EFEMÉRIDE
– Afanasi Afanasievich Fet, poeta russo, morreu em Moscovo no dia 3
de Dezembro de 1892. Nascera em Novosselki,
em 5 de Dezembro de 1820. Autor de uma colectânea de poesia em cinco
volumes, precursora do simbolismo russo, traduziu também obras de
Virgílio, Horácio, Goethe e Schopenhauer.
Era
filho de uma alemã chamada Charlotta, casada com Johann Foeth e que contraiu
novo matrimónio com um russo rico de apelido Chenchine, dois anos depois do seu
nascimento. Nunca ficou provado se Afanasi era filho de Foeth ou de Chenchine,
mas o Consistório Santo Oryol optou por lhe dar o apelido alemão, embora
com grafia modificada. O facto seria muito traumático para ele, uma vez que se
identificava totalmente com Chenchine e não com Foeth. Formou-se na Universidade
de Moscovo e serviu no exército até 1856.
Em
1850, uma jovem chamada Maria Lazich, que tinha um caso com Afanasi mas que não
podia casar-se com ele por motivos financeiros, morreu vítima de queimaduras
acidentais. Este evento e a imagem de Maria seriam frequentemente evocados por
Fet, mesmo nos seus poemas mais tardios. O estigma da possível ilegitimidade
parental ensombrou igualmente a sua vida e, após anos de litígio, obteve – em
1876 – o direito de usar o apelido Chenchine.
Enquanto
esteve no exército, tornou-se amigo de outro oficial, Leon Tolstoi, a quem
sempre admirou. Note-se que, entre os amigos de Tolstoi, ele era o único ligado
às letras.
Quando
Afanasi começou a publicar a sua poesia em 1842, era tímido demais para confiar
no seu próprio gosto artístico. Por isso, apresentou os seus poemas a Ivan
Turgenev, poeta que ele muito respeitava. Esta tradição continuaria por vários
anos até que Fet percebeu que Turgenev expurgava dos seus escritos os elementos
mais pessoais e originais da sua visão artística.
Afanasi
nunca foi um poeta muito popular em vida, mas teve uma profunda influência
sobre os simbolistas russos, especialmente Innokenty Annensky e
Alexander Blok. Por esta razão, ele está a justo título na galeria dos grandes
escritores da Rússia do século XIX.
Na
sua velhice, quando o sofrimento de que padecia se tornou insuportável, Afanasi
pensou muitas vezes em suicidar-se, mas foi sempre dissuadido de o fazer pelos
familiares. Acabaria, no entanto, por morrer de ataque cardíaco, na sequência de
uma tentativa para pôr termo à vida.
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