EFEMÉRIDE – João Silva Abranches Garcia, montanhista português, nasceu em Lisboa no dia 11 de Junho de 1967.
Tornou-se o décimo alpinista do mundo a ascender às 14 montanhas com mais de 8000 metros existentes no planeta, todas sem recurso a oxigénio artificial e sem carregadores de altitude. Em Abril de 2010, atingiu o cume do Annapurna (8091 metros), a última que lhe faltava. A ascensão que lhe trouxe mais fama foi a escalada do Everest (8848 metros), tendo sido o primeiro português a alcançar o seu cume, em 1999.
João Garcia iniciou a prática de montanhismo quando, em 1983, apenas com 16 anos de idade, se deslocou de bicicleta durante quatro dias à Serra da Estrela e aí, no Clube de Montanhismo da Guarda (CMG), começou a praticar a escalada em rocha. No ano seguinte, iniciou-se na prática de escalada em neve e gelo. Em 1985, acompanhou o CMG numa expedição aos Alpes, tendo subido pela primeira vez ao Monte Branco (4807 m). Nos anos seguintes, ascendeu a vários cumes alpinos.
Simultaneamente, foi atleta de competição no triatlo, desporto que lhe possibilitava adquirir a preparação física necessária para o montanhismo. Em 1990, foi seleccionado para uma comissão de serviço de três anos no Quartel Supremo das Forças Aliadas na Bélgica.
Em 1993, iniciou a sua actividade como “himalaísta”, integrando uma expedição internacional polaca à montanha Cho Oyu (8201 m) no Tibete. A ascensão, coroada de sucesso, foi realizada por uma nova via e sem uso de oxigénio artificial. A partir daí, ascendeu a inúmeros cumes, entre os quais as restantes treze das 14 montanhas com mais de 8000 metros. A ascensão ao cume do Everest (8850 m), em Maio de 1999, realizada pela face norte e, como sempre, sem recurso a oxigénio artificial, levou à morte do seu colega de escalada e grande amigo, o belga Pascal Debrouwer, que caiu numa ravina durante a descida, e valeu a João Garcia o internamento num hospital de Saragoça, em Espanha, onde lhe amputaram alguns dedos das mãos e dos pés, recebendo igualmente um implante no nariz devido às queimaduras provocadas pelo gelo.
Em Maio de 2006, atingiu com o alpinista equatoriano Iván Vallejo o cume do Kanchenjunga. No mesmo ano, liderou uma expedição 100% portuguesa ao Shishapangma (8046 m), que integrou, para além de João Garcia, os alpinistas Bruno Carvalho, Hélder Santos, Rui Rosado e Ana Santos. O jornalista Aurélio Faria acompanhou grande parte da expedição, como tem sido habitual nos últimos anos. O cume foi atingido no dia 31 de Outubro por João Garcia, Bruno Carvalho e Rui Rosado. Durante a descida, Bruno Carvalho faleceu após uma queda.
Em Julho de 2007, completou com sucesso mais uma etapa do projecto “À conquista dos Picos do Mundo”, atingindo o cume do K2 integrado num grupo de várias expedições que uniram esforços para realizar a ascensão. O K2, devido à instabilidade climática e à dureza da própria subida, é possivelmente o maior desafio na carreira de qualquer alpinista, chegando a haver anos em que não se regista qualquer subida com sucesso. Em Maio de 2009, completou os “Big Five”, como são conhecidas – na gíria dos alpinistas – as cinco montanhas mais altas do planeta (Everest, K2, Kanchenjunga, Lhotse e Makalu).
João Garcia é, actualmente, o único português “cameraman” de altitude e de condições extremas, tendo já realizado vários documentários sobre as suas expedições, que têm sido transmitidos pelas televisões portuguesas. É também autor dos livros “A Mais Alta Solidão”, que já vendeu mais de 30 mil exemplares, e “Mais Além – Depois do Everest”.
Em Janeiro de 2009, foi lançado o filme “João Garcia sur la route des 14”, com realização de Johan Perrier, que relata o projecto “À conquista dos Picos do Mundo” e o seu desejo de conquistar as 14 montanhas mais altas do planeta. João Garcia foi “embaixador” da prevenção contra a SIDA de 2006 a 2009. Em 10 de Junho de 2010, recebeu das mãos do Presidente da República, a Comenda da Ordem Honorífica Portuguesa do Mérito.
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