Villeneuve nasceu na província do
Quebec., filho de um afinador de pianos, e estreou-se no automobilismo em 1975,
após uma breve e vitoriosa carreira como piloto de snowmobile em
campeonatos do seu país. Foi campeão canadiano e norte-americano de Fórmula
Atlantic, em 1976, e repetiu o título canadiano em 1977. Neste ano, numa
corrida no circuito de Trois-Rivières que contou com a presença de
pilotos da Fórmula 1, derrotou e impressionou positivamente o então
campeão mundial, o inglês James Hunt, o que lhe rendeu um convite para disputar
o Grande Prémio da Grã-Bretanha, em Silverstone, com terceiro carro da
equipa McLaren.
Nesta prova, com um velho McLaren
M23 - mesmo modelo com que o brasileiro Emerson Fittipaldi vencera o
campeonato de 1974 - Gilles partiu na 9ª posição, entre os pilotos oficiais da
equipa, Hunt e o alemão Jochen Mass, porém problemas mecânicos atrasaram-no e
terminou a corrida em 11º lugar. A McLaren não convidou mais Gilles para
as provas seguintes, mas a sua já crescente reputação e o seu estilo arrojado
renderam-lhe um convite para ser piloto da equipa Ferrari, ainda em
1977, para ser companheiro do argentino Carlos Reutemann.
Gilles é muito lembrado pelo seu lendário duelo no Grande Prémio da França de
1979 contra o piloto francês René Arnoux da Renault. O arrojo de ambos os
pilotos nesse confronto foi tão grande que René e Gilles chegaram a ficar lado
a lado numa mesma curva a mais de 150 km/h. Após sucessivas ultrapassagens de
ambos os pilotos, Gilles Villeneuve venceria o confronto e receberia a
bandeirada em segundo, seguido do próprio Arnoux em terceiro. Após a corrida, o
francês diria uma frase marcante: «Ele venceu-me, mas isso não me preocupa,
pois sei que fui vencido pelo melhor piloto do mundo».
Foi ao volante dos carros
vermelhos da equipe italiana da Ferrari que Gilles proporcionou aos
espectadores da Fórmula 1 momentos de bravura e perícia que lhe fizeram
ser comparado ao lendário Tazio Nuvolari e uma série de acidentes
impressionantes, renderam-lhe o apelido de “piloto voador”. No maior deles, no Grande
Prémio do Japão em 1977, Villeneuve bateu com o seu Ferrari 312T2 nº11
no Tyrrell P34 nº3 do sueco Ronnie Peterson e o carro do piloto canadiano
foi lançado na direcção de dois espectadores que assistiam à prova em local
proibido e que morreram.
Em 1979, a Ferrari
substituiu Reutemann pelo sul-africano Jody Scheckter. A nova dupla garantiu o
primeiro e o segundo lugares, com Scheckter campeão por antecipação, além do Campeonato
Mundial de Construtores. A partir do ano seguinte, 1980, por promessa do próprio
comendador Enzo Ferrari, a equipa passou a direccionar
esforços em prol de Villeneuve, mas não foi capaz de se manter na frente das outras
equipas.
Depois de duas vitórias e uma boa
temporada em 1981, quando a Ferrari entrou para o grupo das equipas com
motores Turbo, Villeneuve tornou-se o maior favorito para a temporada de
1982. No entanto, a Ferrari não deixou clara essa posição para o outro
piloto da equipa, o francês Didier Pironi. No Grande Prémio de San Marino,
a corrida contou com 7 equipas: Ferrari, Renault, Alfa Romeo,
Tyrrell, Toleman, Osella e ATS, enquanto que as demais boicotaram por divergências políticas. Pironi
ultrapassou Villeneuve nas voltas finais, não cumprindo
o acordo entre os dois e a equipa, e venceu a prova. O facto abriu uma
crise interna, já visível pelo piloto canadiano no pódio após a corrida. Acabou
sendo o último grande prémio disputado por Villeneuve. Logo surgiram boatos de
que ele, magoado com a Ferrari, pilotaria para a equipa Williams
na temporada de 1983.
Em 8 de Maio de 1982, Gilles
Villeneuve morreu após um acidente durante a sessão de qualificação final para
o Grande Prémio da Bélgica em Zolder. No momento do acidente, Didier
Pironi havia feito um tempo de 0,1s mais rápido que Villeneuve para o 6º lugar.
Villeneuve estava a usar o seu último conjunto de pneus de qualificação; alguns
dizem que ele estava tentando melhorar o seu tempo
na última volta, enquanto outros sugerem que ele estava especificamente
tentando superar o melhor tempo feito por Pironi. Entretanto, o biógrafo de
Villeneuve, Gerald Donaldson, cita o engenheiro de corrida da Ferrari,
Mauro Forghieri, dizendo que o canadiano, embora continuando com a sua maneira
habitual, estava retornando às boxes quando o acidente ocorreu. Em caso
afirmativo, ele não teria definido um tempo naquela
volta.
O piloto Mass viu Villeneuve
aproximar-se em alta velocidade e virou-se para a direita para não atrapalhar o
canadiano. No mesmo instante, Villeneuve também virou para a direita para ultrapassar
o carro mais lento. O Ferrari bateu na traseira do carro do alemão e foi
lançado ao ar, a cerca de 220 km/h. O carro voou durante 100 m antes de cair no
solo e se desintegrar. Villeneuve, ainda preso ao seu assento, mas sem o seu
capacete, foi arremessado a mais de 50 m dos destroços.
Vários pilotos pararam e correram
para o local. Entre eles, John Watson e Derek Warwick puxaram Villeneuve e
viram o resto do canadense azul. O primeiro médico chegou em 35 segundos para
descobrir que Villeneuve não estava a respirar. O piloto foi entubado e ventilado antes de ser transferido para o centro
médico do circuito e, em seguida, de helicóptero, para o Hospital
Universitário St. Raphael em Lovaina, onde uma fractura fatal do pescoço
foi diagnosticada. Villeneuve foi mantido vivo em suporte vital, enquanto sua
esposa Joann Barthe viajou de Monte Carlo para o hospital e os médicos consultaram especialistas em todo o mundo. Depois de
Joann ter chegado, Gilles Villeneuve foi oficialmente declarado morto. Ele
tinha 32 anos de idade.
Além da esposa, Gilles Villeneuve
deixou um casal de filhos: Melanie e Jacques Villeneuve, que viria a ser campeão
na Fórmula 1 na temporada de 1997.
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