quinta-feira, 18 de julho de 2019

18 DE JULHO - LEILAH ASSUMPÇÃO


EFEMÉRIDE - Leilah Assumpção, de seu verdadeiro nome Maria de Lourdes Torres de Assunção, dramaturga e pedagoga brasileira, nasceu em Botucatu no dia 18 de Julho de 1943. Em 1964, formou-se pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
O principal tema das suas peças é a Mulher e a sua situação na Sociedade. As suas obras exploram a falta de questionamento feminino por parte da própria mulher, além de criticar a composição da sociedade moderna e capitalista, onde o mais importante é o dinheiro e as aparências. Em comemoração aos 40 anos da sua carreira, foi montado o monólogo “Adorável Desgraçada” com a Débora Duarte.
Surgiu entre os dramaturgos que se projectaram em torno de 1969 e evidenciou especial talento para compor figuras femininas densas, empregando esta óptica para flagrar os conflitos sociais e os jogos de poder. Estudou teatro com Eugénio Kusnet, Renata Pallottini e Miroel Silveira nos anos 1960, quando trabalhava como manequim de alta-costura e, esporadicamente, como actriz.
A sua estreia deu-se em 1969, em São Paulo, com a peça “Fala Baixo Senão Eu Grito”, premiada com os Prémios Molière e da APCT (Associação Paulista de Críticos Teatrais). A actriz Marília Pêra brilhou no papel de uma solteirona perpassada por recalques e frustrações que empreende uma viagem existencial, guiada por um homem que invadiu o seu quarto. A peça teve, desde então, dezenas de montagens no Brasil e no estrangeiro. A sua segunda criação, “Jorginho, o Machão”, em 1970, mostrou um protagonista masculino. Não possui os méritos da obra anterior, mas confirma qualidades, destacando, através de monólogos interiores, a fuga para a evasão onírica.
A montagem carioca de “Amanhã, Amélia, de Manhã”, em 1973, prejudicada por cortes e produção deficiente, não foi bem-sucedida. Reestruturada e com uma inteligente encenação de António Abujamra, foi rebaptizada como “Roda Cor de Roda” na montagem paulista de 1975, aprofundando a análise sobre a mulher. Disseca o mito de um eterno feminino que valoriza a mulher bem-comportada, servil, meiga, modesta e dedicada dona de casa, mostrando, de modo provocativamente grotesco, os seus caminhos de libertação. Também este texto conheceu numerosas montagens brasileiras e algumas no exterior.
A “Kuka de Kamaiorá”, premiada no concurso de dramaturgia do Serviço Nacional de Teatro, em 1975, é a sua obra menos realista: uma fábula em que a protagonista engravida, contrariando as normas do regime ditatorial, e cujo feto resiste a todas as tentativas de aborto executadas pelas forças repressivas.
Em 1984, com “Boca Molhada de Paixão Calada”, seguiu o exemplo da ‘dramaturgia de casais’, caminho seguido por vários autores da época. Trata de um casal que se reencontra após a separação, relembrando a trajectória iniciada nos tempos da repressão e da revolução de costumes. Problemas de casais, analisados com cáustico humor, surgem igualmente em “Lua Nua”, em 1987.
E novamente as mulheres, os seus conflitos e as suas angústias, estão em “Adorável Desgraçada”, de 1994, pela qual obteve o Prémio de Melhor Autor da APCA.
Leilah escreveu ainda: “Sobrevividos”, para integrar a proibida Feira Brasileira de Opinião, de 1976; “Use Pó de Arroz Bijou”, 1968, sobre as suas experiências como manequim; “Seda Pura e Alfinetadas”, em 1981, escrita sob encomenda para o costureiro Clodovil Hernandez; e alguns textos inéditos, entre os quais “Um Dia de Sol a Pino” e “Noite de Lua Cheia”.
Durante alguns anos, dedica-se à teledramaturgia, sendo autora das novelas “Venha Ver o Sol na Estrada”, em 1974; “Um Sonho a Mais”, 1984; e da mini-série “Avenida Paulista”, 1985. Esteve no Festival Internacional de Dramaturgas, em Buffalo, nos Estados Unidos, em 1988, representando o Brasil.
Avaliando o conjunto da produção de Leilah Assumpção, o crítico Yan Michalski escreveu: «Ela é uma das personalidades mais fortes da geração de autores que veio à tona no fim dos anos 1960 e também uma das mais censuradas, nos anos do regime autoritário. Leilah tem preservado, na sua trajectória, uma apreciável coerência, criando alguns dos mais fortes personagens femininos da dramaturgia brasileira dessas duas décadas; personagens que defendem altivamente os seus direitos e a sua condição de mulheres, através de uma linguagem, na qual a veemência, o colorido coloquial e o humor se fundem para criar uma poética muito pessoal».

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