EFEMÉRIDE
– José Hipólito Vaz Raposo, advogado, escritor, historiador e
político monárquico, que se notabilizou como um dos mais destacados dirigentes
do Integralismo Lusitano, nasceu em São Vicente da Beira
no dia 13 de Fevereiro de 1885. Morreu em Lisboa, em 26 de Agosto de 1953.
Nascido
numa antiga vila em plena
Serra da Gardunha, em 1902 foi estudar para o Seminário da
Guarda, que abandonou pouco depois para se matricular no Liceu de
Castelo Branco, onde conclui o ensino secundário. Ingressou de seguida no
curso de Direito na Universidade de Coimbra, que concluiu em
1911. Frequentou também aulas de Grego (1907/08), na Faculdade de
Teologia.
Com
interesse pela escrita, ainda era estudante liceal e já colaborava com os
semanários da província. Em Coimbra, escreveu crónicas semanais para o “Diário
de Notícias”. Ainda estudante, publicou os livros “Coimbra Doutora”
(1910) e “Boa Gente” (1911).
Durante
a sua estadia em Coimbra, fez parte do Centro Académico de Democracia Cristã.
Terminado o curso, enveredou pelo ensino, sendo professor no Conservatório
Nacional de Lisboa e no Liceu Passos Manuel, também em Lisboa,
cidade onde se fixou.
Em
1914, foi um dos fundadores do movimento político-cultural auto-intitulado Integralismo
Lusitano, em colaboração com António Sardinha, Luís de Almeida Braga, José
Pequito Rebelo e Alberto Monsaraz, um grupo de monárquicos que incluía alguns
antigos colegas do curso de Direito da Universidade de Coimbra.
No mesmo ano, foi um dos fundadores da revista “Nação Portuguesa”, órgão
do movimento integralista. Também colaborou nas revistas “O Ocidente”,
“Serões”, “Contemporânea”, “Atlântida” e “Revista
municipal” Foi director do periódico “A Monarquia”, à frente do qual
teve um papel relevante no Pronunciamento Monárquico de Monsanto, ocorrido
em 1919. Tendo conseguido escapar à prisão e à consequente e inevitável
condenação, foi no entanto demitido de todos os cargos públicos que ocupava, em
consequência da “Lei do Afasta”, que previa o saneamento de funcionários
públicos «contrários ao regime». Em 1920, foi julgado no Tribunal Militar de
Santa Clara, por “crime de imprensa” e condenado a três meses de prisão no Forte
de São Julião da Barra.
Cumprida
a pena de prisão, partiu para Angola (1922/23), onde exerceu advocacia em Luanda. Nessa época,
era Alto Comissário da República Norton de Matos, com quem conviveu.
De
regresso a Portugal, continuou a exercer a profissão de advogado e afirmou-se
como líder destacado e ideólogo do Integralismo Lusitano, publicando em
1925 o ensaio “Dois nacionalismos”, defendendo a existência de uma
distinta matriz doutrinária no Integralismo Lusitano e no nacionalismo
francês da “Action française”.
Em
1926, foi reintegrado no cargo de professor do Conservatório Nacional de
Lisboa. Durante os governos ditatoriais, destacou-se como um dos principais
ideólogos do Integralismo Lusitano, com particular destaque para a
conferência que intitulou “A Reconquista das Liberdades”, pronunciada em
Lisboa em 1930 e editada depois sob a forma de opúsculo, onde sintetizou o programa
político do Integralismo, desfazendo a miragem do messianismo
salazarista que então emergia.
Coerente
com a sua oposição ao salazarismo, em 1930 recusou colaborar com a União
Nacional, defendendo que essa devia ser a posição dos monárquicos, e
opôs-se à institucionalização do Estado Novo. Em 1940, publicou a obra “Amar
e Servir”, na qual denunciou de forma virulenta a “Salazarquia”, um
duro ataque a Salazar que lhe valeu ser de novo demitido de todos os cargos
públicos que ocupava. Foi imediatamente deportado para os Açores. Aproveitou o
seu exílio involuntário nos Açores para escrever uma das melhores obras de
literatura de viagens sobre o arquipélago, “Descobrindo Ilhas Descobertas”,
originariamente publicada no jornal “A Ilha”, de 1940 a 1941, sendo depois
editada em livro em 1942. Voltou a ser reintegrado na função pública em 1951.
Coerente
com as suas convicções, em 1950 foi um dos subscritores do manifesto “Portugal
restaurado pela Monarquia”, uma tentativa de reactualização doutrinária do
movimento integralista.
Hipólito
Raposo foi sócio do Instituto de Coimbra e da Associação dos
Arqueólogos Portugueses. Morreu aos 68 anos de idade.
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