Na sequência de uma greve de
assalariadas rurais, foi assassinada com três tiros quase à queima-roupa, pelas
costas, pelo tenente João Tomaz Carrajola da Guarda Nacional Republicana.
Com vinte e seis anos, analfabeta, Catarina tinha três filhos, um dos quais de
oito meses. Estaria novamente grávida. Ofereceu resistência ao regime
salazarista, sendo ícone da resistência no Alentejo.
Sophia de Mello Breyner, Carlos
Aboim Inglez, Eduardo Valente da Fonseca, Francisco Miguel Duarte, José Afonso,
José Carlos Ary dos Santos, Maria Luísa Vilão Palma e António Vicente Campinas
dedicaram-lhe poemas.
Era militante comunista, sendo presumivelmente membro do Comité Local de Quintos do
Partido Comunista Português.
Era filha de trabalhadores
agrícolas. Começou a trabalhar em casa desde muito nova, não tendo frequentado
a escola primária devido à falta de tempo.
Principiou a laborar na
agricultura durante a adolescência. Aos dezassete anos, casou-se com António
Joaquim, que trabalhava como operário na Companhia União Fabril,
tendo-se mudado para o Barreiro. Algum tempo depois, António Joaquim foi
despedido da empresa, pelo que regressaram a Baleizão, onde Catarina Eufémia se
voltou a empregar na agricultura, enquanto o marido se tornou cantoneiro.
Em 19 de Maio de 1954, ocorreu
uma manifestação de trabalhadores agrícolas em Baleizão, por melhores salários
e condições de trabalho, tendo Catarina Eufémia liderado um grupo de catorze
ceifeiras, que exigiam um aumento de salário de dois escudos por jorna. Quando
os trabalhadores procuraram encontrar-se com o proprietário, este alertou a Guarda
Nacional Republicana, que depressa chegou ao local, tendo cercado o grupo
das ceifeiras na Herdade do Olival. A partir desse momento, existem
vários testemunhos contraditórios sobre o acidente, embora tenham sido
encontradas provas de que Catarina Eufémia tenha caído após ter sido agredida
por um agente; quando se levantou foram disparados três tiros, atingindo-a
mortalmente. Prestes da Fonseca não descartou a hipótese de os disparos terem
sido acidentais, algo que era muito comum com as armas utilizadas pelos agentes.
O autor dos disparos foi
identificado como o tenente Carrajola, segundo responsável pelo corpo de
intervenção de Beja da GNR.
O funeral de Catarina Eufémia
teve a presença de muitos populares, que protestaram contra o seu homicídio,
tendo sido violentamente dispersados por agentes da GNR. Nove camponeses
acabaram por ser presos, tendo sido julgados e condenados a cerca de dois anos
de prisão. De forma a evitar que fossem feitas romagens ao seu local de sepultura,
os restos mortais não foram inicialmente depositados em Baleizão, mas na aldeia
de Quintos. O corpo só foi transladado para Baleizão após a Revolução de 25
de Abril de 1974. Após o incidente, o viúvo e os três filhos voltaram a
mudar-se para o Barreiro.
O tenente Carrajola foi levado a
julgamento; foi absolvido, sendo a morte da camponesa justificada por um
disparo acidental da arma. Foi transferido para Aljustrel, onde faleceu de
causas naturais em 1964. Carrajola fora agraciado com a Ordem de Avis,
grau cavaleiro em 27 de Setembro de 1958.
Após o seu falecimento, Catarina
Eufémia tornou-se num ícone da resistência ao regime ditatorial. A sua
simbologia foi principalmente formada pelo Partido Comunista. Porém, o
autor Pedro Prostes da Fonseca questionou a ligação de Catarina Eufémia ao Partido
Comunista no seu livro “O Assassino de Catarina Eufémia”, não
existindo provas concretas que teria feito parte do partido, embora o seu marido
tivesse ligações com militantes comunistas. Catarina Eufémia chegou a lutar
contra o regime, ao fazer a distribuição de jornais clandestinos.
No local onde se deu o incidente,
foi colocado um monumento em forma de foice, que pretendeu homenagear não só
Catarina Eufémia, mas também os comunistas alentejanos que lutaram contra o
regime. Todos os anos, o Partido Comunista faz uma romagem até ao monumento
em 19 de Maio, para recordar a morte de Catarina Eufémia. Também foram
organizadas romagens ao cemitério de Baleizão, em 19 de Maio de 2019 e 2020.
Foi igualmente colocada uma estátua sua no largo central de Baleizão.
O nome de Catarina Eufémia foi colocado
num parque no centro do Barreiro e em várias ruas e largos em território
nacional, incluindo uma rua no Sobral da Adiça. Também foi homenageada pelo
cantor José Afonso e por vários escritores.
Apesar do grande número de homenagens que lhe foram feitas, Prostes da Fonseca criticou o progressivo esquecimento de Catarina Eufémia, principalmente entre as camadas mais jovens, realçando a sua importância cultural, como um símbolo da resistência ao Estado Novo.
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