sexta-feira, 1 de março de 2024

1 DE MARÇO - HARRY BELAFONTE

EFEMÉRIDE - Harry Belafonte, de seu verdadeiro nome Harold George Bellanfanti Jr., músico, actor, activista político e pacifista norte-americano de ascendência jamaicana, nasceu em Nova Iorque no dia 1 de Março de 1927. Morreu na mesma cidade em 25 de Abril de 2023.

Foi um dos mais bem-sucedidos artistas de origem caribenha da história, sendo apelidado de Rei do Calypso por popularizar o ritmo caribenho nos Estados Unidos na década de 1950.

Durante a sua carreira, foi um radical activista político, envolvido em lutas pelos direitos civis e diversas causas humanitárias.

Belafonte nasceu no Harlem, o bairro negro pobre da cidade de Nova Iorque e, na infância, viveu na Jamaica, país natal de sua mãe.

De volta aos Estados Unidos, fez o colegial numa escola pública da cidade e serviu na Marinha durante a 2ª Guerra Mundial.

No fim dos anos 1940, começou a ter aulas de Arte Dramática junto com Marlon Brando, Tony Curtis e Sidney Poitier, enquanto trabalhava junto ao teatro negro americano.

Anos depois, receberia um Prémio Tony pelo seu trabalho nos palcos da Broadway.

Belafonte iniciou a sua carreira na música como cantor em night-clubs de Nova Iorque para pagar as suas aulas de Actor.

O seu repertório misturava o pop com o folk ianque, pelo qual se interessou ao voltar da guerra.

Em 1952, conseguiu um contrato de gravação com a empresa RCA Victor e, quatro anos depois, o seu álbum “Calypso” explodiu nas paradas norte-americanas, sendo o primeiro LP a vender mais de um milhão de cópias no país. Foi este disco que apresentou o calypso ao público local e o consagrou como “Rei”, apelido pelo qual ele tinha fortes reservas.

Durante os anos sessenta, além de ganhar dois prémios Grammy e 6 discos de ouro, introduziu diversos novos artistas junto do público dos Estados Unidos, nomeadamente a cantora sul-africana Miriam Makeba, com quem gravou diversas músicas antiapartheid, e um de seus álbuns de sucesso, de 1962, traz a primeira gravação registada de um jovem tocador de harmónica chamado Bob Dylan.

Com a chegada dos Beatles aos Estados Unidos e a invasão do rock inglês nas paradas musicais, o sucesso de Belafonte começou a diminuir.

Mesmo sem o mesmo status de astro dos primeiros anos, ele continuou a fazer grandes shows pelo país e pelo mundo até 2003, quando anunciou a sua retirada dos palcos.

Harry Belafonte foi o primeiro afro-americano a receber um Prémio Emmy do Primetime, o “Oscar” da televisão, pelo seu show especial de televisão “Tonight with Belafonte”, em 1959.

No cinema, o seu primeiro sucesso foi em “Carmen Jones”, de Otto Preminger, ao lado de Dorothy Dandridge, a mais conhecida actriz negra da sua época.

Apesar de estrelar diversos filmes, insatisfeito com os papéis que lhe vinham sendo oferecidos, resolveu dedicar-se mais à carreira musical, abandonando o cinema no começo dos anos 1970, ao qual só voltaria no meio dos anos 1990 para trabalhar com John Travolta e Robert Altman.

Belafonte sempre foi reconhecido como um dos grandes activistas políticos dos Estados Unidos e dos mais radicais. Apesar de famoso nas artes, isto nunca lhe protegeu da discriminação racial, especialmente no sul do país, onde recusou apresentar-se entre 1954 e 1961. Neste período, como muitos outros, foi colocado na Lista Negra pelo Macartismo, tendo dificuldades para trabalhar.

Grande seguidor do Movimento dos Direitos Civis e um dos confidentes de Martin Luther King, levantou milhares de dólares para libertar sob fiança centenas de manifestantes presos e foi um dos organizadores da famosa Marcha sobre Washington.

Em 1968, ele e a sua amiga, a cantora Petula Clark, protagonizaram uma cena pioneira na TV norte-americana, num programa especial da cantora britânica na rede NBC. Durante a gravação, enquanto cantavam juntos e sorriam um para o outro, Petula, branca, segurou por instantes nos braços e ombros de Harry, levando o patrocinador, a marca de automóveis Plymouth, a querer retirar a cena da edição final, por medo da reacção do público. Petula recusou-se, ameaçando impedir a transmissão do programa todo, pois ele era de sua propriedade (“The Petula Clark Show”) e a questão, entre a gravação e a exibição provocou grande discussão na imprensa. Quando o show foi finalmente transmitido, sem cortes, provocando grandes índices de audiência, mostrava pela primeira vez na história duas pessoas de cores diferentes tendo contacto físico carinhoso durante uma transmissão de televisão.

Em 1985, foi um dos organizadores do grupo de artistas que gravou a famosa música “We Are the World” que vendeu milhões de cópias em todo mundo e ganhou um Prémio Grammy, e apresentou-se ao vivo no super concerto Live Aid; em 1987, foi nomeado embaixador da boa vontade da Unicef. Nesta função, foi ao Ruanda e à África do Sul, levantando fundos de ajuda e denunciando a miséria, exploração e racismo existente em grande escala no continente africano.

Desde o começo da carreira, foi um feroz crítico da política externa ianque e, a partir dos anos 1980, começou a fazer declarações polémicas aos meios de comunicação, defendendo o fim do embargo económico a Cuba, elogiando as iniciativas de paz da ex-União Soviética, condenando a invasão de Granada, honrando a memória do Casal Rosenberg e elogiando Fidel Castro.

Harry Belafonte chamou a atenção pelos seus comentários políticos contra o governo Bush e a Guerra do Iraque. Sendo um dos primeiros artistas a apoiar publicamente o jornalista e documentarista Michael Moore na sua cruzada cívica contra a eleição de George H. W. Bush e a invasão do Iraque; um de seus comentários mais ácidos foi feito durante uma entrevista a uma rádio de San Diego, quando acusou, usando palavras de um de seus mentores ideológicos, Malcolm X, os então secretários de Estado dos Estados Unidos, Colin Powell e Condoleezza Rice, de serem usados como serviçais úteis do governo branco e direitista de George Bush. Rice respondeu, através do programa da jornalista Amy Goodman, Democracy Now, «que não precisava que Harry Belafonte lhe ensinasse o que era ser negra nos Estados Unidos».

Belafonte faleceu em 2023 em Manhattan, Nova Iorque, devido a insuficiência cardíaca congestiva.

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