EFEMÉRIDE
– André Bazin, notável e influente crítico e teórico do cinema francês,
morreu em Nogent-sur-Marne no dia 11 de Novembro de 1958, vítima de leucemia.
Nascera em Angers, em 18 de Abril de 1918. Adorava conviver com animais
domésticos, sobretudo gatos. Foi o mentor da Nouvelle Vague francesa,
sendo amigo pessoal de cineastas como Éric Rohmer e François Truffaut, de quem
foi quase um pai adoptivo.
Tendo
vocação para o ensino, ingressou em 1938 na École normale de Saint-Cloud.
Em 1941, chumbou na oral de Professorado. Aproximou-se então de Pierre-Aimé
Touchard, que acabava de fundar a “Maison des lettres” em Paris, e criou
um cineclube.
Após
a Segunda Guerra Mundial, ele foi uma força motriz no estudo e na
crítica do cinema. A Libertação foi um período intenso, durante o qual
se quis levar o povo à cultura e a cultura ao povo. Consciente disto,
consagrou-se à educação popular, participando na fundação de cineclubes, na
organização de estágios e em conferências. Ele pensava que, ao apresentar e
explicar obras de qualidade ao público popular, este se tornaria mais exigente
e menos aliciado por obras puramente comerciais. Para Bazin, a cultura era um
modo de emancipação dos povos. Foi igualmente com aquela finalidade que redigiu
obras sobre Orson Welles, Charlie Chaplin e Jean Renoir, entre outros.
Não
tendo seguido a carreira de professor, ele acabou por se dedicar de certo modo
ao ensino. Fazia palestras, regularmente, para os estudantes do Instituto de
Altos Estudos Cinematográficos de Paris.
Como
trabalho de reflexão, escreveu para “L'écran français”, “Le Parisien
libéré” e “Esprit”, redigindo também algumas monografias. Participou
na criação da revista “Radio-Cinéma-Télévision”, que se chamaria mais
tarde “Télérama”. Foi por esta época que contratou, para o secundar, um
jovem apaixonado pelo cinema, François Truffaut, de quem se tornaria pai
espiritual e protector. Fez parte do grupo que organizou o Festival do Filme
Maldito em Biarritz (1949) e foi um dos fundadores dos Cahiers du Cinéma
em 1951.
Exerceu
grande influência sobre os realizadores da “Nova Vaga”, François
Truffaut, Éric Rohmer, Jean-Luc Godard, Claude Chabrol e Jacques Rivette. Truffaut
dedicou “Os Quatrocentos Golpes” a André Bazin, que faleceu um dia
depois do começo das gravações da película, que se estreou em 1959.
Desaparecendo
aos 40 anos de idade, não chegou a ver emergir a nova geração de cineastas, que
ele marcou profundamente com a sua inteligência e dedicação. Ao contrário da
maioria dos críticos, Bazin tinha por lema criticar e escrever quase
exclusivamente sobre os filmes de que gostava, dissecando-os detalhadamente.
Ser objecto de uma crítica sua era um reconhecimento de qualidade. Uma
colectânea de quatro volumes com textos seus foi publicada postumamente, entre
1958 e 1962, sob o título de “O que é o cinema?”.
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