costa não chegou a ser pronunciado. A existência de um recurso da sanção desportiva, apresentado pelo FC Porto, impediu também que o Tribunal Arbitral Europeu do Desporto viesse a sancionar o clube no âmbito internacional.
No dia 21 de Janeiro de 2010, o jornal “Correio da Manhã” divulgou a existência de algumas gravações das escutas efectuadas no âmbito do processo “Apito Dourado” e disponíveis no YouTube. Estas escutas vieram dar razão à justiça desportiva, mas não foram aceites pela justiça civil.
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