EFEMÉRIDE – Francisco Pizarro González, um dos mais famosos conquistadores espanhóis, morreu em Lima no dia 26 de Junho de 1541. Nascera em Trujillo, em 16 de Março de 1476. Ficou na História como o conquistador do Peru e por ter subjugado o Império Inca.
Filho bastardo, foi abandonado nas escadarias da igreja de Trujillo e mais tarde reconhecido pelo pai, capitão dos tercios. Incumbido de trabalhos de pecuária durante a sua juventude, o pai acabou por o mandar para Itália a fim de aprender as artes militares. O primeiro registo oficial que menciona Pizarro é a documentação da expedição de Vasco Núñez de Balboa ao Panamá em 1513, em que Pizarro era ainda um pequeno e obscuro oficial.
Desde aí, começou o engajamento de Pizarro na conquista de territórios situados nas cercanias das primeiras colónias espanholas na América Central.
Em 1524, já com 48 anos, juntou-se a um oficial chamado Diego de Almagro, que com ele partilhava a condição de bastardo. Ambos arquitectaram planos, depois de ouvirem as narrativas de Pascual Andagoya. Este, embora voltasse ferido e sem riquezas, teria obtido a informação de um nativo que, apontando para o sul, lhe dissera que conhecia o «Pirú, reino onde se come e se bebe em vasilhas de ouro».
Pizarro aproximou-se então do padre Hernando de Luque, homem da confiança de um rico comerciante da Colômbia, e por seu intermédio obteve o patrocínio para a planeada conquista do Peru.
Em Novembro de 1524, fizeram-se ao mar com oitenta homens e quatro cavalos. Desta primeira expedição nada surtiu, a não ser o facto de terem baptizado de Baia da Fome o lugar onde desembarcaram e de onde partiram pela costa, sem nada obter a não ser combates com os nativos, num dos quais Almagro perdeu um olho.
Regressando sem riquezas nem glórias, foram necessárias muitas negociações para o financiamento de uma nova expedição, que foi minuciosamente contratada por escrito, prevendo a conquista do Peru ainda desconhecido e a partilha das suas riquezas.
Em Novembro de 1526, Pizarro voltou ao mar em dois barcos com cento e sessenta homens e alguns cavalos e, dessa vez, desembarcou na foz do Rio San Juan na costa da actual Colômbia, onde ficou com a maior parte da sua guarnição, enquanto Almagro voltava ao Panamá com uma das embarcações para ir buscar mais reforços. Um outro barco, sob o comando do piloto Bartolomeu Ruiz, atravessou entretanto o equador, indo cerca de 700 km para sul, onde teve o primeiro contacto com a civilização Inca: uma grande jangada impulsionada por uma vela quadrada, na qual havia homens e mulheres bem vestidos com túnicas de lã e que usavam ornatos feitos do tão ambicionado ouro. Três índios foram aprisionados para servirem posteriormente de intérpretes.
Bartolomeu Ruiz voltou e juntou-se a Pizarro. Pouco tempo depois, regressou Almagro com um reforço de 90 soldados. Entretanto, Pizarro já havia perdido muitos soldados devido à fome e a doenças. Um estado de desânimo e de revolta tinha-se instalado. Traçando com a sua espada uma linha na areia, desafiou todos a passarem para o lado dele, onde poderiam encontrar a luta e a morte mas também a fama e a fortuna. Apenas onze espanhóis e um grego se juntaram a ele. Os outros voltaram para o Panamá.
Pizarro e os seus homens esperaram sete meses numa ilhota ao largo da costa, até que o governador do Panamá lhe enviou um barco com novos recrutas. Navegaram então durante mais de 25 dias, ainda para sul, até ao golfo de Guayaquil, onde um dos índios lhes explicou que se tratava do porto inca mais setentrional. Não houve lutas e foram ali deixados alguns espanhóis, para melhor conhecer a região. Pizarro prosseguiu ainda mais para sul, onde a sua embarcação foi confrontada com um grande número de jangadas repletas de guerreiros incas. Trocando informações com os nativos, Pizarro mostrou as suas armaduras, arcabuzes e vinho enquanto os nativos falavam abertamente da sua civilização, admitindo a existência de ouro, prata e pedras preciosas. Algumas semanas depois, Pizarro voltava ao Panamá com artefactos de metal e tecidos finos indígenas, bem assim como vários jovens índios destinados ao serviço de intérpretes. Eram provas mais que suficientes para fundamentar nova expedição.
Prosseguindo nos seus objectivos, Pizarro voltou a Espanha e, diante da corte de Carlos V, fez a apologia dos esplendores do Peru. Em Julho de 1529, foi assinada a “Capitulación”, documento que autorizava Pizarro a conquistar e explorar as riquezas do Peru e o nomeava governador e capitão-geral.
Em 1530, Pizarro rumou mais uma vez para o sul. Fundou, em Setembro de 1532, o primeiro estabelecimento hispânico na costa do Peru, denominado San Miguel de Piura. Formou então uma força de conquista com sessenta e dois cavaleiros e cento e seis infantes, com a qual entrou continente adentro à conquista do Império Inca. Em Novembro, chegaram a Cajamarca onde, deixando o exército fora da cidade, Pizarro se fez convidar com uma pequena comitiva para um jantar com o imperador Atahualpa, durante o qual foi aniquilada a sua guarda de honra, tendo sido feito prisioneiro o próprio imperador.
No ano seguinte, Pizarro invadiu Cuzco com tropas indígenas e derrubou o Tahuantinsuyu (Império Inca). Julgando que a capital estava ainda muito distante, no planalto, Pizarro fundou a Ciudad de los Reyes, futura Lima, em Janeiro de 1535. Prosseguiu depois uma árdua campanha, pois as forças incas tentaram retomar Cuzco. Sendo derrotadas por Almagro, este julgou-se no direito de guardar o território para si, gerando uma acesa disputa com Pizarro. Este derrotou-o e mandou-o executar em 1538, na cidade de Ute. Em Junho de 1541, partidários de Almagro assassinaram por sua vez Pizarro, pondo fim a uma brilhante carreira de aventuras e pioneirismo.
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