A obra plástica de Álvaro
Perdigão desenvolveu-se ao longo de grande parte do século passado, desde o
final dos anos 1920 até ao início da década de 1990.
Em Setúbal, frequenta o Liceu
Bocage. Começou a estudar pintura no atelier do pintor Lázaro Lozano em
1917, por volta dos dezassete anos, onde permaneceu até 1929.
Teve um percurso académico que
passou pela Escola Superior de Belas Artes e posteriormente pelo Conservatório
Nacional, no curso de Cenografia.
Enquanto estudava desempenhou
várias funções, nomeadamente, desenhador da Comissão de Fiscalização dos
Levantamentos topográficos Urbanos, entre 1939 e 1948. Mas é ao ensino que
opta por dedicar a sua actividade profissional.
É nomeado professor do Ensino
Técnico da Escola Industrial Marquês de Pombal de Lisboa, em
1948. Entra para o corpo docente da Casa Pia de Lisboa em 1950, a
convite da direcção, para exercer o cargo de professor de Pintura,
função que desempenhou até 1980. Tem como colegas os escultores Martins
Correia, Raul Xavier e Helder Baptista, entre outros. Leccionou ainda nas aulas
nocturnas da Sociedade Nacional de Belas Artes,
sem remuneração, como era hábito.
Bem cedo iniciou a sua carreira
artística. Ainda jovem, com dezanove anos, realiza a sua primeira exposição
individual, em 1929, no Clube Naval de Setúbal. A partir daí, permaneceu
em contacto com o público continuadamente.
Ao longo da sua carreira, realizou
dezenas de exposições individuais, quer em Portugal quer no estrangeiro, e
participando em inúmeras colectivas, realizando mais do que uma
exposição anual.
Foi vice-presidente da Direcção
da SNBA no mandato de 1951/1952, abrangendo o período difícil em que a SNBA
foi encerrada por ordem do Governador Civil de Lisboa, em pleno Estado Novo,
entre 8 de Abril e 31 de Outubro de 1952. Integrou o Grupo Paralelo em
1974, com António Carmo, João Hogan, Querubim Lapa, Gil Teixeira Lopes e
outros.
Foi um cultor de várias técnicas.
Deixou uma vasta obra na qual predomina o óleo como técnica preferencial, mas
também o desenho, a aguarela, a cerâmica, o vitral,
a gravura em diversos materiais e ainda a monotipia.
Usou meios cromáticos muito variados: as cores da
paleta - cinzentos, sempre muito trabalhados, azuis, verdes, ocre, brique, amarelos,
castanhos, vermelhos - são espalhadas em manchas exigentemente
estruturadas sobre a tela, de um linho de trama grossa
que na aplicação da tinta permitia uma textura em relevo.
Podemos destacar as grandes
linhas temáticas, vastas e diversificadas que explorou ao longo da sua obra: figura masculina e feminina, paisagem e natureza
morta. Exprime a sua visão da vida do homem comum e das
suas tarefas quotidianas.
Faleceu em Lisboa com 83 anos de
idade.
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