EFEMÉRIDE – Fernanda Montenegro, de seu verdadeiro nome Arlette Pinheiro Esteves (da Silva) Torres, actriz brasileira, nasceu no Rio de Janeiro em 16 de Outubro de 1929. Considerada, tanto pelo público como pela crítica brasileira, como uma das maiores damas do teatro, televisão e cinema de todos os tempos, é a única actriz brasileira que foi nomeada para o Oscar de Melhor Actriz, pelo sua interpretação em “Central do Brasil” em 1998.
Iniciou a sua carreira em 1950, com a peça “Alegres Canções nas Montanhas”, ao lado daquele que seria seu marido por toda a vida – Fernando Torres. A sua estreia no cinema ocorreu em 1964, na tragédia “A Falecida”.
Além de ter sido cinco vezes galardoada com o Prémio Molière, três vezes com o Prémio Governador do Estado de São Paulo e de inúmeros outros prémios em teatro e cinema, ganhou ainda o Urso de Prata de Melhor Actriz no Festival de Berlim, com “Central do Brasil”. Recebeu também vários prémios da crítica americana, entre eles o Los Angeles Film Critics Award e o National Board of Review Award. Participou em centenas de peças de teatro na TV Tupi, telenovelas na TV Excelsior, TV Rio e Rede Record e dezenas de produções na Rede Globo.
Filha de uma dona de casa e de um operário, Fernanda cresceu num ambiente modesto, frequentando colégios públicos. Com doze anos de idade, concluiu a instrução primária e dedicou-se à formação profissional, matriculando-se no curso de secretariado Berlitz, que compreendia inglês, francês, português, estenografia e dactilografia.
Aos quinze anos, porém, ainda no terceiro ano daquele curso, inscreveu-se num concurso para locutora da Rádio MEC, facto que foi decisivo para a sua carreira. A Rádio MEC fica ao lado da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ, na qual funcionava um grupo de teatro amador dos alunos da Faculdade. Ligada a alunos da Faculdade e a colegas da Rádio, Fernanda passou a integrar aquele grupo de teatro, ao participar na peça “Nuestra Natascha”. Posteriormente, foi levada por um professor para participar em actividades no Teatro Ginástico. O seu primeiro papel foi em “Sinhá Moça Chorou”.
Permaneceu na Rádio durante dez anos, inicialmente como locutora e depois como actriz. Foi lá que adoptou o nome artístico “Fernanda Montenegro”. Paralelamente, passou a leccionar português para estrangeiros no Berlitz, curso que havia frequentado durante quatro anos. Era a forma de obter algum dinheiro, já que o trabalho na Rádio nem sempre era remunerado.
Na TV Tupi do Rio de Janeiro, entre 1951 e 1953, participou em cerca de 80 peças e alguns programas policiais.
No teatro, ganhou o Prémio de Actriz Revelação da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, em 1952, pelo seu trabalho nas peças “Está lá fora um inspector” e “Loucuras do Imperador”. Ainda na década de 1950, fez parte da Companhia Maria Della Costa e do Teatro Brasileiro de Comédia.
Entre 1953 e 1955, participou em diversas peças na TV Tupi de São Paulo. De volta à Tupi carioca, actuou em mais de 160 peças apresentadas de 1956 a 1965.
Em 1959, formou a sua própria companhia teatral, a Companhia dos Sete, juntamente com outros actores.
Em 1963, contratada pela TV Rio, actuou nas telenovelas “Pouco Amor Não É Amor” e “Morta Sem Espelho”. Em 1964, fez mais duas telenovelas. Em 1965, na recém-criada TV Globo, Fernanda Montenegro participou no programa “4 no Teatro”, que apresentou várias peças teatrais.
Em 1967, estreou-se na TV Excelsior com “Redenção”. Foi um grande sucesso, atingindo 596 capítulos e tornando-se um marco na história das telenovelas brasileiras.
Deixou a falida TV Excelsior em 1970 e manteve-se afastada da televisão durante nove anos, intervalo quebrado apenas pela realização de dois trabalhos: a peça “A Cotovia” para a TV Tupi, em 1971, e “Caso Especial” na TV Globo, em 1973. Esta última era uma adaptação da tragédia “Medeia” de Eurípedes. Ainda na década de 1970, integrou o elenco da telenovela “Cara a Cara” (1979) na TV Bandeirantes.
Estreou-se em telenovelas da TV Globo em 1981, com “Baila comigo”. Em 1983, protagonizou cenas hilariantes ao lado de Paulo Autran, na “Guerra dos Sexos”. A censura, que imperava então, impôs mudanças em personagens, diálogos e cenas, mas a telenovela foi um sucesso mesmo assim, recebendo vários prémios da Associação Paulista de Críticos de Arte, entre eles o de Melhor Actriz para Fernanda Montenegro.
Em 1986, participou em “Cambalacho”, outra comédia de sucesso. Quatro anos depois, teve uma participação especial, no papel de Salomé, em “Rainha da Sucata”. Ainda em 1990, protagonizou a personagem Vó Manuela na mini-série “Riacho Doce”. Em 1993, teve uma actuação marcante como Jacutinga, a dona de um bordel no interior da Baía, na primeira fase da telenovela “Renascer”. No ano seguinte, integrou o elenco de “Incidente em Antares”, mini-série que era uma adaptação do livro homónimo de Érico Veríssimo.
Em 1999, fez o papel de Nossa Senhora na mini-série “O Auto da Compadecida”. Participou na primeira fase de “Esperança” (2002) e, em 2005, na premiada mini-série “Hoje É Dia de Maria”. Em 2006, brilhou na telenovela “Belíssima”. Um dos seus mais recentes trabalhos na TV Globo foi a mini-série “Queridos amigos”.
Em 1985, o presidente do Brasil José Sarney convidou-a para ocupar o Ministério da Cultura, mas recusou. Em 1999, foi condecorada com a maior comenda que um brasileiro pode receber do presidente da República, a Ordem Nacional do Mérito – Grã-Cruz, como «reconhecimento pelo destacado trabalho nas artes cénicas brasileiras». Na época, uma exposição realizada no Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, comemorou as bodas de oiro da sua carreira. Em 2004, aos 75 anos, recebeu o Prémio de Melhor Actriz no Festival de Tribeca, em Nova Iorque.
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