EFEMÉRIDE
– Moacyr Jaime Scliar, escritor brasileiro, morreu em Porto Alegre no dia
27 de Fevereiro de 2011. Nascera na mesma cidade, em 23 de Março de 1937.
Licenciado em Medicina, trabalhou como médico e como professor
universitário. Da sua vasta obra constam contos, romances, ensaios e literatura
infanto-juvenil. Também ficou conhecido pelas suas crónicas nos principais
jornais brasileiros.
Nasceu
no Bom Fim, bairro de Porto Alegre onde se concentra a comunidade judaica.
Alfabetizado pela mãe, professora primária, ingressou em 1943 na Escola de
Educação e Cultura, transferindo-se – cinco anos depois – para o Colégio Nossa Senhora do Rosário.
Em
1963, após acabar o curso de Medicina na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, iniciou sua vida de médico, visitando doentes nos
respectivos domicílios. Especializou-se depois em saúde pública, como médico
sanitarista, iniciando-se nessa área em 1969. Em 1970, frequentou em Israel um
curso de pós-graduação. Posteriormente, doutorou-se em Ciências, na Escola
Nacional de Saúde Pública. Foi professor na Universidade Federal de
Ciências da Saúde de Porto Alegre.
Scliar
publicou mais de setenta livros. O seu estilo leve e irónico garantiu-lhe um
número elevado de leitores. Em 2003, foi eleito para a Academia Brasileira
de Letras. Antes recebera vários prémios literários, como o Jabuti (1988,
1993 e 2000), o Associação Paulista de Críticos de Arte (1989) e o Casa
de las Américas (1989).
As
suas obras abordam frequentemente a imigração judaica no Brasil, mas também
tratam de temas como o socialismo, a medicina e a vida de classe média, entre
outros. Tem livros traduzidos em doze idiomas.
Em
2002, envolveu-se numa polémica com o escritor canadiano Yann Martel, autor do
famoso romance “A Vida de Pi”, vencedor do Prémio Man Booker,
dizendo que o livro seria plagiado da sua novela “Max e os felinos”.
Moacyr, no entanto, diria mais tarde que a imprensa tinha exagerado no
tratamento do caso e que nunca tivera o intuito de processar aquele
escritor.
Entre
as obras mais importantes, estão os seus contos e os romances “O ciclo das
águas”, “A estranha nação de Rafael Mendes”, “O exército de um
homem só” e “O centauro no jardim”, este último incluído na lista
dos 100 melhores livros de temática judaica dos últimos 200 anos, feita
pelo National Yiddish Book Center nos EUA.
Em
1998, o romance “Um Sonho no Caroço do Abacate” foi adaptado ao cinema,
com o título “Caminho dos Sonhos”. O filme participou nos Festivais
de Gramado, Miami e Trieste, entre outros. A película narra a
história do filho de um casal de imigrantes judeus lituanos, que se estabelece
no bairro do Bom Retiro, em
São Paulo , nos anos 1960. Apaixona-se por Ana, uma
estudante negra. Os jovens encontram no amor a força e a determinação para
enfrentarem a discriminação na escola onde estudam e o preconceito entre as
famílias.
Em
2002, o romance “Sonhos Tropicais” foi também adaptado ao cinema. O
filme relata o combate à febre-amarela no Rio de Janeiro, pelo médico
sanitarista Oswaldo Cruz, e a resistência da população à vacinação obrigatória,
que resultou na chamada Revolta da Vacina. Em paralelo, é narrada a
história de uma jovem judia polaca, que imigra para o Brasil em busca de uma
vida melhor, mas que acaba na prostituição.
Em
2011, Scliar foi internado num hospital para a retirada de pólipos do
intestino. A cirurgia foi bem sucedida, mas o escritor acabou por ter um
acidente vascular cerebral durante o período de recuperação, falecendo cerca de
cinquenta dias depois do seu internamento.
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