EFEMÉRIDE
– Jorge Brum do Canto, cineasta português, morreu em Lisboa no dia 7 de
Fevereiro de 1994. Nascera, também em Lisboa, em 10 de Fevereiro de 1910. Tinha
por origem uma família com raízes açorianas e madeirenses. Fez o curso de liceu
em Lisboa e ingressou na Faculdade de Direito, curso que não concluiu.
Ainda
adolescente, começou a publicar textos sobre cinema. Em 1927, era já crítico de
cinema do jornal “O Século” onde, a partir do ano seguinte, passou a
assinar uma página semanal, “O Século Cinematográfico”, que duraria até
1929. Foi, entretanto, redactor e/ou colaborador de várias revistas de cinema
que então floresceram em Portugal (“Cinéfilo”, “Kino”, “Imagem”,
etc.).
Fascinado
pelo vanguardismo francês, aos 18 anos de idade, realizou o filme “A
Dança dos Paroxismos”, cuja rodagem começou nos últimos dias de 1929. O
filme, produzido pela firma Mello, Castello Branco, Lda., só teve uma
exibição pública em Novembro de 1930, voltando a ser projectado apenas em
Outubro de 1984, na Cinemateca Portuguesa, que possui o negativo e as
únicas cópias existentes.
Dois
anos depois, tentou um novo filme, que ele próprio produziu (“Paisagem”),
mas que nunca completara por razões financeiras. Até 1935, filmou alguns
documentários, só se tornando verdadeiramente profissional quando escreveu os guiões
de “As Pupilas do Senhor Reitor” para Leitão de Barros e de “O Trevo
de Quatro Folhas” para Chianca de Garcia, filme em que foi assistente geral
(1936).
Em
1936/37, no meio de várias vicissitudes de produção, realizou a sua primeira
longa-metragem, “A Canção da Terra”, filme que foi recebido como um grande
acontecimento do cinema português. A carreira de Brum do Canto estava finalmente
lançada e, até aos primeiros anos da década de 1950, rodou mais seis
longas-metragens. De 1953 a
1959, interrompeu os seus trabalhos no cinema e deixou Lisboa, fixando-se na
ilha de Porto Santo, onde possuía grandes propriedades, dedicando-se à
administração agrícola e à pesca desportiva, uma das suas paixões.
Voltaria
ao cinema na década seguinte, com três filmes. Em 1973, o grande público
descobriu-o igualmente como actor, em peças teatrais na Rádio Televisão
Portuguesa, onde fez, com enorme sucesso, “O Grande Negócio” de
Paddy Chayefsky e “12 Homens em Conflito” de Reginald Rose (ambas realizados
por Artur Ramos). Ainda como actor, voltou à RTP em 1975 na série “Angústia
para o Jantar” de Jaime Silva.
As
suas paixões pela pesca e pela culinária deixaram também alguns registos
públicos, nomeadamente como director gráfico e responsável pela secção de pesca
da revista “Diana” e como co-autor (a partir da 23ª edição) de “O
Livro de Pantagruel”.
Acerca
da sua vida, foi feita – em 1982 – a média-metragem “Jorge Brum do Canto”
(RTP, série “Quem é Quem” realizada por João Roque). A Cinemateca
Portuguesa, em 1984, editou um catálogo da sua obra, com organização
literária de José Matos-Cruz.
Sem comentários:
Enviar um comentário