terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

9 DE FEVEREIRO - ALEJANDRO DE FINISTERRE

EFEMÉRIDEAlejandro de Finisterre, de seu verdadeiro nome Alexandre Campos Ramírez, poeta, editor e inventor do jogo de matraquilhos, morreu em Zamora no dia 9 de Fevereiro de 2007. Nascera em Finisterre, em 6 de Maio de 1919.
Alexandre viveu em Finisterre até aos cinco anos de idade, mudando-se depois para a Corunha. Aos quinze anos, foi tirar um bacharelato em Madrid. O pai tinha uma sapataria, que entretanto faliu.
Alexandre tinha nove irmãos, pelo que o pai deixou de lhe poder pagar o colégio privado. O director da escola pô-lo então a corrigir os trabalhos de casa de alunos mais atrasados, pagando assim a matrícula. Também trabalhou na construção civil e, mais tarde, numa tipografia.
Conheceu entretanto León Felipe (de quem viria a ser testamenteiro), que – juntamente com Rafael Sánchez Ortega – editavam o jornal “Paso a la juventud”, para ser vendido na rua.
Em Novembro de 1936, Alexandre ficou soterrado num dos bombardeamentos de Madrid na Guerra Civil Espanhola. Primeiro levaram-no para Valência, mas como os ferimentos eram graves, foi transportado para um hospital de Monserrat. Ali conheceu muitos jovens, feridos como ele, incapazes de correr e dar uns simples pontapés numa bola. Foi assim que ele pensou no “futebol de mesa”, inspirando-se no pingue-pongue.
Confiou ao seu amigo Francisco Xavier Altuna, um carpinteiro do País Basco, o fabrico do primeiro jogo de matraquilhos, seguindo as suas instruções. No entanto, não pôde vendê-lo a nível industrial já que todas as fábricas de jogos, a maioria em Valência, estavam a fabricar armas “a sério” para a guerra. Patenteou a invenção em Barcelona em Janeiro de 1937. Não obstante, devido ao triunfo franquista, teve de exilar-se em França cruzando a pé os Pirenéus. Devido à chuva, que caiu ininterruptamente durante dez dias, perdeu a patente que levava consigo.
Em Paris, no ano de 1948, conseguiu um visto que lhe permitiu viajar para o Equador, onde fundou uma revista na qual dedicava cada número aos poetas de um país. Mais tarde, em 1952, foi à Guatemala, mais concretamente ao Cabo de Santa María, e depois de melhorar o jogo que inventara, incorporando barras de aço e melhorando a qualidade do material, começou a fabricá-los, fazendo um bom negócio. Isto aconteceu enquanto havia democracia no país, já que – depois do golpe de estado do coronel Carlos Castillo Armas – foi roubado e sequestrado devido à sua ideologia de esquerda – ficando sem nada. Foi enviado, na década de 1960, num avião para Espanha. Naquele voo, Alexandre ameaçou o piloto, dizendo-lhe que tinha explosivos em seu poder. O avião viria a aterrar no Panamá, naquele que seria um dos primeiros desvios da história da aviação.
Mais tarde, foi para o México, onde encontrou diversos amigos poetas e escritores, pelo que ali permaneceu, dedicando-se às artes gráficas e a diversas editoras. Fundou e presidiu a Editorial Finisterre Impresora, onde editou a revista do centro galego do México e livros de vários poetas, entre os quais León Felipe e Juan Larrea. Além disso, foi redactor do periódico “El Nacional” e editou um fac-símile da revista “Galeuska” e o primeiro livro de poemas de Ernesto Cardenal.
Voltou ao seu país logo após a morte de Francisco Franco. Uma vez em Espanha, ficou surpreendido ao constatar que os matraquilhos estavam amplamente divulgados, já que os fabricantes valencianos tinham assumido o jogo como nacional. Residiu em Aranda de Duero (província de Burgos), onde continuou a escrever. Mudou-se depois para Zamora, onde administrou a herança do poeta e amigo León Felipe como seu testamenteiro.  
Faleceu em Zamora, com 87 anos, na casa que habitava no bairro de Pinilla. As suas cinzas foram lançadas ao rio Douro, na sua passagem pela cidade de Zamora, e no Atlântico, em Finisterre.

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