EFEMÉRIDE – Luís Miguel do Valle Cintra, actor e encenador português, nasceu em Madrid no dia 29 de Abril de 1949.
Filho do filólogo e linguista Lindley Cintra, iniciou-se no teatro em 1968, através do Grupo de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, enquanto frequentava o Curso de Filologia Românica.
Entre 1970 e 1972, estudou no Acting Technical Course da Bristol Old Vic Theatre School, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Em 1973, fundou – juntamente com Jorge Silva Melo – o Teatro da Cornucópia, sendo seu director.
Até à década de 1980, fez críticas de teatro para o “O Tempo e o Modo”, dirigiu a “Colecção de Teatro Seara Nova” editada pela Estampa e a “Colecção de Teatro” da editora Ulmeiro, sendo professor do Conservatório Nacional (Interpretação na Escola de Teatro e Direcção de Actores na Escola de Cinema). Declamador, gravou a leitura integral de “Viagens na Minha Terra” de Almeida Garrett e “Amor de Perdição” de Camilo Castelo Branco, assim como poemas de Fernando Pessoa, Sophia de Mello Breyner, Ruy Belo, Luís de Camões, Antero de Quental e um sermão do Padre António Vieira.
A sua actividade teatral tem estado centrada no Teatro da Cornucópia, onde dirigiu peças de Brecht, Tchekhóv, Goethe, Molière, Ésquilo, Séneca, Sófocles, Gorki, Gil Vicente, Samuel Beckett, Shakespeare, Lope de Vega, Beaumarchais, Pier Paolo Pasolini, R. W. Fassbinder, Luís de Camões, António José da Silva, Stravinski, F. Garcia Lorca, Jean Genet, Courteline, Pierre Corneille, Luigi Pirandello, Francisco de Holanda, Raul Brandão, Calderón, etc.. Participou como actor em quase todos os espectáculos por si encenados.
Em 1984, esteve com o seu grupo no Festival de Teatro da Bienal de Veneza. Em 1988, encenou para o Festival de Avignon, com Maria de Medeiros, o espectáculo “La Mort du Prince et Autres Fragments” de Fernando Pessoa, que voltou a apresentar no ano seguinte, no Festival do Outono em Paris. Em Itália , apresentou-se com o Teatro da Cornucópia em Udine, na realização do projecto de formação de actores “L'École des Maîtres”, que lhe foi dedicado em 1991. No mesmo ano, esteve também em Bruxelas por ocasião da Europália.
Como encenador de ópera, encenou no Teatro Nacional de S. Carlos em Lisboa “L'Enfant et les Sortilèges” de Ravel em 1987, “As Bodas de Fígaro” de Mozart em 1988, “L’Isola Disabitata” de Haydn em 1997, “Jeanne d’Arc au Bûcher” de Honneger e Claudel em 2003 e “Medea” de Cherubini em 2005.
No cinema, iniciou a sua carreira em 1970, protagonizando filmes de João César Monteiro, Luís Filipe Rocha, Solveig Nordlund, Jorge Silva Melo, Manoel de Oliveira, Maria de Medeiros, Teresa Villaverde, João Botelho e John Malkovich, entre outros. Fez até agora cerca de 50 filmes como actor e foi argumentista da película “A Morte do Príncipe” de Maria de Medeiros (1991). Actor fetiche de Manoel de Oliveira, juntamente com Diogo Dória e Leonor Silveira, foi por ele dirigido em 17 filmes, sendo igualmente o narrador do seu documentário de 58 minutos “Lisboa Cultural”.
Dos prémios que recebeu até agora, são de salientar: Prémio Bordalo da Casa da Imprensa em 1995 (Melhor Interpretação em Cinema) e em 1997 (Melhor Interpretação em Teatro); Globo de Ouro em 1999 para a Personalidade do Ano em Teatro; Globo de Ouro para Melhor Actor de Teatro, pela sua interpretação em “Esopaida ou Vida de Esopo” de António José da Silva, em 2003; Prémio Universidade de Coimbra em 2005; e Prémio Pessoa, que lhe foi atribuído pelo jornal “Expresso”, igualmente em 2005. Recebeu o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada em Junho de 1998.
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