terça-feira, 8 de novembro de 2011




EFEMÉRIDEVictorien Sardou, dramaturgo francês, morreu em Paris no dia 8 de Novembro de 1908. Nascera, também na capital francesa, em 5 de Setembro de 1831. É autor das peças de teatro em que se basearam os libretos das óperas “Tosca” e “Fedora”.


Era originário de uma família modesta, que possuía um olival próximo de Cannes. Depois de um Inverno rigoroso, em que a geada causou grandes danos nas oliveiras, a família ficou arruinada. O pai de Victorien resolveu então instalar-se em Paris, onde foi sucessivamente contabilista, professor de Contabilidade, director de uma escola privada e preceptor. Para complementar os seus rendimentos, publicava manuais de gramática, dicionários e tratados sobre diversos assuntos. Como o rendimento familiar era mesmo assim insuficiente, Victorien viu-se obrigado a granjear a sua própria subsistência, abandonando o curso de Medicina que tinha começado. Passou a ensinar Francês a alunos estrangeiros e a dar explicações de Latim, História e Matemática. Também escrevia artigos para enciclopédias populares.


Enquanto isso, esforçava-se por vencer no campo da literatura. A sua estreia teatral foi porém particularmente difícil. A primeira peça a ser levada à cena, “La Taverne des étudiants”, foi representada no Odéon em Abril de 1854, mas recebeu um acolhimento tempestuoso, pois tinha corrido o boato que o autor havia sido contratado pelo governo para provocar os estudantes. A peça foi suspensa, depois de ter sido representada apenas cinco vezes.


Teve também várias peças não representadas por diversos motivos: mudança de gerência num teatro, morte do director de outro, desagrado por uma cena de amor considerada “revoltante”, etc., etc.


Sardou encontrava-se na miséria quando, para piorar as coisas, sofreu um ataque de febre tifóide que o deixou à beira da morte. Metido no seu miserável quarto e rodeado dos manuscritos rejeitados, já desesperava de se salvar, quando foi socorrido por uma mulher que vivia no mesmo prédio. Por mero acaso, esta alma caridosa tinha muitas amizades nos meios teatrais. Quando ele se restabeleceu, apresentou-o à célebre actriz Virginie Déjazet. Em consequência desse encontro, a actriz deixou-se encantar pelo jovem autor e tomou nas suas mãos o lançamento da sua carreira. Expressamente para ele e para as suas peças, Virginie adquiriu um teatro em 1859.


Victorien Sardou rapidamente ombreou com os dois mestres do teatro de então, Émile Augier e Alexandre Dumas filho. Na sua obra, Sardou aplicou os princípios construtivos de Eugene Scribe, combinando os três géneros clássicos (a comédia de carácter, a comédia de situação e a comédia de intriga) com o drama burguês. Neste processo, demonstrou grande habilidade, produzindo peças sólidas e dramaticamente bem construídas, voltando-se muitas vezes para a sátira social. Nas suas peças ridicularizava a burguesia egoísta e vulgar, os velhos solteirões, os tartufos modernos, os velhos costumes, os princípios políticos reaccionários e as leis sobre o divórcio.


Fedora” (1882) foi uma peça escrita especificamente para Sarah Bernhardt, tal como aconteceria com muitas das peças posteriores. Os direitos da obra foram depois vendidos a Umberto Giordano, que a transformou na ópera com o mesmo nome.


Victorien foi alterando o seu estilo, renovando-se através da introdução nas suas peças de elementos de carácter histórico, geralmente de forma superficial.


Foi Presidente da Câmara de Marly-le-Roi, localidade onde habitava. Tinha uma biblioteca com 18 000 volumes. Pela qualidade da sua obra, foi eleito para a Academia Francesa em 1877.


No fim dos anos 1850, apaixonou-se pelo fenómeno das mesas de pé de galo, iniciado nos Estados Unidos pelas irmãs Fox. Fez participar a imperatriz Eugénia em experiências de manifestações espíritas e, antes de Allan Kardec definir o espiritismo, já ele popularizava a ideia das manifestações do Além.


Nos anos 1860 produziu uma obra singular e insólita, como médium desenhador. As suas pinturas, segundo Sardou, eram-lhe inspiradas por Mozart e Bernard Palissy. Em 1900 presidiu o Congresso de Espiritismo, que se realizava anualmente.

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