segunda-feira, 8 de julho de 2019

8 DE JULHO - GHASSAN KANAFANI


EFEMÉRIDE - Ghassan Fayiz Kanafani, escritor e activista político palestiniano, morreu em Beirute no dia 8 de Julho de 1972. Nascera em Acre, na Palestina, em 8 de Abril de 1936. Escreveu romances, peças de teatro, contos e ensaios políticos. Em 1972, foi assassinado pelo serviço secreto israelitas.
Ghassan Kanafani era o terceiro filho de Muhammad Fayiz Abd al Razzag, um advogado que militava no movimento nacional e se opunha à ocupação britânica.  Kanafani recebeu a sua educação inicial numa escola missionária católica francesa, em Jaffa. Ainda jovem, mudou-se com a família para Haifa. Em 1948, exilaram-se ao sul do Líbano e, mais tarde, instalaram-se permanentemente em Damasco, na Síria.
Em Damasco, completou o ensino secundário e estudou Literatura na Universidade de Damasco. Em 1952, obteve o título de professor da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina. Foi professor de Arte para cerca de 1 200 crianças palestinianas deslocadas num campo de refugiados, onde começou a escrever histórias curtas para ajudar os alunos a entender a sua situação.
No mesmo ano, ingressou no Departamento de Filologia Árabe da Universidade de Damasco, onde, sob a supervisão do Dr. George Habash, escreveu a sua tese “Raça e religião na literatura sionista”, base para o estudo de 1967 “Literatura sionista”. Sob a influência de Habash, iniciou as suas actividades políticas, envolvendo-se no Movimento Nacionalista Árabe (MNA). Em 1955, como consequência das suas actividades políticas, foi expulso da universidade e estabeleceu-se no Kuwait, onde trabalhou como professor até 1960.
Durante a permanência no Kuwait, consolidou o seu compromisso político, ao tornar-se editor do jornal jordaniano “Al Ra’i” (“A Opinião”), afiliado ao MNA. Em 1960, Habash convenceu-o a mudar-se para Beirute e juntar-se à equipa do jornal “al-Hurriyya” (“Liberdade”). Foi nesse período que Kanafani começou a interessar-se pelo marxismo.
Em 1961, conheceu Anni Høver, uma dinamarquesa, educadora e activista dos direitos das crianças, com quem viria a ter dois filhos.
Assumiu o cargo de editor do jornal pro-Nasser “al-Muarrir” (“O Libertador”) e da revista de domingo “Filistīn” (“Palestina”) em 1963. No mesmo ano, escreveu a sua primeira e mais aclamada novela “Riŷāl fī-š-šams(“Homens ao Sol”).
Em 1967, tornou-se editor do jornal “Al Anwar” (“A iluminação”), também pro-Nasser, escrevendo ensaios sob o pseudónimo ‘Faris Faris’. No mesmo ano, juntou-se à Frente Popular para a Libertação da Palestina, uma clivagem marxista-leninista do MNA, e em 1969, renunciou ao “Al-Anwar” para editar a revista semanal da Frente Popular, “al-Hadaf” (“O alvo”), marcando o seu afastamento do nacionalismo pan-árabe para a luta palestina revolucionária.
Em 8 de Julho de 1972, Kanafani - então com 36 anos - foi assassinado em Beirute. Ao ligar o seu Austin 1100, detonou uma granada e em seguida uma bomba de plástico de 3 quilos colocada na barra do pára-choques do seu carro.
Kanafani foi incinerado, juntamente com a sua sobrinha de dezassete anos, Lamees Najim, que viajava com ele. O Mossad, serviço secreto israelita, reivindicou a responsabilidade pelo atentado, alegando que era uma resposta ao massacre do aeroporto de Lod. Na época, Kanafani era o porta-voz da Frente Popular para a Libertação da Palestina e o grupo reivindicara a responsabilidade naquele ataque.
O jornal “The Daily Star”, do Líbano, escreveu então: «Ele era um comando que nunca disparou uma arma; a sua arma era uma caneta esferográfica e a sua arena situava-se nas páginas dos jornais».
Na ocasião da sua morte, vários romances incompletos foram encontrados, um datado de 1966. Em 1975, foi o vencedor póstumo do Prémio Lótus para Literatura da Conferência dos Escritores Afro-Asiáticos. A sua memória foi celebrada por meio da criação da Fundação Cultural Ghassan Kanafani que, desde o seu início, estabeleceu oito jardins de infância para os filhos de refugiados palestinianos.

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