EFEMÉRIDE - José Vianna da
Motta, pianista, compositor, maestro e musicógrafo português, nasceu em São
Tomé e Príncipe no dia 22 de Abril de 1868. Morreu em Lisboa, em 1 de Junho
de 1948, aos 80 anos.
Nascido na ex-colónia portuguesa de São Tomé, pouco tempo depois, viajou para Lisboa com os pais. Aqui estudou no Conservatório Nacional de Lisboa, então designado Conservatório Real de Lisboa. Revelou cedo uma grande aptidão para a música, particularmente para o piano, tendo composto a sua primeira peça musical com 5 anos de idade.
Por iniciativa do pai, foi levado à corte em 1874, tendo com isso obtido o patrocínio dos seus estudos pelo rei D. Fernando II e sua esposa, a Condessa de Edla. Até 1882, apresentou-se várias vezes não só em recitais privados, mas também em recitais públicos, nomeadamente no Salão da Trindade. Durante esse período, compôs dezenas de obras - sobretudo para piano a solo - dos mais variados géneros: valsas, mazurcas, polcas, marchas, fantasias, etc.
Após concluir os estudos no Conservatório em 1882, partiu para Berlim, custeado pelo real mecenas, ingressando no Conservatório Scharwenka, onde teve aulas de piano com Xaver Scharwenka e aulas de composição com o irmão Philipp Scharwenka. Estudou paralelamente com Carl Schaeffer, membro da Sociedade Wagneriana, que exerceu grande influência em Vianna da Motta, a julgar pelo conteúdo dos seus diários.
No Verão de 1885, frequentou um estágio de piano de Franz Liszt, em Weimar, tendo por isso sido um dos últimos alunos deste mestre húngaro. Parte dessa experiência é relatada por Vianna da Motta nas suas obras literárias “A Vida de Liszt” e “Música e músicos alemães”. Em 1887, frequentou o curso de interpretação de Hans von Bülow, em Frankfurt am Main, experiência descrita por Vianna da Motta na sua correspondência, posteriormente publicada em livro.
Durante a sua carreira de pianista concertista, que arrancou verdadeiramente em 1887, Vianna da Motta deu mais de mil concertos por todo o mundo - muitos dos quais perante presidentes, reis e imperadores - nomeadamente na Alemanha, em Portugal, em França, em Espanha, em Inglaterra, em Itália, na Dinamarca, no Brasil, na Argentina, no Uruguai, nos Estados Unidos, em Marrocos, na Rússia, etc. Destacou-se no quadro dos distintos pianistas da sua época, sendo particularmente elogiado pela imprensa e pela crítica, nas suas interpretações de Bach, Beethoven e Liszt. Tocou com músicos célebres da época, tais como Pablo de Sarasate, Guilhermina Suggia, Alice Barbi, Tivadar Nachéz, Enrique Fernández Arbós, Bernardo Moreira de Sá, Eugène Ysaÿe, etc. Foi amigo próximo de Ferruccio Busoni e Isidor Philipp e contactou com diversas personalidades do mundo da música.
Com o início da Primeira Guerra Mundial, Vianna da Motta viu-se obrigado a abandonar a sua residência em Berlim e, em 1915, instalou-se em Genebra. Aí dirigiu a classe de virtuosidade da Escola Superior de Música até 1917, ano em que regressou definitivamente a Portugal. À sua chegada a Lisboa, fundou a Sociedade de Concertos da qual foi o primeiro director artístico. Assumiu, em 1919, o cargo de director do Conservatório Nacional de Lisboa, que manteve até 1938. No primeiro ano do exercício dessa função, e com a colaboração de Luís de Freitas Branco, procedeu à reforma do ensino da música aí praticado, modernizando os seus programas e métodos pedagógicos. Exerceu também o cargo de director musical da Orquestra Sinfónica de Lisboa, entre 1918 e 1920.
Realizou inúmeras primeiras audições em Portugal de obras há muito consagradas - como a integral das 32 sonatas de Beethoven, no centenário da sua morte assinalado em 1927 - e de obras de compositores seus contemporâneos. Publicou assiduamente artigos em revistas especializadas alemãs e portuguesas sobre técnica e interpretação pianísticas, assim como estudos acerca da música de Wagner e Liszt. Colaborou nas revistas “A Arte Musical” (1898/1915) e “Lusitânia” (1924/1927).
Entre os seus discípulos, destacam-se os pianistas José Carlos Sequeira Costa, Maria Helena Sá e Costa, Maria Manuela Araújo, Elisa de Sousa Pedroso, Campos Coelho, Maria Cristina Lino Pimentel, Marie Antoinette Aussenac, Nella Maissa, Guilherme Fontainha, Maria da Graça Amado da Cunha, Fernando Corrêa de Oliveira, Luiz Costa, o musicólogo João de Freitas Branco e o compositor Fernando Lopes-Graça.
José Vianna da Motta foi importante para a história da música em Portugal, no âmbito da música de concerto, por lhe caber o mérito da primeira procura e criação consciente de música culta de carácter nacional. São disso testemunho a sua obra mais relevante - a sinfonia “À Pátria”, as suas composições pianísticas e as suas canções para canto e piano.
Na Alemanha, foi-lhe concedido o título de Hofpianist (pianista da Corte) por Carlos Eduardo de Saxe-Coburgo-Gota. Foi grande-oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1920), grande-oficial da Ordem Militar de Cristo (1930) e Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1938).
Casou a primeira vez com Margarethe Lemke, a segunda vez com Irma Harden e a terceira com Berta de Bívar, a única com quem teve filhos.
