EFEMÉRIDE – Serguei Sergueievitch Prokofiev, compositor, pianista e maestro russo, nasceu em Sontsovka, no Império Russo, no dia 23 de Abril de 1891. Morreu em Moscovo, em 5 de Março de 1953.
É um dos compositores mais conhecidos do século XX, mercê de obras como o ballet “Romeu e Julieta”, as óperas “O Amor das Três Laranjas” e “Guerra e Paz”, a composição infantil “Pedro e o Lobo” e as bandas sonoras para filmes de Eisenstein. Nos seus últimos anos, enfrentou graves dificuldades financeiras e de saúde.
Prokofiev demonstrou, ainda muito novo, ter invulgares dotes musicais, seguramente por influência da mãe que era pianista. Aos nove anos, compôs a sua primeira ópera infantil “O Gigante”. Sentindo que o isolamento do local onde viviam estava a restringir o desenvolvimento musical de Serguei, a mãe levou-o em 1904 para São Petersburgo, inscrevendo-o no Conservatório. Entre os seus professores, estava Rimsky-Korsakov. Passou nos testes de admissão e começou os seus estudos no mesmo ano. Em 1909, graduou-se em Composição e continuou no conservatório estudando Piano.
Em 1910, com o falecimento do pai, esgotou-se o seu suporte económico. Ele, no entanto, já tinha uma certa reputação como compositor. Os seus dois primeiros concertos para piano foram compostos nessa época. Fez a sua primeira tournée fora da Rússia em 1913, indo a Londres e depois a Paris. Aqui, encontrou os Ballets Russos de Diaghilev. No ano seguinte, terminou o curso do Conservatório com as mais altas classificações e o Prémio Rubenstein. Voltou a Londres, onde entrou em contacto com Diaghilev e Igor Stravinsky.
Durante a Primeira Guerra Mundial, reentrou no Conservatório, para estudar Órgão. Compôs a ópera “O Jogador”, com base na obra homónima de Dostoievski, um estudo sobre a obsessão. A estreia seria porém cancelada, devido à Revolução Russa de 1917.
No Verão do mesmo ano, compôs a sua “Primeira Sinfonia”, desenvolvida no estilo clássico em quatro andamentos. Ele estava no entanto determinado a deixar a Rússia, pelo menos temporariamente, percebendo que não tinha nenhuma oportunidade para fazer música experimental. Em Maio de 1918, mudou-se para os Estados Unidos. Posteriormente, esclareceu que «o motivo da sua saída tinha sido estritamente musical e não uma oposição ao novo regime».
Prokofiev passou a viver em São Francisco. Recebeu um contrato de produção para a sua ópera “O Amor das Três Laranjas”, que teve a estreia cancelada devido à doença e morte do realizador. Este episódio acabou por travar uma possível carreira nos Estados Unidos. Com problemas financeiros, mudou-se para Paris em Abril de 1920, visto não querer voltar à Rússia como um fracassado Retomou contacto com Diaghilev e Stravinsky, e voltou a trabalhos antigos e inacabados como o “Concerto para Piano nº 3” . Para Diaghilev, compôs os bailados “Chout” e “O Passo de Aço”, apoteose do processo de industrialização que estava a ocorrer nesse momento na Rússia. “O Amor das Três Laranjas” foi estreado finalmente em Chicago, mas sem o seu acordo.
Em Março de 1922, mudou-se para Ettal, nos Alpes da Baviera, a fim de se concentrar completamente nas composições. Nessa época, os ecos da sua música começavam já a chegar ao seu país natal mas, apesar de receber convites para regressar, permaneceu ainda no Ocidente. Em 1927, por intermédio de Diaghilev, realizou finalmente diversas tournées pela Rússia.
Em 1929, sofreu um acidente de carro e lesionou-se gravemente nas duas mãos, o que o impediu de fazer uma nova deslocação a Moscovo. Após a sua recuperação, realizou uma digressão pelos Estados Unidos, sendo calorosamente recebido, reflexo do seu sucesso na Europa. No começo da década de 1930, começou a passar mais tempo na União Soviética. Fez bandas sonoras para filmes e o ballet “Romeu e Julieta” para o Ballet Kirov, em Leninegrado.
Foi solista da Orquestra Sinfónica de Londres, em Junho de 1932, e gravou alguns dos seus trabalhos em Paris (1935). Esteve em Itália, Alemanha, Canadá e Cuba.
Em 1935, fixou-se definitivamente na Rússia. Em 1938, dirigiu a Orquestra Filarmónica de Moscovo, na gravação da segunda suite do seu ballet “Romeu e Julieta”. Compôs música infantil (para despertar o interesse das crianças pelas actividades musicais), como “Pedro e o Lobo”. Ainda em 1938, colaborou musicalmente com o célebre cineasta Eisenstein, no filme épico “Alexander Nevsky”.
Em 1941, sofreu o primeiro de uma série de ataques cardíacos. A Segunda Guerra Mundial inspirou Prokofiev a escrever mais uma ópera – “Guerra e Paz”, baseada na obra de Tolstoï, na qual trabalhou durante dois anos. Em 1943, recebeu o Premo Estaline. Mudou-se para fora de Moscovo, para compor mais tranquilamente a “Quinta Sinfonia”, cujo tema é a vitória sobre a Alemanha e que se tornaria a sua sinfonia mais popular. Valeu-lhe um novo Prémio Estaline (1945). Pouco tempo depois, sofreu nova crise e nunca recuperou totalmente, diminuindo a sua produtividade.
Ainda escreveu a “Sexta Sinfonia” e a “Nona Sonata para Piano”. Em 1947, foi proclamado Artista do Povo da URSS. Em Fevereiro de 1948, uma resolução das autoridades condenou supostas tendências formalistas e antidemocráticas de alguns músicos. A música de Prokofiev passou a ser vista como um exemplo de cosmopolitismo e os seus últimos projectos de ópera foram cancelados pelo Teatro Kirov. A sua última apresentação pública foi na estreia da “Sétima Sinfonia” em 1952. Morreu aos 61 anos, vítima de hemorragia cerebral, curiosamente no mesmo dia em que faleceu Estaline. Em 1957, o Prémio Lenine foi-lhe atribuído a título póstumo.
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