EFEMÉRIDE – Maysa Matarazzo, de seu verdadeiro nome Maysa Figueira Monjardim, cantora, compositora e actriz brasileira, morreu em Niterói no dia 22 de Janeiro de 1977. Nascera no Rio de Janeiro, Botafogo, em 6 de Junho de 1936.
Estudou no Colégio Paulistano Assunção e no Sacré-Cœur de Marie, em São Paulo, para onde os pais se tinham mudado. Falava fluentemente cinco línguas. Casou-se aos dezassete anos com o milionário conde André Matarazzo, que tinha o dobro da sua idade.
Em 1956, durante uma reunião familiar, foi convidada para gravar um disco. O álbum “Convite para ouvir Maysa”, todo preenchido com composições dela, foi gravado logo após o nascimento de seu único filho Jayme Monjardim. O disco, publicado com carácter beneficente (todos os lucros foram destinados ao Hospital Oncológico Dona Carmen Annes Dias Prudente), foi um sucesso, sendo difundido nas rádios de São Paulo e do Rio. Pouco a pouco, a carreira de Maysa foi adquirindo um carácter profissional, o que descontentou o marido e arruinou o casamento. Em 1957 (ainda não divorciada), foi contratada pela TV Record de São Paulo, para fazer um programa só seu.
Com menos de um ano de carreira, os cronistas de rádio paulistas escolheram-na como A Maior Revelação Feminina, O Melhor Compositor e O Melhor Letrista de 1956. O Clube dos Cronistas de Discos considerou-a A Melhor Cantora do Ano. Em 1958, foi premiada com o Troféu Roquette Pinto para A Melhor Cantora de Ano. No ano anterior, já havia recebido o mesmo prémio como Cantora Revelação de 1957. O jornal “O Globo”, ainda em 1957, premiou-a como a Principal Voz Feminina Brasileira. Também seria de Maysa o Troféu Chico Viola para o Melhor Disco de 1958.
Em 1958, já divorciada, mudou-se para o Rio de Janeiro, sendo contratada pela TV Rio. Lançou o disco “Convite para Ouvir Maysa nº 2”, que se tornou campeão de vendas e lançou a canção “Meu Mundo Caiu”, o maior sucesso do ano. Até ao fim da década, acumulou diversos prémios, vendo a carreira e a popularidade em crescente ascensão. Os seus discos estavam sempre nos Tops e os seus programas de televisão eram muito prestigiados. Em 1958, era a mais bem paga cantora do Brasil.
Durante os anos 1960, aprimorou constantemente a técnica vocal, gravando discos de grande qualidade. Empreendeu inúmeras tournées pelo mundo, apresentando-se em vários países, e aderiu ao movimento Bossa Nova. Juntamente com outros cantores, foi uma das responsáveis pela divulgação da Bossa Nova no estrangeiro. Em 1960, tornou-se a primeira cantora brasileira a actuar no Japão, a convite da companhia aérea brasileira Real Aerovias, que acabara de inaugurar o voo Rio de Janeiro – Tóquio. Apresentou-se diversas vezes na América Latina, passando por Buenos Aires, Montevideu, Punta del Leste, Lima, Caracas, Bogotá, Porto Rico e Cidade do México. Apresentou-se igualmente em Paris, Lisboa, Madrid, Nova Iorque, Itália, Marrocos e Angola. Entre 1960 e 1961, passou uma temporada nos Estados Unidos, gravando o lendário álbum “Maysa Sings Songs Before Dawn”. Cantou no sofisticado Blue Angel Night Club, que era na época a mais requintada casa nocturna de Nova Iorque.
Em 1963, fez um histórico concerto no Olympia de Paris. Em 1966 participou no II Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, classificando para a finalíssima a canção “Amor-Paz” de sua autoria. No mesmo ano, participou na primeira edição do Festival Internacional da Canção. Neste último, alcançou o terceiro lugar na fase nacional e o prémio de Melhor Intérprete Brasileira, defendendo a canção “Dia das Rosas”.
Ao assumir a sua relação amorosa com o empresário Miguel Azanza em 1963, Maysa foi residir em Espanha, onde esteve alguns anos. Só voltou definitivamente ao Brasil em 1969, depois de enviuvar. Nesse ano, estreou “Maysa Especial” na TV Tupi carioca e o espectáculo “A Maysa de Hoje”, gravado em disco, com temporadas no Canecão do Rio de Janeiro e no Urso Branco de São Paulo, obtendo grande sucesso junto da crítica e do público.
Na década de 1970, Maysa aventurou-se também no mundo das telenovelas e do teatro, participando em várias produções.
Em 1977, um trágico acidente de automóvel, na Ponte Rio-Niterói, encerraria a carreira e tiraria a vida a um dos maiores nomes da música popular brasileira. Desde 1972 que costumava isolar-se numa casa de praia que tinha em Maricá, afastando-se dos meios artísticos. Morreu a caminho desta casa, ao volante da sua viatura, em alta velocidade. O efeito de anfetaminas, somado à ingestão excessiva de álcool e ao cansaço físico e psicológico que a cantora vinha a sentir, teria provocado o fatídico acidente. A conclusão dos exames periciais mostraria que no momento do acidente Maysa estava completamente sóbria, não havendo presença de álcool no seu sangue.
Em Novembro de 1976, Maysa Matarazzo tinha anotado no seu diário: «Sou viúva, tenho 40 anos, 20 de carreira e sou uma mulher só. O que me trará o futuro?».
Compôs 36 canções, numa época em que havia poucas mulheres a fazê-lo. Gravou cerca de trinta discos e influenciou vários cantores da sua geração e daquela que se lhe seguiu.
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