É o único militar português
condecorado, com a mais alta honraria nacional, a Antiga e Muito Nobre Ordem
Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, no campo de
batalha, em vez da habitual cerimónia pública em Lisboa.
Na Batalha de La Lys, a 2ª
Divisão do Corpo Expedicionário Português foi completamente desbaratada,
sacrificando-se nela muitas vidas, entre os mortos, feridos, desaparecidos e
capturados como prisioneiros de guerra.
No meio do caos, distinguiram-se
vários homens, anónimos na sua maior parte. Porém, um nome ficou para a
História: o Soldado Milhões.
Viu-se sozinho na sua trincheira,
apenas munido da sua arma, uma metralhadora Lewis, conhecida entre os
lusos como a Luísa. Munido de coragem, enfrentou sozinho as colunas
alemãs que se atravessaram no seu caminho, o que em último caso permitiu a
retirada de vários soldados portugueses e ingleses para as posições defensivas
da retaguarda.
Vagueando pelas trincheiras e
campos, ora de ninguém ora ocupados pelos alemães, o Soldado Milhões continuou
ainda a fazer fogo esporádico, para o qual se valeu de cunhetes de balas que
foi encontrando pelo caminho. Quatro dias depois do início da batalha,
encontrou um médico escocês, salvando-o de morrer afogado num pântano. Foi este
médico, para sempre agradecido, que deu conta ao exército aliado dos feitos do
soldado transmontano.
Regressado a um acampamento
português, o comandante Ferreira do Amaral saudou-o, dizendo o que ficaria para
a História de Portugal, «Tu és Milhais, mas vales Milhões».
Em 5 de Julho de 1924 o Parlamento
alterou o nome da povoação de Valongo, para Valongo de Milhais.
Um busto seu foi colocado na Praceta
Herói Milhões, em Murça.
Foi alvo de múltiplas homenagens
e assunto de bandas desenhadas, de um filme (2018) e de obras literárias.
Em vida, recebeu várias
condecorações nacionais e estrangeiras (França e Bélgica).
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