segunda-feira, 21 de outubro de 2019

21 DE OUTUBRO - O CERCO DE LISBOA (1147)



EFEMÉRIDE - O Cerco de Lisboa durou até 21 de Outubro de 1147. Tivera início em 1 de Julho do mesmo ano. Integrou a Reconquista cristã da Península Ibérica, culminando na conquista de Lisboa aos mouros, pelas forças de D. Afonso Henriques, com o auxílio dos Cruzados que se dirigiam para o Médio Oriente, mais propriamente para a Terra Santa. Foi o único sucesso da Segunda Cruzada
Após a queda de Edessa, em 1144, o Papa Eugénio III convocou uma nova cruzada para 1145 e 1146. O Papa ainda autorizou uma cruzada para a Península Ibérica, embora esta fosse uma guerra desgastante de já vários séculos, desde a derrota dos Mouros em Covadonga, em 718. Nos primeiros meses da Primeira Cruzada, em 1095, já o Papa Urbano II teria pedido aos cruzados ibéricos (futuros portugueses, castelhanos, leoneses, aragoneses, etc.) que permanecessem na sua terra, já que a sua própria guerra era considerada tão valente como a dos Cruzados em direcção a Jerusalém. Eugénio III reiterou a decisão, autorizando Marselha, Pisa, Génova e outras grandes cidades mediterrânicas a participar na guerra da Reconquista. 
Em 19 de Maio, zarparam os primeiros contingentes de Cruzados de Dartmouth, Inglaterra, constituídos por flamengos, normandos, ingleses, escoceses e alguns cruzados germanos. Segundo Odo de Deuil, perfaziam no total 164 navios - valor este provavelmente aumentado progressivamente até à chegada a Portugal. Durante esta parte da cruzada, não foram comandados por nenhum príncipe ou rei - a Inglaterra estava em pleno período d’A Anarquia. Assim, a frota era dirigida por Arnold III de Aerschot, Christian de Ghistelles, Henry Glanville, Simon de Dover, Andrew de Londre e Saher de Archelle. 
A armada chegou à cidade do Porto em 16 de Junho, sendo convencidos pelo bispo do Porto, Pedro II Pitões, a tomarem parte naquela operação militar. Após a conquista de Santarém (1147), sabendo da disponibilidade dos Cruzados em ajudar, as forças de D. Afonso Henriques, prosseguiram para Sul, sobre Lisboa. 
As forças portuguesas avançaram por terra, as dos cruzados pelo mar, penetrando na foz do rio Tejo. Ainda em Junho desse ano, ambas as forças estavam reunidas, tendo lugar as primeiras escaramuças nos arrabaldes a Oeste da colina sobre a qual se erguia a cidade de então, hoje a chamada Baixa. Após violentos combates, tanto esse arrabalde, como o de Leste, foram dominados pelos cristãos, impondo-se dessa forma o cerco à opulenta cidade mercantil. 
Bem defendidos, os muros da cidade mostraram-se inexpugnáveis. As semanas eram passadas com surtidas dos sitiados, enquanto as máquinas de guerra dos sitiantes lançavam toda a espécie de projécteis sobre os defensores. O número de mortos e feridos aumentavam de parte a parte. 
No início de Outubro, os trabalhos de sapa sob o alicerce da muralha tiveram sucesso e fizeram cair um troço dela, abrindo uma brecha por onde os sitiantes se lançaram, apesar da defesa denodada dos sitiados. Por essa altura, uma torre de madeira construída pelos sitiantes, foi aproximada da muralha, permitindo o acesso ao adarve. Diante da situação, na iminência de um assalto cristão em duas frentes, os muçulmanos, enfraquecidos pelas escaramuças, pela fome e pelas doenças, capitularam a 20 de Outubro. 
Entretanto, só no dia seguinte, o soberano e as suas forças entrariam na cidade, que foi saqueada pelos cruzados. 
Decorrente deste cerco, surgiram os episódios lendários de Martim Moniz, que teria perecido pela vitória dos cristãos, e da ainda mais lendária batalha de Sacavém. 
Alguns dos cruzados estabeleceram-se na cidade, de entre os quais se destaca Gilbert de Hastings, eleito bispo de Lisboa. 
Após a rendição, uma epidemia de peste assolou a região, fazendo milhares de vítimas entre a população.
Lisboa tornar-se-ia a capital de Portugal em 1255. 

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