EFEMÉRIDE
– Jean Alfred Villain-Marais, actor francês, morreu em Cannes, de
doença cardiovascular, em 8 de Novembro de 1998. Nascera em Cherbourg no dia 11 de Dezembro de 1913.
Tornou-se conhecido por protagonizar muitos filmes dirigidos por Jean Cocteau,
seu companheiro e grande amigo. Entre os mais famosos, destacam-se “Beauty
and the Beast” (1946) e “Orphée” (1949). Marais interpretou cerca de
100 personagens em filmes de cinema e televisão. Também foi escritor, pintor e
escultor. Em 1993, recebeu um César de Honra.
Quando
tinha 4 anos, a mãe decidiu partir para Paris com os dois filhos, separando-se
do pai que era veterinário. Ela estava frequentemente ausente e o pequeno Jean
escrevia-lhe cartas, sendo uma tia que inscrevia a morada nos envelopes. Ele só
veio a saber mais tarde que a mãe, cleptómana, estava frequentemente na prisão.
Estudou no Liceu Condorcet. Só
voltou a ver o pai quarenta anos mais tarde e, mesmo assim, sem ter a certeza
que era ele.
Começou
como figurante em 1933, em filmes de Marcel L'Herbier. Em 1937, chumbou no
concurso para ingresso no Conservatório e foi estudar com Charles
Dullin, no Théâtre de l'Atelier. Fazia entretanto de figurante, o que
lhe permitia financiar os estudos.
O
seu encontro com Jacques Cocteau em 1937, quando de uma audição, marcou o
lançamento efectivo da sua carreira. O cineasta e dramaturgo apaixonou-se pelo
actor e deu a Jean Marais um papel em “Œdipe Roi”. Seguiram-se várias
peças de teatro com sucesso e Marais tornou-se um ídolo da sua geração. Durante
a ocupação alemã, ele foi também um símbolo da Resistência. Após a libertação
de Paris, em Agosto de 1944, alistou-se no exército, servindo no batalhão do
general Leclerc.
Depois
da 2ª Guerra Mundial, Cocteau escreveu para ele “A Bela e o Monstro”,
um filme que fez de Jean Marais um actor lendário. Protagonizou depois várias
peças e filmes de Cocteau. No fim dos anos 1940, entrou na Comédie-Française, onde foi comediante,
encenador e decorador.
Contracenou
com as maiores vedetas femininas de então, como Madeleine Robinson, Danielle
Darrieux e Michèle Morgan. Foi dirigido por grandes realizadores – Luchino
Visconti, Jean Renoir e Sacha Guitry, entre outros.
Na
década de 1950, entrou em muitos filmes de “capa e espada”, ganhando grande
popularidade em França.
Ele mesmo fazia as cenas de acção, que normalmente deveriam
ser executadas por duplos. Na década seguinte, interpretou o famoso vilão Fantômas,
numa trilogia iniciada em 1964. Em 1963, foi jurado do Terceiro Festival
Internacional de Cinema de Moscovo.
Depois
dos anos 1970, os trabalhos de Marais no cinema rarearam, tendo optado
mais pelo teatro. Manteve-se activo nos palcos até aos oitenta anos, fazendo
simultaneamente pinturas e esculturas. Em 1985, liderou o júri do 35º
Festival Internacional de Berlim.
Jean
Marais foi casado, durante a Segunda Guerra Mundial, com a actriz Mila
Parély. Divorciaram-se dois anos depois do casamento. Marais era homossexual e
tornou-se amante de Jean Cocteau até à morte do escritor, em 1963. Marais
homenageou Cocteau com o texto “O inconcebível Jean Cocteau”, atribuindo
a autoria a “Cocteau-Marais”. Também foi autor da sua autobiografia, à
qual deu o título de “Histórias da Minha Vida”, livro publicado em 1975.
Escreveu igualmente alguns contos e poemas. Em Montmartre, perto da Basílica do
Sacré Coeur, em Paris, foi dado o seu nome a uma praça, em 2008, no 10º
aniversário da sua morte.
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