É filha de pai português e mãe
moçambicana. Na infância e adolescência, era considerada muito rebelde, tendo
sido expulsa ou convidada a sair de 5 colégios. Na mesma altura, dedicou-se ao
desporto durante vários anos, que lhe incutiam regras, tendo praticado natação,
judo, karaté e aikido, onde chegou a ser cinturão negro.
Nos anos 1970, começou
também a dar aulas de natação a crianças autistas. Foi apenas em 1976 que
descobriu a paixão pela música, quando frequentou um curso de
nadadora-salvadora e constatou que tinha uma boa voz.
Em 1982, um amigo desafiou-a a e
inscrever-se na Escola de Jazz do Hot Club, em Lisboa. Na audição,
improvisou o clássico de Cole Porter, “Night and Day”. Foi admitida de
imediato. Ainda no Hot Club, em 1983, formou o seu primeiro grupo e estreou-se
em concerto na abertura de um restaurante, onde fez uma série de improvisos e
começou a apresentar-se em casas nocturnas de Lisboa.
Em 1985, lançou definitivamente a
sua carreira, depois de ter recebido boas críticas graças à sua actuação no Festival
de Jazz de Cascais. No mesmo ano, gravou o disco “Cem Caminhos” e
fez uma digressão na Alemanha.
No ano seguinte, regressou ao
estúdio para gravar o álbum “Conversa” e iniciou uma colaboração com a
pianista japonesa Aki Takase. O contacto com a pianista marcou a viragem para
um estilo e repertório mais seus, orientados para o free jazz.
Em 1990, nasceu o seu filho, João
Carlos. Maria João voltou a Portugal, depois de viajar pela Europa,
envolvendo-se num projecto com o grupo português Cal Viva, de Carlos
Bica, José Peixoto, José Salgueiro e Mário Laginha.
Em 1992, Maria João trabalhou com
a cantora Lauren Newton e em quarteto com Christof Lauer, Bob Stenson e Mário
Laginha, participando igualmente no Europália e na Expo de Sevilha.
No mesmo ano, assinou contrato com a editora Verve.
Com Mário Laginha, em 1994,
formou um duo. Desta parceria, podem-se destacar os álbuns “Cor” (1998) -
o qual evoca os 500 anos dos descobrimentos portugueses - e “Lobos, Raposas
e Coiotes” (1999), no qual gravou duas famosas canções brasileiras, “Beatriz”
e “Asa Branca”.
O álbum “Chorinho Feliz”,
(2000), lançado em comemoração dos 500 anos da presença portuguesa no Brasil,
contou com a participação de músicos como Gilberto Gil, Lenine, Helge A.
Norbakken, Toninho Ferragutti e Nico Assumpção.
Em 2001, foi lançado o disco do
projecto Mumadji, quarteto formado por Maria João, Mário Laginha, Helge
Norbakken e Toninho Ferragutti.
Em 2003, foi lançado o álbum “Undercovers”
com releituras de grandes sucessos da música universal - incluindo “O
Quereres”, de Caetano Veloso. Em 2003, foi a directora da academia do
programa “Operação Triunfo”, na RTP.
2004 foi o ano do disco “Tralha”,
com temas originais de Mário Laginha.
Em 30 de Janeiro de 2006, foi
agraciada com o grau de comendador da Ordem do Infante D. Henrique.
Em 2007, lançou a solo o disco “João”.
Volta a colaborar na 3ª edição do programa “Operação Triunfo”.
Desde 2009, juntamente com o
teclista João Farinha, lidera o projecto OGRE, banda que mistura jazz
com música electrónica.
Em Junho de 2016, participou no “Experimenta Portugal”, programa
cultural promovido pelo Consulado Geral de Portugal em São Paulo, em
torno do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, com
uma apresentação musical no Auditório Ibirapuera -
Oscar Niemeyer, com a Orquestra Jazz Sinfónica, sob regência do
maestro João Maurício Galindo e com a participação dos guitarristas do fado
Coimbra Ricardo Dias e Luís Ferreirinha.
Entre vários prémios
conquistados, salientam-se: Prémio Revelação do Ano (1984), Prémio
Nova Gente como intérprete feminina (1985) e Festival de Jazz de San
Sebastian (1985).
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