EFEMÉRIDE – Ferit Orhan Pamuk, romancista turco, nasceu em Istambul no dia 7 de Junho de 1952. Foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 2006.
É um dos mais proeminentes escritores da Turquia e os seus livros já foram traduzidos em mais de sessenta línguas. Ganhou diversos prémios nacionais e internacionais. Em 2006, tornou-se a primeira pessoa da Turquia a receber um Prémio Nobel.
Tem por origem uma abastada família burguesa em declínio, uma experiência que ele descreveu em alguns dos seus romances. Estudou no Robert College da Turquia, ingressando depois na Universidade Técnica de Istambul para estudar arquitectura. Abandonou a universidade três anos depois, para se dedicar à literatura. Em 1976, graduou-se no Instituto de Jornalismo da Universidade de Istambul. Escreveu o seu primeiro romance em 1982 (“Cevdet Bey ve Oğulları”), tendo dificuldade em encontrar uma editora para o publicar.
Em Março de 1982, casou-se com Aylin Turegenen, uma historiadora. De 1985 a 1988, enquanto a esposa se licenciava na Universidade Columbia, Pamuk adquiriu o direito de frequentar a instituição como bolseiro e utilizou este tempo para realizar pesquisas e escrever o seu romance “O Livro Negro”. Trabalhou também como professor convidado. Durante a sua estadia, redigiu igualmente grande parte do livro que iria consolidar a sua reputação internacional. “Os Jardins da Memória” foi publicado já após o seu regresso a Istambul, em 1990, e constituiu um ponto de viragem na sua carreira, graças ao sucesso que granjeou entre o público. Em 1992, este romance foi levado ao cinema pelo seu compatriota Ömer Kavur, tendo sido o próprio Pamuk a escrever o guião do filme, intitulado “Gizli Yüz”.
Pamuk voltou para Istambul. Ele e a mulher tiveram uma filha chamada Rüya nascida em 1991 e cujo nome significa “sonho” em turco. Em 2001, ele e Aylin divorciaram-se.
Logo após a publicação do seu terceiro romance, o nome de Pamuk começa a ter fama além fronteiras. “A Cidade Branca” (1985) foi contemplado com o primeiro de muitos prémios literários internacionais. Nesta obra o autor começou a experimentar técnicas pós-modernas, distanciando-se claramente do naturalismo dos seus primeiros trabalhos.
Em 1995, publicou “A Vida Nova” que em breve se tornaria num dos livros mais lidos de sempre na Turquia. A consagração definitiva junto da crítica viria em 1998, com “O Meu Nome É Vermelho”, um romance onde fantasia e realidade andam de mãos dadas e em que o mistério, o amor e a reflexão filosófica se entrelaçam sobre o pano de fundo de uma Istambul do século XVI, onde por vezes irrompe a Istambul dos dias de hoje. Esta obra valeu-lhe o prestigiado International IMPAC Dublin Literary Award de 2003, além de outros dois prémios.
Em 12 de Outubro de 2006, foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura. Na alegação onde a Academia Sueca justificava a atribuição do prémio, é de destacar a seguinte frase: «Em busca da alma melancólica da sua cidade natal, Pamuk encontrou novos símbolos para retratar o choque e o cruzamento de culturas».
Pamuk é também uma figura de proa na defesa dos direitos políticos dos curdos, tendo sido processado em 1995, juntamente com outros escritores, por publicar uma série de ensaios muito críticos em relação ao tratamento dado aos curdos pela Turquia. Em 2005, foi acusado de «insultar e desacreditar a identidade turca» numa entrevista concedida a “Das Magazin”, um suplemento semanal de vários jornais diários suíços. Na entrevista, o escritor afirmava que «ninguém se atreve a falar do genocídio contra o povo arménio levado a cabo pela Turquia durante a Primeira Guerra Mundial e da posterior matança de 30 mil curdos». O caso foi levado à justiça turca e Pamuk teve mesmo de prestar declarações em tribunal. Este caso suscitou grande polémica internacional e o romancista tornou-se ainda mais conhecido em todo o mundo.
Já foram vendidos mais de onze milhões de exemplares dos seus romances, o que faz dele o escritor turco mais lido de todos os tempos.
Entre as distinções que já recebeu, salientam-se ainda: o Prémio do Melhor Livro Estrangeiro do “New York Times” (2004), o Prémio France-Culture (2005), o Prémio da União dos Livreiros Alemães (2005) e o Prémio Médicis (2005). Esteve na origem, juntamente com José Saramago, da realização do Parlamento Europeu dos Escritores em Istambul (2010).
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