EFEMÉRIDE
– André da Silva Gomes, compositor de música erudita luso-brasileiro, nasceu
em Lisboa no dia 15 de Dezembro de 1752. Morreu em São Paulo , em 16 de Junho
de 1844.
Pouco
se sabe sobre a sua formação musical e cultural. Acredita-se que possa ter tido
aulas ou, no mínimo, ter recebido influência de David Perez (1711/78),
compositor napolitano de ascendência espanhola, Mestre da Real Capela
Palatina de Palermo, que veio viver alguns anos em Portugal, como Mestre
da Capela Imperial de Lisboa. Perez desenvolveu actividades pedagógicas de
relevo em Portugal. A
sua importância como professor de música é atestada pelo destaque que vieram a
ter alguns dos seus discípulos. Influente compositor, David Perez dirigiu toda
a vida musical da corte de D. José I até ao fim da sua vida, influenciando
todos os compositores portugueses do seu tempo.
Não
se sabe se André da Silva Gomes já se havia mudado para o Brasil ou se foi expressamente
para lá, a fim de assumir – em 1774 – o cargo de Mestre de Capela da Igreja
da Sé de São Paulo. Ele era tido como um homem dinâmico e um fértil
criador, tendo reorganizado o Coro e começado a compor peças para os actos
religiosos da época.
São
Paulo, mesmo depois de elevada a cidade em 1711, era ainda muito pobre na
segunda metade do século XVIII. Mesmo assim, era facto conhecido que Silva
Gomes não se deixava abater pela falta de recursos, tendo fundado uma escola
gratuita de música e organizado uma orquestra que contava com a participação de
um bom organista – Inácio Xavier de Carvalho.
Não
teve filhos do seu casamento, em 1775, com a viúva Maria Garcia de Jesus, mas
criou uma enteada e adoptou dezasseis crianças, dando-lhes o apelido de família
e ensinando-lhes não só as primeiras letras mas, evidentemente, também música.
Em
1789, André da Silva Gomes, tendo ingressado na carreira militar, dirigiu a
corporação musical e alcançou a patente de tenente-coronel. Em 1797, foi
contratado para o magistério, leccionando Gramática Latina. Com a
chegada de D. Pedro a São Paulo em 1822, regeu – na catedral – o Te Deum
de sua autoria, em homenagem ao futuro imperador. No dia 7 de Setembro foi
proclamada a Independência. Na Casa da Ópera, seria André da Silva Gomes
a encarregar-se das solenidades. Aposentou-se em 1828.
Da
sua obra, chegaram até aos nossos dias cerca de 130 partituras, de acordo com
informação do musicólogo Régis Duprat, que afirmou: «Os músicos da época
colonial exerciam a profissão de forma mais avançada do que poderíamos
imaginar. O “Tratado de Contraponto”, de André da Silva Gomes, revela regras do
bem-compor que um bom músico europeu poderia seguir». Os documentos mais
antigos das suas composições datam de 1774. Delas fazem parte antífonas,
cânticos religiosos, hinos, ladainhas, missas, nocturnos, ofertórios, ofícios
fúnebres, ofícios da Semana Santa, salmos etc..
A “Missa
a Cinco Vozes”, datada do último quartel do século XVIII, pertence ao
período de plena maturidade do autor. Dividida em onze segmentos, entre eles
duas fugas, a peça situa-se num estilo intermédio entre o Barroco e o Classicismo.
Segundo
especialistas, a obra-prima deste compositor luso-brasileiro é a “Missa em C”
(“Missa em Dó”), que foi recentemente gravada em CD. O álbum apresenta 16
faixas com algumas das suas principais composições, além da própria missa. As
músicas têm interpretação do Brasilessentia Grupo Vocal.
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