Passou os últimos anos de vida na residência da sua filha Inês e do seu genro, o psiquiatra Henrique João de Barahona Fernandes.
Nascido na ex-colónia portuguesa de São Tomé, pouco tempo depois, viajou para Lisboa com os pais. Aqui estudou no Conservatório Nacional de Lisboa, então designado Conservatório Real de Lisboa. Revelou cedo uma grande aptidão para a música, particularmente para o piano, tendo composto a sua primeira peça musical com 5 anos de idade.
Por iniciativa do pai, foi levado à corte em 1874, tendo com isso obtido o patrocínio dos seus estudos pelo rei D. Fernando II e sua esposa, a Condessa de Edla. Até 1882, apresentou-se várias vezes não só em recitais privados, mas também em recitais públicos, nomeadamente no Salão da Trindade. Durante esse período, compôs dezenas de obras - sobretudo para piano a solo - dos mais variados géneros: valsas, mazurcas, polcas, marchas, fantasias, etc.
Após concluir os estudos no Conservatório em 1882, partiu para Berlim, custeado pelo real mecenas, ingressando no Conservatório Scharwenka, onde teve aulas de piano com Xaver Scharwenka e aulas de composição com o irmão Philipp Scharwenka. Estudou paralelamente com Carl Schaeffer, membro da Sociedade Wagneriana, que exerceu grande influência em Vianna da Motta, a julgar pelo conteúdo dos seus diários.
No Verão de 1885, frequentou um estágio de piano de Franz Liszt, em Weimar, tendo por isso sido um dos últimos alunos deste mestre húngaro. Parte dessa experiência é relatada por Vianna da Motta nas suas obras literárias “A Vida de Liszt” e “Música e músicos alemães”. Em 1887, frequentou o curso de interpretação de Hans von Bülow, em Frankfurt am Main, experiência descrita por Vianna da Motta na sua correspondência, posteriormente publicada em livro.
Durante a sua carreira de pianista concertista, que arrancou verdadeiramente em 1887, Vianna da Motta deu mais de mil concertos por todo o mundo - muitos dos quais perante presidentes, reis e imperadores - nomeadamente na Alemanha, em Portugal, em França, em Espanha, em Inglaterra, em Itália, na Dinamarca, no Brasil, na Argentina, no Uruguai, nos Estados Unidos, em Marrocos, na Rússia, etc. Destacou-se no quadro dos distintos pianistas da sua época, sendo particularmente elogiado pela imprensa e pela crítica, nas suas interpretações de Bach, Beethoven e Liszt. Tocou com músicos célebres da época, tais como Pablo de Sarasate, Guilhermina Suggia, Alice Barbi, Tivadar Nachéz, Enrique Fernández Arbós, Bernardo Moreira de Sá, Eugène Ysaÿe, etc. Foi amigo próximo de Ferruccio Busoni e Isidor Philipp e contactou com diversas personalidades do mundo da música.
Com o início da Primeira Guerra Mundial, Vianna da Motta viu-se obrigado a abandonar a sua residência em Berlim e, em 1915, instalou-se em Genebra. Aí dirigiu a classe de virtuosidade da Escola Superior de Música até 1917, ano em que regressou definitivamente a Portugal. À sua chegada a Lisboa, fundou a Sociedade de Concertos da qual foi o primeiro director artístico. Assumiu, em 1919, o cargo de director do Conservatório Nacional de Lisboa, que manteve até 1938. No primeiro ano do exercício dessa função, e com a colaboração de Luís de Freitas Branco, procedeu à reforma do ensino da música aí praticado, modernizando os seus programas e métodos pedagógicos. Exerceu também o cargo de director musical da Orquestra Sinfónica de Lisboa, entre 1918 e 1920.
Realizou inúmeras primeiras audições em Portugal de obras há muito consagradas - como a integral das 32 sonatas de Beethoven, no centenário da sua morte assinalado em 1927 - e de obras de compositores seus contemporâneos. Publicou assiduamente artigos em revistas especializadas alemãs e portuguesas sobre técnica e interpretação pianísticas, assim como estudos acerca da música de Wagner e Liszt. Colaborou nas revistas “A Arte Musical” (1898/1915) e “Lusitânia” (1924/1927).
Entre os seus discípulos, destacam-se os pianistas José Carlos Sequeira Costa, Maria Helena Sá e Costa, Maria Manuela Araújo, Elisa de Sousa Pedroso, Campos Coelho, Maria Cristina Lino Pimentel, Marie Antoinette Aussenac, Nella Maissa, Guilherme Fontainha, Maria da Graça Amado da Cunha, Fernando Corrêa de Oliveira, Luiz Costa, o musicólogo João de Freitas Branco e o compositor Fernando Lopes-Graça.
José Vianna da Motta foi importante para a história da música em Portugal, no âmbito da música de concerto, por lhe caber o mérito da primeira procura e criação consciente de música culta de carácter nacional. São disso testemunho a sua obra mais relevante - a sinfonia “À Pátria”, as suas composições pianísticas e as suas canções para canto e piano.
Na Alemanha, foi-lhe concedido o título de Hofpianist (pianista da Corte) por Carlos Eduardo de Saxe-Coburgo-Gota. Foi grande-oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1920), grande-oficial da Ordem Militar de Cristo (1930) e Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1938).
Casou a primeira vez com Margarethe Lemke, a segunda vez com Irma Harden e a terceira com Berta de Bívar, a única com quem teve filhos.
Passou os últimos anos de vida na residência da sua filha Inês e do seu genro, o psiquiatra Henrique João de Barahona Fernandes.
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