EFEMÉRIDE – Ossip Emilievitch Mandelstam, poeta e ensaísta russo, morreu em Vladivostok no dia 27 de Dezembro de 1938. Nascera em Varsóvia, em 15 de Janeiro de 1891.
Tinha por origem uma família judaica, mas pouco praticante. O pai era comerciante e a mãe professora de piano. Estudou em São Petersburgo, na prestigiosa escola Tenichev, de 1900 a 1907. Nos dois anos seguintes, esteve na Sorbonne, em Paris, e descobriu a poesia de Verlaine. Não podendo ingressar na Universidade de São Petersburgo, em virtude de haver quotas que limitavam as inscrições de alunos judeus, partiu em Setembro de 1909 para a Alemanha, onde estudou Literatura Francesa Antiga e História da Arte, na Universidade de Heidelberg (1909/1910). De 1911 a 1917, estudou Filosofia na Universidade de São Petersburgo, onde se pôde finalmente inscrever, após ser baptizado segundo o rito “metodista episcopal”. Mandelstam tornou-se membro da Associação de Poetas em 1911, depois de ter publicado os seus primeiros poemas na revista “Apollon” em 1910.
Nos anos 1920, ganhou a vida escrevendo livros para crianças e traduzindo obras de Upton Sinclair e Jules Romains, entre outros.
Considerava-se como um outsider e costumava estabelecer um paralelo entre a sua sorte e a de Pouchkine. A preservação da cultura tradicional passou a ser para ele uma missão fundamental e as autoridades soviéticas começaram a pôr em dúvida a sua lealdade para com o regime bolchevique. Anos depois, enquanto era cada vez mais suspeito de actividades contra-revolucionárias, partiu para a Arménia e voltou à poesia, depois de uma paragem de cinco anos (1920/1925). Prosseguiu a sua obra, de modo dolorosamente solitário e corajosamente inovador, num clima muito hostil e cada vez mais perigoso. No Outono de 1933, escreveu um breve poema (epigrama) contra Estaline, “O Montanhês do Kremlin”. Foi preso pela primeira vez em 1934 e posteriormente condenado ao exílio em Tcherdyne. Depois de uma tentativa de suicídio, foi exilado em Voronej até 1937. Em Maio de 1938, voltou a ser detido e condenado a cinco anos de trabalhos forçados. Depois de sofrer as piores humilhações, morreu de fome e de frio, perto de Vladivostok, durante uma viagem que o conduziria para um “campo de trânsito” às portas de Kolyma. Foi sepultado numa vala comum.
Só nos anos 1970, trinta e dois anos após o seu desaparecimento, o nome de Ossip Mandelstam foi verdadeiramente conhecido. Todas as suas obras foram então publicadas na União Soviética e no Ocidente. A viúva, Nadejda Mandelstam, publicou também as próprias memórias, “Esperança contra esperança” em 1970 e “Fim da esperança” em 1974, descrevendo a sua vida e a era estalinista.
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