terça-feira, 1 de dezembro de 2015

1 DE DEZEMBRO - ALBERTO SAMPAIO

EFEMÉRIDEAlberto da Cunha Sampaio, historiador português, morreu em Vila Nova de Famalicão no dia 1 de Dezembro de 1908. Nascera em Guimarães, em 15 de Novembro de 1841. Bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, é especialmente conhecido pelos seus trabalhos no domínio da história económica Entre as suas principais obras, contam-se as consagradas às póvoas marítimas medievais e às vilas do Norte de Portugal. Integrou-se no movimento designado por Portugália.
Passou a infância entre Guimarães e Famalicão, onde a família possuía a Quinta de Boamense. Aprendeu as primeiras letras em Landim e completou os estudos em Braga, o que lhe permitiu partir para Coimbra aos 15 anos de idade. Em 1863, licenciou-se em Direito. Enquanto esteve em Coimbra, participou activamente na vida académica, colaborando em jornais e convivendo com alguns dos jovens mais notáveis da sua geração, como Antero de Quental com quem fez uma viagem aos Estados Unidos. Envolveu-se activamente num movimento que deixou marcas profundas no imaginário académico coimbrão, a Sociedade do Raio, que se bateu pela renovação da Universidade.
De Coimbra, mudou-se para Lisboa, onde ensaiou o exercício da advocacia, mas por pouco tempo. Não tardou muito para estar de volta à sua terra natal onde, apesar da sua personalidade avessa à exposição pública, manteve uma intervenção cívica constante.
Em 1869, integrou a filial de Guimarães da Associação Arqueológica de Lisboa. Em 1873, fez parte do núcleo dos fundadores da Companhia dos Banhos de Vizela, subscrevendo – no ano seguinte – o contrato para o aproveitamento das nascentes das águas medicinais de Vizela e para a construção de um estabelecimento de banhos. Entre 1874 e 1876, esteve ligado ao Banco de Guimarães, onde exerceu funções de guarda-livros. Em Março de 1881, integrou a comissão incumbida pelas Câmara de Guimarães de avaliar as vantagens da introdução no concelho de vides americanas resistentes à filoxera, como forma de prevenção daquela praga das vinhas. A agricultura e a vitivinicultura em particular incluíam-se entre as suas paixões, sendo famosos os vinhos que produzia na Quinta de Boamense. Em 1883, integrou o grupo de três vimaranenses a quem a Câmara encarregou de seleccionar os produtos que seriam levados à Exposição Agrícola de Lisboa, que se realizou em Maio desse ano.
Por essa época, já tinha ajudado a fundar a Sociedade Martins Sarmento, à qual o seu nome ficaria ligado para sempre. Foi proclamado sócio honorário desta Instituição em 1891.
Alberto Sampaio foi o grande impulsionador da grande Exposição Industrial de Guimarães de 1884, promovida pela Sociedade Martins Sarmento. Enquanto decorria aquele certame, teve a sua primeira experiência de participação política activa, ao apresentar-se como candidato a deputado pelo círculo de Guimarães. Receberia pouco mais de 3% dos votos, naquela que foi a primeira eleição de João Franco como deputado por aquele círculo. Não repetiu a experiência, apesar de – em 1887 – ter colaborado com Oliveira Martins no Projecto de Lei de Fomento Rural. O único cargo público que desempenhou ao longo da sua vida foi o de procurador à Junta Geral do Distrito de Braga, em representação de Guimarães. «Céptico, excêntrico, cada vez mais separado do mundo, nada tenho que fazer em Lisboa, como representante de quaisquer eleitores» escreveu ele numa carta a um amigo em 1892. Os amigos descreviam-no «como alguém que quase pedia desculpa do seu saber e do seu valor às pessoas com quem convivia».
Entretanto, afirmou-se progressivamente como pioneiro da história económica e social, dando início aos estudos de história agrária em Portugal, com a publicação na “Revista de Guimarães”, em 1885, do primeiro artigo “A propriedade e a cultura do Minho”, a que daria continuidade com a sua obra mais conhecida, “As vilas do Norte de Portugal”. Com os textos sobre o “Norte marítimo” e “As póvoas marítimas”, Alberto Sampaio deu também um forte impulso inicial aos estudos sobre a problemática do desenvolvimento marítimo.
No princípio de 1900, mudou-se definitivamente para Boamense, onde se dedicou à agricultura e, de modo cada vez mais intermitente, aos estudos históricos.
Após a sua morte, Alberto Sampaio não caiu no esquecimento. Um dos primeiros actos da República foi atribuir o seu nome a uma das avenidas mais emblemáticas d e Guimarães. Em 1928, foi criado o Museu de Alberto Sampaio. Em 1956, inaugurou-se o monumento a Alberto Sampaio, no largo dos Laranjais, em Guimarães. Em 1972, foi criada a Escola Comercial Alberto Sampaio (hoje Escola Secundária Alberto Sampaio), em Braga.

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