EFEMÉRIDE – Joaquim Machado de Castro, escultor português, nasceu em Coimbra no dia 19 de Junho de 1731. Morreu em Lisboa, em 17 de Novembro de 1822. Foi um dos escultores com maior influência na Europa do século XVIII e princípio do século XIX. Para além de fazer as esculturas, descrevia-as em pormenor por escrito. Destaca-se a longa análise que fez sobre a estátua de D. José I, que se situa na Praça do Comércio em Lisboa: “Descripção analytica da execução da estátua equestre, Lisboa 1810”. Na introdução desta obra, Machado de Castro comentou igualmente outras estátuas equestres situadas em diversas praças europeias.
O pai, também escultor, reconhecendo-lhe bastantes aptidões, mandara-o aprender gramática latina com os padres jesuítas. Ao mesmo tempo que o jovem exercitava o espírito com o estudo dos livros, aprendia em casa com o pai os processos de moldar e exercitava-se na arte da escultura. Na escola e na oficina, Machado de Castro espantava todos com os seus rápidos e prodigiosos progressos. Iam crescendo também as suas ambições e aspirações. Aos 15 anos já sonhava ir a Roma, para ver, admirar e estudar as obras dos grandes génios.
Veio para Lisboa aos 15 anos, com a finalidade de encontrar um artista que o dirigisse e encaminhasse. Chegando à fala com Nicolau Pinto, escultor em madeira, pediu-lhe licença para frequentar o seu atelier e começou logo a auxiliar o mestre nos seus trabalhos. O mestre ficou de tal modo maravilhado com a sua habilidade, que não tardou em pedir-lhe para modelar várias imagens. O jovem aprendiz apresentou modelos tão perfeitos, que Nicolau Pinto não hesitou em tomá-los para si, copiando-os em madeira. Em pouco tempo, o discípulo tornou-se superior ao mestre. Pensou então encontrar alguém com quem pudesse aprender mais. Lembrou-se do hábil escultor em pedra José de Almeida, que estudara em Roma e era considerado o primeiro escultor português dessa época. Procurou-o e foi bem recebido. Machado de Castro começou a executar várias obras, que desde logo impressionaram o público. A estátua que existe no pórtico da Igreja de S. Pedro de Alcântara foi um dos seus primeiros trabalhos. O povo aglomerava-se para admirar a produção artística do notável escultor.
Tendo consciência do seu valor artístico, foi apresentar-se nas obras da grandiosa Basílica de Mafra, onde estavam muitos artistas de merecimento, que tinham à frente o professor e ilustre estatuário romano Alexandre Giusti. Em 1756, foi nomeado ajudante do professor romano, situação em que se manteve durante vários anos.
Estava ainda em Mafra, entregue ao estudo e ao trabalho, quando em Outubro de 1760 recebeu uma carta convidando-o para entrar num concurso para a execução da estátua de D. José I. Em Lisboa, o arquitecto Reinaldo Manuel dos Santos entregou-lhe dois desenhos, iguais aos que tinham sido dados ao seu competidor, que era um escultor italiano. Machado de Castro dedicou-se ao trabalho, começando a fazer o seu modelo de cera.
Concluído o primeiro modelo com as alterações que entendeu, foi avisado para comparecer no paço, juntamente com o seu competidor, que levou dois modelos, um conforme as instruções que também lhe haviam sido dadas e outro da sua lavra. O rei, comparando os trabalhos apresentados, decidiu-se por Machado de Castro, dirigindo-lhe palavras muito lisonjeiras. No dia seguinte, recebeu o aviso oficial de que estava encarregado da obra e que a aprontasse o mais breve possível. Começou a fazer o segundo modelo em barro, que devia servir de guia ao modelo grande. Com o talento de que era dotado, corrigiu algumas coisas do primeiro modelo, para que a obra ficasse como ele ambicionava. Recebeu ordem em Julho de 1771 para a execução do modelo em grande. A obra foi terminada no curto espaço de 5 meses, tempo verdadeiramente prodigioso. Em Outubro de 1774 a grandiosa estátua foi fundida. A inauguração do colossal monumento realizou-se em Junho de 1775, aniversário natalício de el-rei D. José I.
Além desta sua obra-prima, há a registar outras de sua autoria, como a “Fé suplantando a heresia”, que se pôde admirar no frontispício do Palácio da Inquisição e que hoje não se sabe onde está; e a estátua de Neptuno do antigo chafariz do Loreto, que se encontra actualmente no Museu Arqueológico do Carmo.
D. Maria I, quando construiu o Convento da Estrela, encarregou-o de todas as esculturas e baixos-relevos. Neste edifício desempenhou as mesmas funções que, em Mafra, tinham cabido ao seu professor e amigo Alexandre Giusti.
Três belas estátuas de sua autoria encontram-se no vestíbulo do Palácio da Ajuda. Uma estátua de D. Maria I, em mármore de Carrara, está à entrada da Biblioteca Nacional de Lisboa. Foi igualmente o autor de vários túmulos e compôs um grande presépio para o Convento da Estrela, outro para D. Maria I, outro para D. Carlota Joaquina, outros para os príncipes e outro ainda que pode ser visto na Sé de Lisboa.
Era um orador erudito. As suas obras literárias, tanto em prosa como em verso, e os seus vastos conhecimentos, levaram-no à honra de ser eleito, em Fevereiro de 1814, sócio correspondente da Academia Real das Ciências. Alguns anos mais tarde, esta Academia ofereceu-lhe a Medalha de Ouro com que costumava premiar os homens de mérito.
El-Rei D. José I tinha-o nomeado escultor da Casa Real e Obras Públicas, cargo que desempenhou igualmente nos reinados de D. Maria I e de D. João VI.
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