EFEMÉRIDE
– Alfredo Bensaúde, mineralogista, engenheiro e professor universitário
português, reformador do ensino tecnológico em Portugal no início do século XX
e fundador do Instituto Superior Técnico (Lisboa), nasceu em Ponta Delgada ,
Açores, no dia 4 de Março de 1856. Morreu na mesma cidade em 1 de Janeiro
de 1941.
Era
filho de José Bensaúde, importante industrial açoriano de origem judaica, e
irmão de Joaquim Bensaúde, destacado historiador dos Descobrimentos
Portugueses, e de Raul Bensaúde, famoso médico em Paris.
Depois
de fazer os estudos preparatórios em Ponta Delgada , foi enviado pelo pai para a
Alemanha, aos 15 anos de idade. Ingressou na Escola Técnica Superior de
Hanôver e, seguidamente, na Escola de Minas de Clausthal-Zellerfeld,
onde obteve o grau de engenheiro em 1878.
Permaneceu
na Alemanha, prosseguindo estudos na Georg-August-Universität Göttingen,
onde – em 1881 – se doutorou. A sua dissertação versou a cristalografia do
mineral perovskite então descoberto na Rússia e foi premiada e publicada
pelo governo alemão.
A
partir de 1884, fixou-se em Lisboa, sendo nomeado professor de Mineralogia e
Geologia no Instituto Industrial e Comercial de Lisboa. Imbuído dos
métodos práticos com que estudara na Alemanha, introduziu os métodos
laboratoriais de ensino, revolucionando a forma de ensino das disciplinas que
regia. Foi o introdutor em Portugal do ensino da Cristalografia e das
modernas técnicas de Petrografia.
Após
a implantação da República, foi convidado para instalar o Instituto Superior
Técnico, do qual foi professor e primeiro director. Nestas funções, teve
oportunidade de renovar os métodos de ensino da engenharia em Portugal. Dirigiu
o IST desde a sua fundação em 1911 até 1922, ano em que se retirou para
Ponta Delgada, onde – devido ao falecimento do pai – assumiu a administração
das empresas que este havia fundado na ilha de São Miguel.
Residindo
em Ponta Delgada ,
mas de onde se ausentava com frequência em visitas ao estrangeiro, manteve a
sua actividade intelectual, colaborando com diversas instituições locais e
dedicando-se ao estudo da mineralogia açoriana. Neste período descreveu a açorite,
um mineral aparentado com o zircónio, comum nas rochas vulcânicas.
Alfredo
Bensaúde foi admitido como sócio correspondente da Academia das Ciências de
Lisboa em 1893 e como sócio efectivo em 1911. Em 1929, foi declarado académico
emérito.
Publicou
muitos artigos sobre assuntos da sua especialidade e também trabalhos sobre a
reforma pedagógica do ensino das Ciências Naturais e da Engenharia.
Algumas das suas obras são marcos importantes no património pedagógico de
Portugal, entre elas as “Notas Histórico-Pedagógicas sobre o Instituto
Superior Técnico” (1922), onde propôs uma reestruturação pedagógica
profunda, com destaque para o aumento do número de laboratórios.
Paralelamente
à sua actividade científica e empresarial, teve como hobby a construção e
restauro de violinos. A paixão pelos violinos terá surgido quando assistiu em
Hanôver à repetição das experiências de acústica do médico e físico francês
Félix Savart. Construiu o seu primeiro violino em 1874, ano em que frequentou a
oficina do construtor de violinos dinamarquês Jacob Eritzoe, que fora – durante
muitos anos – contramestre da oficina de August Riechers, em Berlim. Chegou a
interromper os estudos no ano lectivo de 1874/75, para aprender a arte de
construir violinos. Aplicava um verniz de composição sua, com transparência e
brilho característicos.
Foi
distinguido como Grande Oficial da Ordem Militar de Santiago da
Espada e da Ordem da Instrução Pública.
Era
casado com Jane Oulman Bensaúde, autora de livros didácticos, sendo pai da
bióloga Matilde Bensaúde.
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