EFEMÉRIDE – Mário Crespo, jornalista português, nasceu em Coimbra no dia 13 de Abril de 1947. Notabilizou-se como correspondente da RTP em Washington e Nova Iorque, entre 1991 e 1998.
Passou a infância e a juventude em Lourenço Marques (hoje Maputo). Estudou no Liceu Salazar, vindo depois para Lisboa, onde residiu no Colégio Universitário Pio XII. Em 1969, matriculou-se em Engenharia no Instituto Superior Técnico, desistindo um ano depois. Chamado a cumprir o serviço militar obrigatório em 1970, foi transferido para Moçambique, a seu pedido, em plena guerra da independência. Em 1972, foi colocado no Gabinete de Imprensa Militar do general Kaúlza de Arriaga, como intérprete. Com o desenrolar da guerra, foi integrado no Comando das Cargas Críticas, que controlava as cargas de cimento provenientes da Beira, para a construção da barragem de Cahora Bassa. Posteriormente, foi colocado no Agrupamento de Engenharia em Tete. Frequentou também o curso de Medicina na Universidade de Lourenço Marques, mais tarde Universidade Eduardo Mondlane, que abandonou no 4º ano.
Com a Revolução dos Cravos em Portugal e a instabilidade que esta gerou em Moçambique, partiu para Joanesburgo em Setembro de 1974, acompanhado da mãe, sem quaisquer pertences. Em Joanesburgo, nesse mesmo ano, iniciou a carreira jornalística como estagiário da South African Broadcasting Corporation, onde viria a ser chefe de redacção. Anos mais tarde, a estação abriu um canal de televisão, na qual Mário Crespo também chegou a trabalhar. Cessou funções em 1981, indo para os Estados Unidos, onde arranjou emprego como tradutor na Voz da América, funções que deixou pouco tempo depois.
Em 1982, regressou a Lisboa, ingressando na redacção da RTP, onde viria – em 1986 – a apresenta o jornal “Sumário” na RTP2. Em 1989, então a apresentar o “Jornal das Nove”, transmitido nas noites da RTP2, saiu da estação para dirigir o jornal “A Capital”, a convite de Pinto Balsemão. Em 1990, apresentou na RTP1 o “Jornal de Sábado”. Com o começo da Guerra do Golfo, em 1991, foi destacado como correspondente da RTP em Israel.
Pouco tempo depois, regressou a Lisboa, sendo nomeado correspondente da RTP nos EUA. Trabalhou numa empresa dependente da Eurovisão, como chefe de agência em Washington e correspondente em Nova Iorque. Conseguiu uma credencial permanente da Casa Branca, após um longo processo de ano e meio que incluiu uma investigação do FBI acerca da sua vida durante os vinte anos anteriores. A credencial permitia-lhe assistir aos briefings e conferências de imprensa da Presidência, na Casa Branca, do Departamento de Estado e do Pentágono. Durante este período em Washington, surgiram uma série de desentendimentos entre Mário Crespo e a RTP, dos quais se salientam várias denúncias de Mário Crespo à administração da RTP por ter detectado irregularidades entre aquele canal e a empresa portuguesa Telepromo em Newark, como abuso de confiança, gestão danosa, prática de preços duas ou três vezes acima do valor de mercado, débito de serviços não prestados, entre outras. O responsável da Telepromo negou as irregularidades, assim como alguns dos visados da RTP. José Eduardo Moniz, então director-coordenador da RTP, abriu um inquérito que resultou na cessação do contrato com a Telepromo. Três anos após ter denunciado as irregularidades e, apesar do contrato com a Telepromo ter cessado, Mário Crespo continuou a verificar algumas irregularidades, como a continuação de serviços prestados pela empresa à RTP e o respectivo envio de facturas. Devido a isso, em Julho de 1994, entregou um dossier com documentos sobre as irregularidades à Procuradoria-Geral da República. Este processo acabou por ser arquivado. Apesar de terem sido provadas as irregularidades, não foi provada a intencionalidade de as praticar por parte dos visados.
A RTP deixou de pagar o salário e as despesas de Mário Crespo em 1998, vendo-se este obrigado a regressar a Portugal. Como o contrato que celebrara ainda não tinha terminado (faltava ano e meio) e não lhe atribuíam quaisquer funções, meteu um processo em tribunal contra a RTP que, anos mais tarde, teve de lhe pagar uma indemnização. A RTP acabou por o colocar num edifício fora da redacção e sem quaisquer funções, recebendo cerca de um terço do salário que recebia em Washington. Foi também alvo de alguns processos disciplinares por parte da RTP. Durante esse período, deu aulas na Universidade Independente.
Em Agosto de 2000, após receber confirmação de que podia ingressar na redacção da SIC Notícias como editor de jornalismo internacional, apresentou à RTP uma carta de demissão com justa causa, por não ter funções atribuídas, demissão essa que a RTP não aceitou. Estreou-se na SIC Notícias em Janeiro de 2001.
Entre Janeiro e Maio de 2009, conduziu o programa de entrevistas “Mário Crespo entrevista”, transmitido no canal de sinal aberto SIC. Actualmente, é o pivô do “Jornal das 9” da SIC Notícias, um jornal com formato semelhante ao “Nightline” da American Broadcasting Company (ABC), transmitido diariamente às 21 horas. O “Jornal das 9” é composto, na primeira parte, pelo telejornal com pelo menos um convidado e, na segunda parte, denominada “Frente-a-Frente”, por um debate sobre notícias da actualidade, entre dois comentadores também convidados. Apresenta ainda o programa de reportagens “60 Minutos”.
Sem comentários:
Enviar um comentário