sábado, 7 de março de 2015

7 DE MARÇO - STUART CARVALHAIS

EFEMÉRIDE – José Herculano Stuart Torrie de Almeida Carvalhais, artista português, nasceu em Vila Real no dia 7 de Março de 1887. Morreu na mesma cidade em 2 de Março de 1961. A sua arte era multifacetada, tendo feito carreira sobretudo como pintor, desenhador, ilustrador, caricaturista, autor de banda desenhada e artista gráfico. Dedicou-se também à fotografia, decoração, cenografia e mesmo ao cinema.
Filho de pai português, oriundo de abastadas famílias rurais do Douro, e de mãe inglesa, passou parte da infância em Espanha, regressando a Portugal em 1891. Frequentou o Real Instituto de Lisboa (1901/03); trabalhando depois como pintor de azulejos no atelier de Jorge Colaço (1905). Com uma formação convencional incipiente, Stuart Carvalhais acabou por ser sobretudo um autodidacta.
A sua primeira experiência nos jornais foi como repórter fotográfico. Publicou os primeiros desenhos no jornal “O Século”, em 1906. No ano seguinte, deu início ao trabalho em banda desenhada. Em 1911, foi um dos responsáveis pela revista humorística “A Sátira”. Colaborou na fundação da Sociedade de Humoristas Portugueses, que teve como presidente Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro (filho de Rafael Bordalo Pinheiro). Participou nas duas exposições organizadas por este grupo em 1912 e 1913 – I e II Exposições dos Humoristas Portugueses –, juntamente com Jorge Barradas e Almada Negreiros, entre outros.
Em 1912/13, esteve alguns meses em Paris, sobrevivendo precariamente. Colaborou então, como ilustrador, no jornal “Gil Blas”. Casou-se com Fausta Moreira, uma vendedeira de peixe, pouco após o regresso a Lisboa. Um ano mais tarde, nasceu o seu único filho, Raul Carvalhais.
Embora republicano e, mais tarde, antifascista, as suas críticas incidiam sobre quem as merecia, sem discriminações. Em 1914, colaborou no jornal satírico monárquico “Papagaio Real”, então sob a direcção artística de Almada Negreiros. Deu início à sua banda desenhada pioneira, intitulada “Quim e Manecas” (1915/53), a série mais longa da BD portuguesa, com mais de 500 episódios. Estas duas personagens deram origem ao primeiro filme cómico português (1916), hoje desaparecido, onde o próprio Stuart desempenhava o papel de pai de Manecas.
Os anos 1920 correspondem à época de maior sucesso de Stuart Carvalhais. Dirigiu “ABC a Rir”, publicou trabalhos na revista “Ilustração” (a cuja fundação esteve ligado), no “Diário de Lisboa”, no “Diário de Notícias”, “A Corja”, “O Espectro”, “A Choldra”, “O Sempre Fixe” e “ABC-zinho”. As encomendas foram então muitas e a sua actividade gráfica diversificou-se, incluindo a feitura de postais ilustrados e diversos trabalhos para o Bristol Clube e para a casa de edição musical Sassetti.
Venceu dois prémios em concursos internacionais (Itália e Espanha), participando com uma pintura na decoração do café A Brasileira do Chiado (1925).
Ainda na área da imprensa, houve colaboração artística de sua autoria em diversos jornais e revistas, nomeadamente na “Gazeta dos Caminhos de Ferro de Portugal e Hespanha” (1888/98) e na sua continuação, a “Gazeta dos Caminhos de Ferro” (1899/1971), nas revistas “Illustração portugueza” (iniciada em 1903), “O século cómico” (1913/21), “Contemporânea” (1915/26), “O riso d’a vitória” (iniciada em 1919), “O domingo ilustrado” (1925/27) e na edição mensal do “Diário de Lisboa” (1933).
Em 1932, realizou – na Casa da Imprensa – a sua única exposição individual. Em 1948, foi-lhe atribuído o Prémio Domingos Sequeira na exposição do SNI.
Trabalhou para o teatro, como cenógrafo e figurinista. Experimentou a realização em cinema (“O Condenado”), desdobrando-se ainda como actor, decorador e gráfico.
A sua vida pessoal foi ensombrada pelo alcoolismo e a instabilidade financeira, que o forçaram mesmo à experimentação de materiais inesperados, não ortodoxos, desde suportes aproveitados (papel de embrulho e tampas de caixotes), até tintas e materiais riscadores improvisados (café, vinho, paus de fósforo queimados, etc.). 

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