EFEMÉRIDE
– Elena Poniatowska Amor, de seu verdadeiro nome Hélène Elizabeth
Louise Amélie Paula Dores Poniatowska Amor, jornalista, escritora e activista
política mexicana, nasceu em Paris no dia 19 de Maio de 1932. A sua obra literária tem sido distinguida com
numerosos prémios. É filha de uma mexicana e de um aristocrata francês.
A
mãe também nasceu em
Paris. Pertencia à família de Porfirio Díaz, exilada em
França depois da Revolução Mexicana. A avó paterna era norte-americana e
o pai era de origem franco polaca, descendente do general Poniatowski, que fez
parte do exército que acompanhou Napoleão até Moscovo.
Sobrinha
da poetisa mexicana Pita Amor (1918/2000), a sua família conta também entre os
antepassados ilustres, um arcebispo, um músico e a alguns escritores. Recebeu
como herança o título de princesa de Polónia, ainda que afirme que isso não lhe
interessa. Devido às suas ideias políticas, é conhecida igualmente pelo
pseudónimo de “A Princesa Vermelha”.
A
família emigrou da França para o México, em consequência da Segunda Guerra
Mundial. Elena, aos dez anos de idade, chegou com a mãe e a irmã à cidade
do México. O pai lutou até ao fim da guerra e sempre projectou reunir-se com
elas mal acabasse o conflito, o que veio a acontecer.
No
México, aprendeu com uma ama a pronunciar correctamente o castelhano. Estudou
um ano no Liceo de México e manteve o seu nível na língua francesa,
mercê das aulas dadas por uma professora da universidade. Estudou também piano
e dança.
Em
1949, foi enviada para os Estados Unidos para estudar. Primeiro, num colégio
católico de Filadélfia, o Convento do Sagrado Coração de Eden Hall e,
depois, no Manhattanville College de Nova Iorque.
Elena
decidiu dedicar-se ao jornalismo. Depois de voltar para o México (1953),
começou a sua carreira trabalhando no jornal “Excelsior”, assinando as
suas crónicas como Hélène. Para as suas primeira entrevistas, escolheu várias
personalidades de relevo internacional, entre elas a portuguesa Amália
Rodrigues. Publicava uma entrevista diariamente. Começava já a interessar-se
também por questões sociais e pelo papel das mulheres mexicanas.
Em
1955, iniciou a sua colaboração no jornal “Novedades de México”, que
continuará praticamente ao longo de toda a vida. Algumas das entrevistas que
fez foram mais tarde reunidas em livro (“Palavras cruzadas”, 1961, e “Todos
México”, 1990).
Um
emprego que viria a marcar a sua carreira literária foi o de assistente do
antropólogo Oscar Lewis (1962), um dos fundadores do romance não
ficção. Essa experiência inspirou-a na criação dum dos seus mais famosos
projectos literários: “Hasta não verte Jesus mio”.
O
primeiro livro de ficção, publicado naquele mesmo ano, foi “Lilus Kikus”,
uma recolha de contos, seguida no ano seguinte por “Tudo começou no domingo”.
Em 1965, viajou para a Polónia e de lá enviou uma série de crónicas intituladas
“Novedades”, que «questionavam o sentido da moral estabelecida, a
justiça e, de um modo geral, o absurdo da vida».
Em
1964, ouviu uma mulher a gritar de um telhado na cidade do México. Tratava-se
de uma lavadeira, o que a levou a descobrir o submundo da capital. Elena
começou a reunir-se com ela, todas as quartas-feiras, para a entrevistar. A
partir das notas tomadas durante essas reuniões, escreveu o romance “Hasta
não verte Jesus mio”, publicado em 1969.
O
reconhecimento internacional chegou com os livros que escreveu de modo
narrativo e testemunhal, especialmente com “La noche de Tlatelolco”
(1971), sobre o massacre, principalmente de estudantes, que aconteceu em
Outubro de 1968 na Praça das Três Culturas. Em 1979, recebeu o Prémio
Nacional de Jornalismo.
Além
de escrever as suas obras, Poniatowska realiza muitas outras actividades.
Visita universidades nos Estados Unidos e na Europa, colabora com diversas
publicações, escreve prefácios, participa em lançamentos de livros e faz
curtas-metragens. Pertence ao conselho editorial da revista feminista “Fem”,
além de ser co-fundadora da Editora Siglo XXI e da Cinemateca
Nacional.
Apesar
das suas origens aristocráticas, ela foi sempre politicamente de esquerda e uma
defensora dos direitos humanos. Nas eleições gerais do México em 2006, apoiou
Andrés Manuel López Obrador, candidato da Coligação para o Bem de
Todos, que tinha sido presidente da Partido da Revolução Democrática.
Perante as críticas de alguns sectores, 24 autores estrangeiros de renome,
entre os quais se pode destacar José Saramago (Prémio Nobel de Literatura
1998), assinaram uma carta de apoio. Nesse mesmo ano, participou juntamente
com outros intelectuais, na assinatura de uma petição condenando os ataques
israelitas ao Líbano. O embaixador de Israel no México acusou os signatários de
apoiarem o terrorismo.
Em
2007, o governo da cidade do México, através do Ministério da Cultura,
criou o Prémio Ibero-americano de novela Elena Poniatowska, dotado de
500 mil pesos.
Em
2011, foi criada a Fundação Elena Poniatowska com o objectivo de
organizar, divulgar e preservar o arquivo histórico da escritora e da sua
família, apoiar grupos sociais que Elena retratou nas suas obras e promover o
debate público sobre a cultura mexicana. Em 2013, recebeu o Prémio Cervantes,
o mais importante da literatura de língua espanhola.
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