EFEMÉRIDE – Dalton Jérson Trevisan, escritor brasileiro, famoso pelos seus livros de contos e por viver quase em reclusão, nasceu em Curitiba no dia 14 de Junho de 1925. É avesso a entrevistas e em expor-se a órgãos de comunicação social, criando uma atmosfera de mistério em torno do seu nome. Por esse motivo recebeu a alcunha de “Vampiro de Curitiba”, título de um dos seus livros. Assina apenas “D. Trevis” e nunca recebe a visita de estranhos.
Trevisan trabalhou durante a juventude numa fábrica de vidros familiar (hoje falida) e chegou a exercer a advocacia durante 7 anos, depois de se formar pela Faculdade de Direito do Paraná. Quando era estudante de Direito, Trevisan começou a publicar os seus contos em modestos folhetos.
Liderou o grupo literário que publicou, entre 1946 e 1948, a revista “Joaquim”. O nome, segundo ele, era «uma homenagem a todos os Joaquins do Brasil». Nela foi publicado o material dos seus primeiros livros de ficção. A revista tornou-se porta-voz de uma geração de escritores, críticos e poetas. Reuniu ensaios de António Cândido, Mário de Andrade e Otto Maria Carpeaux e poemas, até então inéditos, de Carlos Drummond de Andrade. A revista publicou igualmente traduções de Joyce, Proust, Kafka, Sartre e Gide.
Em 1954, escreveu o “Guia Histórico de Curitiba”, “Crónicas da Província de Curitiba” e “O Dia de Marcos”, edições populares à maneira de folhetos de feira. Inspirado nos habitantes da cidade, criou personagens e situações em que as tramas psicológicas e os costumes são contados numa linguagem concisa e popular, que valoriza os incidentes do quotidiano sofrido e angustiante. Publicou também “Novelas Nada Exemplares” (1959) e ganhou o Prémio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro. Como era de esperar, enviou um representante para o receber.
Escreveu depois “Morte na Praça” (1964), “Cemitério de Elefantes” (1964) e “O Vampiro de Curitiba” (1965). Isolado dos meios intelectuais e concorrendo sob pseudónimo, Trevisan conquistou o primeiro lugar no I Concurso Nacional de Contos do Estado do Paraná, em 1968. Publicou seguidamente “A Guerra Conjugal” (1969), obra posteriormente levada ao cinema, “Crimes da Paixão” (1978) e “Lincha Tarado” (1980). Em 1994, publicou “Ah, é?”, obra-prima do estilo minimalista.
Foi escolhido por unanimidade como vencedor do Prémio Camões de 2012, ano em que também recebeu o Prémio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da sua obra.
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